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Nenhum governador ou senador negro eleito no ES nas últimas eleições

Nenhum governador ou senador negro eleito no ES nas últimas eleições

Os dados são desde 2014, ano em que o  Tribunal Superior Eleitoral (TSE) passou a solicitar autodeclaração de cor dos candidatos

Publicado em 20 de novembro de 2019 às 16:51

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Jacqueline Moraes na cadeira mais importante do Palácio Anchieta. (Ricardo Medeiros)

Desde que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) passou a solicitar a autodeclaração racial,  em 2014, os eleitores do Espírito Santo não elegeram nenhum governador ou senador negro. No Poder Judiciário, o primeiro desembargador negro foi eleito em 2011. Antes desse período, autodeclarado negro, somente Albuíno Azeredo ocupou o cargo máximo do Executivo capixaba de 1991 a 1994.

Considerando as três últimas eleições, ao todo 1.099 conquistaram cargos de vereador, prefeito, deputado estadual, deputado federal, governador, senador e vice-prefeito. Os brancos são 65,3% do total; pardos, 28,6%; pretos, 5,37%; indígenas, 0,18%; amarelos, 0,45%. O levantamento considera as candidaturas que foram consideradas aptas. No período, foram 11.160 candidatos e candidatas. Os dados incluem o pleito suplementar em Muqui.

O levantamento das três últimas eleições aponta ainda que, dos eleitos, 80% da bancada federal é formada por brancos, 15% de pessoas autodeclaradas pardas e 5% de pessoas pretas. Na Assembleia Legislativa, a representatividade negra foi um pouco maior. No entendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), negro é a junção de pretos e pardos.

Na Casa de Leis estadual, enquanto 63,3% dos brancos foram eleitos, 1,7% eram indígenas, 31,7% eram pardos e 3,3% se autodeclararam pretos. No caso dos prefeitos, a maioria também é branca: 84,6%. Os pardos ocuparam 14,1% das cadeiras enquanto 1,3% eram amarelos. Nenhum postulante preto foi eleito neste período.

Luiz Carlos Oliveira defende a construção de um plano de formação de jovens líderes negros. (Vitor Jubini)

Para Luiz Carlos Oliveira, coordenador do Centro de Estudos de Cultura Negra (Cecun), é necessário construir um plano de formação de jovens líderes negros, que poderiam atuar nos mais diversos segmentos, como as áreas política e empresarial.

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Só tem liderança branca, não é verdade? Vivemos quase 400 anos de trabalho escravo e 131 anos de racismo institucional, estrutural e social. Precisamos de uma política forte para mudar isso. Já somos mais nas escolas, estamos discutindo questões importantes ao nosso povo nas universidades

Luiz Carlos Oliveira
Coordenador do Cecun
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REPRESENTATIVIDADE FEMININA

Empossada em janeiro deste ano, a vice-governadora Jacqueline Moraes (PSB) é a primeira mulher autodeclarada negra a ocupar o cargo. Ela, inclusive, já assumiu o comando do Executivo no lugar do governador Renato Casagrande (PSB) em algumas ocasiões. Desde a redemocratização, foi a primeira mulher na função.

Na avaliação dela, a discussão relacionada ao Dia 20 de Novembro deve ser ampliada porque se trata de uma data histórica. Questionada sobre como o governo estadual tem trabalhado a pauta da negritude e desigualdade entre as raças, Jacqueline ressalta  que o Estado executa ações afirmativas.

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Nós já temos trabalhado para trazer os negros, de certa forma, para o governo. Nós temos uma gerência para discutir a igualdade racial. A nossa Secretaria de Direitos Humanos é muito empenhada nesta causa. Sou mulher negra, tenho o conceito de trazer lideranças negras para o governo

Jacqueline Moraes
Vice-governadora
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