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Quedas levam dois idosos por dia para o hospital no ES

Quedas levam dois idosos por dia para o hospital no ES

O crescimento de casos de pessoas internadas após quebrarem o fêmur no Espírito Santo foi de 67% em 2018 comparando com 2008. Destes últimos, 870 são somente casos de idosos de 71 a 90 anos, uma média de dois por dia em um ano

Publicado em 30 de outubro de 2019 às 19:25

 - Atualizado há 6 anos

Aos 100 anos de idade, dona Esther Rodrigues Baldow precisou fazer uma cirurgia e ficar internada por 10 dias após quebrar o fêmur (osso na parte superior da perna) em uma queda que teve ao se levantar da cama. O caso da idosa é um dos 2.132 casos de internações em 2018 por causa do fêmur quebrado. Os dados são do Ministério da Saúde, e apontam que, desse total, 870 foram pessoas idosas com idade entre 71 e 90 anos, uma média de dois casos por dia. Entre 71 e 80 anos, foram 401 internações. Já entre os mais velhos, de 81 a 90 anos, foram 469.

Ainda de acordo com levantamento do Ministério, os números de internações por quebrar o fêmur em 2018 indicam um aumento de 67% em 10 anos, se comparados aos de 2008, quando ocorreram 1.275 internações por esse motivo.

Esther Rodrigues Baldow comemorando 100 anos junto com a filha Gloria Maria Baldow Crédito: Arquivo Pessoal / Gloria Maria Baldow

Os casos de idosos que sofrem quedas e quebram algum osso não são incomuns e preocupam quem convive com eles. A filha de dona Esther, a aposentada Glória Maria Baldow,  de 63 anos, foi quem socorreu a idosa no dia da queda, em 2018. Ela conta que, ao se levantar da cama, sua mãe perdeu o equilíbrio e caiu. Glória, que mora com a mãe há 25 anos em São MateusNorte do Estado, viu a idosa caída no chão e chegou a socorrer a mãe pensando ser algo sem gravidade. Quando percebeu que não era algo simples, ela acionou outros familiares, que chamaram o Corpo de Bombeiros para resgatar dona Esther. 

No hospital, a idosa precisou fazer uma cirurgia e ficou internada por 10 dias. Durante os quatro primeiros meses, dona Esther precisou de contar com o apoio das cuidadoras e de uma enfermeira. Atualmente, ela faz fisioterapia para ajudar no equilíbrio.

"Ela tem muita força na perna. Damos banho nela com ela em pé, segurando na barra de segurança. Ela também consegue, com o andador, caminhar um pouco. Mas sempre com supervisão. Somente às vezes, por um momento de distração, ela aparece andando sozinha"

Glória Maria Baldow

Aposentada

De acordo com o ortopedista e traumatologista Gustavo Pimentel, o aumento no número de idosos que quebram o fêmur por causa de quedas se dá, principalmente, por causa do envelhecimento da população. “A população está envelhecendo de forma geral e isso causa uma fragilidade, óssea gerando as fratura de fêmur”, conta.

Fêmur é o osso mais longo do corpo humano e está localizado na coxa Crédito: Yodiyim

Por mais que o idoso tenha uma vida ativa, esclarece Gustavo Pimentel, a osteoporose – doença silenciosa que deixa os ossos frágeis e quebradiços – chega para todos, principalmente em mulheres na fase pós-menopausa. Dessa forma, a melhor maneira de prevenção é ter o diagnóstico precoce da doença e buscar o tratamento indicado, como a reposição de cálcio e vitamina D, além de pegar sol diariamente e praticar atividades físicas.

As fraturas são mais comuns em idosos a partir dos 80 anos, principalmente porque a osteoporose atinge de forma mais lenta os ossos longos. Quanto mais idade, maior risco de doenças, internações, infecções e quedas. É o que afirma Daniela Barbieri, médica geriatra e presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia do Espírito Santo.

Daniela Barbieri, médica geriatra e presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia do Espírito Santo. Crédito: Arquivo Pessoal / Daniela Barbieri

"As quedas têm relação com inúmeros fatores do envelhecimento normal e do envelhecimento patológico, como alteração visual e auditiva, lentificação de reflexos, uso de medicamentos, perda muscular, doenças articulares, tontura e mal controle de doenças"

Daniela Barbieri

Médica geriatra e presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia do Espírito Santo.

Além dos cuidados que é preciso ter quando já é idoso, é a infância a melhor fase para evitar doenças crônicas, como a osteoporose e, consequentemente, as fraturas dos ossos. 

10 DICAS PARA IDOSOS EVITAREM QUEDAS

  1. Elimine tudo aquilo que possa ser obstáculo ou provocar escorregões dentro de casa, como fios, tapetes e outros objetos;
  2. Use sapatos com sola antiderrapante; nunca ande só de meias e substitua os chinelos que estão deformados ou frouxos;
  3. Instale suportes, corrimãos e outros acessórios de segurança no banheiro, na sala, nos corredores e no quarto;
  4. Instale iluminação ao longo do caminho da casa, principalmente para chegar até o banheiro;
  5. Os armários devem ter portas leves e maçanetas grandes para facilitar a abertura, e as roupas mais usadas devem ficar em lugares de fácil acesso;
  6. No piso, utilize ceras que, após a aplicação, não deixem seu piso escorregadio;
  7. Não sente em uma cadeira ou sofá muito baixo, porque o grau de dificuldade exigido para se levantar é maior, sendo que estes devem ser confortáveis e com braços;
  8. A visita regular ao oftalmologista é importante. Assim, a dificuldade de visão pode ser um facilitador de quedas;
  9. Substitua os lençóis e o acolchoado por produtos feitos por materiais não escorregadios, como por exemplo, algodão e lã;
  10. Ao tomar banho, utilize uma cadeira de plástico firme com cerca de 40 cm, caso não consiga se abaixar até o chão ou se sinta instável.

  • (Fonte: Ministério da Saúde)

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