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Dama do jornalismo no ES, Jeanne Bilich morre aos 73 anos

Publicado em 27 de março de 2022 às 09:55

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Considerada a dama do jornalismo capixaba, Jeanne Figueiredo Bilich morreu na manhã deste domingo (27), aos 73 anos. O falecimento aconteceu no próprio apartamento da jornalista, na Praia do Canto, em Vitória, onde recebia cuidados paliativos para lidar com um câncer de pulmão, diagnosticado há menos de três meses.

De acordo com a família, ela se manteve lúcida até o fim. "O câncer já em fase de metástase foi identificado no dia 15 de janeiro. Ela não quis ir para o hospital ou fazer tratamento, e a doença avançou bem rápido. Ela não lamentava, dizia que já estava na hora e que teve uma vida muito plena e feliz", ressaltou a irmã Mirian Bilich.

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Os amigos fizeram almoços de despedida. Ela queria que fosse algo leve e assim foi

Mirian Bilich
Radialista e irmã de Jeanne
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Por vezes contendo o choro, a radialista descreveu a irmã como uma grande jornalista e escritora, mas "sobretudo, uma mulher de vanguarda que sempre defendeu princípios democráticos, de liberdade e igualdade". "Ela era muito culta e ensinava muitas coisas", lembrou Mirian.

"Ela também era uma pessoa muito divertida, de bem com a vida e sempre disposta a dar uma boa risada. Gostava muito de um 'papo-cabeça' e tinha muitos amigos, de todas as profissões e idades. Para a família, é uma perda irreparável. Estamos todos muito abalados", afirmou.

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É uma perda muito grande para a família e acredito que para muitas outras pessoas e para o jornalismo do Espírito Santo também

Mirian Bilich
Radialista e irmã de Jeanne
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Ao longos dos 73 anos de vida, Jeanne Bilich teve uma filha, a Dafne Bilich Queiroz, e três netos: o médico Leonardo, a advogada Bianca e a estudante Carolina.

De acordo com a família, o velório acontecerá neste domingo (27), a partir das 13h no Cemitério Parque da Paz, que fica no bairro Ponta da Fruta, em Vila Velha. A cerimônia de despedida será realizada no mesmo local, às 16h.

SENTIMENTO DE LUTO E AGRADECIMENTO

Jornalista e escritor, Jace Theodoro afirmou que é impossível contar a história do jornalismo capixaba sem falar de Jeanne Bilich, "uma das inteligências mais luminares que já passaram por qualquer redação do Espírito Santo", e citou um convite feito pela amiga que lhe deu projeção profissional.

Em tom de agradecimento, ele lembrou com carinho dos apelidos com os quais se tratavam: Mago Theo e Bruxa Bilish, "porque éramos afeitos a alquimias no caldeirão das ideias". De acordo com ele, os dois estavam distantes fisicamente, mas a afinidade intelectual, a amizade e a admiração serão eternas.

VITÓRIA DECRETA LUTO OFICIAL 

A Prefeitura de Vitória decretou luto oficial de três dias nas repartições subordinadas ao Poder Executivo Municipal, em razão do falecimento da jornalista Jeanne Figueiredo Bilich. O decreto foi publicado no Diário Oficial do Município de Vitória deste domingo (27).

"Manifesto meu profundo sentimento de pesar e solidariedade a toda família e amigos. Muita força neste momento tão triste e difícil. Jeanne foi um verdadeiro marco no jornalismo capixaba", disse o prefeito, Lorenzo Pazolini.

O deputado estadual Sergio Majeski também lamentou a morte da jornalista. "Ela é uma personalidade da cultura capixaba, é um patrimônio capixaba. Eu não a conhecia pessoalmente, mas é como se a conhecesse, tínhamos vários amigos em comum e lembro-me dela desde a adolescência: na TV Gazeta e outras emissoras, no rádio...", afirmou o parlamentar.

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Imagino que milhares de capixabas, em especial os que tem mais de 40, guardam boas lembranças de Jeanne Bilich. Fará falta, mas deixou um grande legado. Meus sentimentos aos familiares e amigos, e que Deus a receba na Morada Eterna.

Sergio Majeski
Deputado estadual
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ACADEMIA ESPÍRITO-SANTENTE DE LETRAS MANIFESTA PESAR

Em nota, a Academia Espírito-Santense de Letras se manifestou sobre a morte de Jeanne Bilich. A jornalista, desde 2013, ocupava a cadeira número 7 da AEL. "É com pesar e consternação que a Academia Espírito-santense de Letras comunica o falecimento da acadêmica Jeanne Figueiredo Bilich, ocorrido em 27 de março de 2022, aos 73 anos. Jornalista, advogada, radialista e Mestre em História Social das Relações Políticas pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Jeanne Bilich era a quinta ocupante da Cadeira 07 da AEL, que tem como patrono José Fernandes da Costa Pereira Júnior".

"Por meio desta nota, a Academia Espírito-santense de Letras se solidariza com os familiares e presta esta homenagem à Jeanne Figueiredo Bilich por sua nobre contribuição para a cultura do Espírito Santo, com a certeza de que a acadêmica deixou um legado valioso para a compreensão da literatura e da comunicação do nosso tempo."

TRAJETÓRIA DE SUCESSO

Jeanne Bilich nasceu em 12 de outubro de 1948, no Rio de Janeiro, filha de Jô Figueiredo e do croata Miroslav Bilich, empresário e refugiado político. "Desde criança, lia revistas e jornais da Europa por conta do grande apreço dele pela informação, cultura e arte", mencionou a jornalista, em entrevista para A Gazeta.

Data: 14/01/2020 - ES - Vitória - Jeanne Bilich, jornalista - Editoria: Caderno Dois - Fernando Madeira - GZ
Jeanne Bilich recebeu a equipe de A Gazeta em 2020, para uma entrevista. (Fernando Madeira)

De 1955 a 1960, ela estudou em um colégio em Belo Horizonte (MG), cidade onde a família residia. Após o falecimento precoce do pai, Jeanne mudou-se para Vitória na condição de aluna interna do tradicional do Colégio do Carmo, de 1961 a 1964. Mais tarde, cursou ensino médio no Colégio Estadual do Espírito Santo.

Em 1971, foi aprovada em Direito em Minas Gerais e transferiu o curso para o Centro Universitário do Espírito Santo (Unesc), em Colatina, onde se formou em 1975. Quase 30 anos depois, cursou o mestrado em História Social das Relações Políticas na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), concluído em 2005.

No Espírito Santo, Jeanne estreou na imprensa como repórter de A Gazeta na década de 1970, dando início a quatro décadas de profissão. Paralelamente, após prestar exame na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), atuou também como advogada cível e criminal, ao longo das décadas de 1980 e 1990.

Em 1976, foi apresentadora do primeiro telejornal da TV Gazeta: "Jornal Hoje – Edição Local". No final dos anos 70, integrou o time de jornalismo da TV Educativa do Espírito Santo. Na emissora, foi produtora, apresentadora de telejornais e mediadora de programas culturais e de debates.

Pioneirismo: Jeanne Bilich foi a apresentadora do primeiro telejornal da TV Gazeta,
Pioneirismo: Jeanne Bilich foi a apresentadora do primeiro telejornal da TV Gazeta, "Jornal Hoje - Edição Local", em 1976. (Jeanne Bilich/Arquivo pessoal)

Na TV Vitória, comandou o programa "Espaço Local" durante dez anos consecutivos, até 1998, quando estreou como âncora no "Jornal da TV Vitória" e, três anos depois, assumiu o cargo de editora-chefe. Em março de 2003, deixou a função para se dedicar ao mestrado de História Política.

Jeanne Bilich ainda trabalhou nas rádios Espírito Santo, Gazeta AM e CBN Vitória. Idealizou e apresentou o programa "Correio do Amor - Namoro no Rádio", inicialmente na Rádio Gazeta – uma das atrações de maior audiência local, que deu origem ao documentário "Cupido no Ar", de Amylton de Almeida.

Data: 14/01/2020 - ES - Vitória - Jeanne Bilich, jornalista - Editoria: Caderno Dois - Fernando Madeira - GZ(Fernando Madeira)

A jornalista também atuou como cronista do Caderno 2 de A Gazeta, de 2007 a 2015, e trabalhou como assessora de imprensa para governos estaduais e vários secretários do Estado. Assim como fez a assessoria de comunicação da Fundação Ceciliano Abel de Almeida, da Ufes.

Com informações de Gustavo Cheluje, de A Gazeta

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