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Dívida motivou morte de empresário e funcionária em Linhares

Dívida motivou morte de empresário e funcionária em Linhares

Segundo a Polícia Civil, as investigações apontaram que o crime foi consequência de negociações conflituosas entre os mandantes e a vítima

Publicado em 31 de outubro de 2019 às 18:40

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Marcelo Almeida foi morto em frente ao supermercado dele na tarde de 30 de junho, em Linhares. (Luiz Zardini / TV Gazeta Norte)

Após quatro meses de investigações, a Polícia Civil conseguiu desvendar o mistério por trás de um duplo homicídio ocorrido em junho deste ano no bairro Movelar, em Linhares, na região Norte do Estado. Segundo o titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Linhares, delegado Leandro Sperandio, o crime foi premeditado e motivado por conta de uma negociação comercial entre os acusados e a vítima , o empresário Marcelo Almeida, de 54 anos. A funcionária dele, Silvia Maria Ribeiro França, que não era alvo dos bandidos também foi baleada e acabou morrendo.

De acordo com o delegado,  Marcelo fornecia produtos e carne bovina para os estabelecimentos dos mandantes do assassinato. “As investigações apontam que a motivação do crime foi questão patrimonial. Foi desacordo e desacertos comerciais, sendo que a vítima, Marcelo, era credora dos indivíduos que foram presos como mandantes do crime”, revelou.

Quatro pessoas foram presas suspeitas de envolvimento no duplo homicídio. Lucas Vasconcelos da Silva, de 21 anos, e Luan da Silva Rodrigues, de 28 anos, foram contratados para assinar a vítima. Já o empresário Neles Marques Silva Júnior, de 28 anos e sogro dele, João Batista Fernandes da Silva, de 61 anos foram apontados como os mandantes do crime.

“A vítima e os mandantes já tinham relações comerciais desde o ano passado, de maneira que os mandantes contraíram uma grande dívida de aproximadamente 200 mil reais para com a vítima, dívida essa oriunda de fornecimento de produtos, sobretudo de carne bovina. Algumas negociações foram feitas, algumas amortizações da dívida foram realizadas, mas por fim, havia a intenção das partes de fazerem um acordo para quitar essa dívida e a forma de quitação seria a aquisição de um supermercado localizado no bairro Interlagos. Não houve uma negociação plenamente amigável e foi o motivo da prática desse crime”, explicou o delegado.

O supermercado em questão fica localizado no bairro Interlagos, também em Linhares. Segundo o delegado, a transação fazia parte do pagamento das dívidas contraídas pelos mandantes que repassaram o estabelecimento por mais de R$ 500 mil. No entanto, segundo a polícia, haviam outras dívidas que precisariam ser pagas por Marcelo.

Ainda segundo as investigações, a diferença dos valores seria devolvida por Marcelo para os mandantes, porém a vítima queria pagar em veículos e outros bens. Neles Marques e João recusaram a oferta e queriam receber a diferença dos valores em dinheiro.

Diante do impasse, a relação entre a vítima e os detidos foi ficando complicada e resultou no crime. “Dentre outras diversas provas que trouxemos para a investigação, nós conseguimos identificar duas pessoas que foram sondadas pelos mandantes para que pudessem fazer a prática desse homicídio e as pessoas negaram, ou seja, elas não cometeram nenhum ato ilícito. Nós conseguimos identificar, conseguimos intimar essas pessoas, elas foram ouvidas, figuram na investigação como testemunhas, mas elas não aceitaram a empreitada criminosa, apenas uma terceira pessoa procurada pelos mandantes resolveu aceitar a empreitada e então premeditou e cometeu esse duplo homicídio”, ressaltou o delegado.

Ainda segundo Sperandio, os mandantes ofereceram uma grande quantia pelo crime. “A princípio as outras pessoas que foram sondadas seria um valor aproximado de 30 mil reais, mas nós não sabemos, nós não conseguimos identificar qual foi o valor negociado com os que aceitaram a empreitada criminosa”, disse.

AS PRISÕES

João Batista, Luan da Silva, Lucas Vasconcelos e Neles Marques foram presos suspeitos de envolvimento no assassinato do empresário Marcelo Almeida e da funcionária, dele Silvia Maria, em junho deste ano, em Linhares. (Polícia Civil / Divulgação)

Os quatro suspeitos de envolvimento no duplo homicídio foram presos em dias diferentes e por envolvimento em outros crimes. Segundo a Polícia Civil, o primeiro a ser a preso foi Lucas Vasconcelos da Silva, de 21 anos detido pela Polícia Militar após cometer um roubo.

Neles Marques Silva Júnior, de 28 anos, apontado pela polícia como mandante do crime, foi preso em Goiás, ele havia viajado em setembro para o estado e diante do risco de fuga, teve a prisão decretada acusado de envolvimento em outro homicídio, ocorrido em fevereiro de 2019, também em Linhares. Na residência dele, a polícia também constatou o crime de furto de energia elétrica.

Três dias após a prisão de Neles, a polícia prendeu o terceiro suspeito. Luan da Silva Rodrigues, de 28 anos, foi detido por tráfico de drogas em uma operação integrada entre a Polícia Civil e a Polícia Militar no bairro Nova Esperança. A prisão foi no último dia 19 de setembro.

Já nesta quarta-feira (30), foram expedidos pela Justiça quatro mandados de prisão preventiva contra os suspeitos de participação no duplo homicídio. João Batista Fernandes da Silva, de 61 anos, foi preso durante a manhã no comércio dele no bairro Interlagos. Ele era o único que ainda não estava preso.

Ainda segundo o delegado, os quatro detidos vão responder por duplo homicídio qualificado com pena máxima de 30 anos cada.

O CRIME

O empresário Marcelo Almeida foi morto a tiros no dia 30 de junho de 2019, na frente do supermercado dele, no bairro Movelar, em Linhares. Na ocasião, a funcionária dele, Silvia Maria Ribeiro França, também foi baleada. Ela foi socorrida e levada para o hospital, mas não resistiu e morreu.

Um vídeo que circulou nas redes sociais na época do crime mostrava Marcelo conversando com uma pessoa do lado de fora do supermercado, quando é surpreendido por dois homens de capacete, que atiram contra ele.

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Mesmo já caído no chão, o empresário é baleado mais vezes. Um dos tiros acabou atingindo Silvia, que trabalhava como caixa do estabelecimento.

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