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Morre Vasco Alves, ex-prefeito de Vila Velha e Cariacica

Morre Vasco Alves, ex-prefeito de Vila Velha e Cariacica

De acordo com filho mais novo do ex-prefeito, a morte foi em decorrência de um câncer no estômago, contra o qual Vasco vinha lutando desde agosto de 2019

Publicado em 25 de abril de 2020 às 10:12

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O ex-prefeito Vasco Alves
O ex-prefeito Vasco Alves. (Arquivo/A Gazeta)
Morre Vasco Alves, ex-prefeito de Vila Velha e Cariacica

Morreu aos 78 anos Vasco Alves, ex-prefeito de Vila Velha e Cariacica, neste sábado (25). A informação foi divulgada no início da manhã nas páginas do governador do Estado, Renato Casagrande (PSB), e do atual prefeito de Vila Velha, Max Filho (PSDB), no Twitter. De acordo com Vasco Alves de Oliveira Neto, filho mais novo do ex-prefeito, a morte foi em decorrência de um câncer no estômago, contra o qual Vasco vinha lutando desde agosto de 2019.

Em conversa com A Gazeta, Max Filho destacou que Vasco Alves deixa um importante legado para a cidade de Vila Velha. “Era uma figura popular, querida e sensível e, principalmente, ligado aos mais carentes. Fica um sentimento de grande perda”, disse. Já o governador, na postagem, ressaltou que o ex-prefeito era "um líder carismático e uma popularidade diferenciada".

O falecimento causou comoção na classe política capixaba. O ex-governador Paulo Hartung se manifestou, em nota: "É com profundo pesar que recebo a notícia do falecimento de Vasco Alves, ex-prefeito de Vila Velha e Cariacica. Vasco fez parte de uma geração que lutou pelo retorno da democracia em nosso país. Como homem público, ocupou funções de destaque na política do Estado, com um olhar sensível para a bandeira do combate às desigualdades sociais. Deixo aqui os meus mais sinceros sentimentos à família e aos amigos".

Rita Camata, que foi deputada federal correligionária de Vasco Alves, na Câmara Federal, nos anos 1980, lamentou a morte e falou sobre a perda. "Vasquinho tinha um estilo bem próprio de fazer política e foi reconhecido por isso: homem popular, de hábitos simples e firme no que acreditava. Com ele não tinha a promiscuidade entre o público e o privado. Num momento político tão turbulento como o que passamos, a gente pode falar dele com ética e valores morais."

1988 -  Vasco Alves, deputado (Constituinte Nacional), em 1988( Helô Sant'Ana/Arquivo A Gazeta)

O ex-vereador de Vila Velha Joel Rangel  recebeu a notícia com grande pesar e disse que, ao longo da vida, manteve uma relação de amizade e respeito com Vasco. "Sou muito ligado à família do Vasco, e a gente recebe essa notícia com muita tristeza. Era um homem muito culto, inteligente e sempre a favor dos mais pobres. Deixa um legado pra família e para a cidade. Era um discípulo de São Francisco de Assis, e eu sempre gostei de ouvi-lo falar", recordou.

A senadora Rose de Freitas (Podemos) destacou o envolvimento do ex-prefeito com as populações mais carentes. "Vasco sempre foi uma liderança popular. Toda atividade política dele foi buscando representar as lutas das populações mais carentes. Onde tinha o povo, onde o povo passava dificuldade, onde havia causas representativas do povo, lá o Vasco estava." A parlamentar também falou do prestígio do político e de suas habilidades: "Ele sabia dialogar, conviver com as pessoas. E ele teve sempre todo o respeito da classe política. Temos a perda de uma das últimas lideranças populares do Espírito Santo. Vasco era um homem generoso e que gostava da verdade: não praticava demagogia política. Ele vai fazer muita falta no cenário político capixaba".

Em nível nacional, a perda também foi sentida. O ex-parlamentar Roberto Freire, presidente nacional do Cidadania, sucessor do PPS, manifestou-se  no Twitter. "Fomos constituintes e antes disso resistentes contra a ditadura. Um grande perda", escreveu.

TRAJETÓRIA NA POLÍTICA CAPIXABA

Sobre o início da carreira política do ex-prefeito, Eduardo Pignaton, ambientalista e microempresário que foi secretário de Serviços Urbanos na prefeitura de Vila Velha em 1983 e depois também ocupou o cargo de diretor de Turismo, recorda: "Vasco era advogado e sempre muito ligado às causas populares, com forte influência em segmentos mais humildes e religiosos da cidade. A sua carreira política teve início tendo como base de apoio o bairro da Glória, em Vila Velha, por ser uma região ligada aos trabalhadores operários. Foi daí que surgiu sua base para a eleição de prefeito". "Posso dizer que, na minha visão, Vasco passou a ser um político conhecido como próximo do povo, que não ficava num local como político de elite", relembra.

Vasco Alves, no final dos anos 1980, foi deputado federal constituinte, sendo considerado um dos melhores do Congresso. "No final da carreira política ele acabou se isolando politicamente e perdendo espaço. Mas seu legado político é muito grande. O debate sobre Orçamento Participativo, por exemplo, nos anos 1980, foi pioneiro", ressalta Pignaton.

Em janeiro de 1989, Vasco renunciou ao mandato na legislatura 1987-1991 para assumir o cargo de prefeito de Cariacica. Antes, já havia administrado o Executivo de Vila Velha, entre 1983 e 1986, cargo para o qual voltou em 1993. Em 2008, foi novamente candidato a prefeito da cidade, pelo PRTB. Na ocasião, em entrevista ao jornal A Gazeta, falou sobre seu estilo popular de fazer política: "Se ser populista é tratar bem os pobres, não ter vergonha de entrar na sala de pessoas humildes e tomar um cafezinho. Eu, evidentemente, vou continuar sendo populista".

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