Publicado em 24 de março de 2020 às 15:13
Se você chegou até aqui, é bem provável que tenha recebido em algum grupo de WhatsApp ou em qualquer canto das redes sociais a notícia, atribuída a nós, de que uma criança com o nome de Alquingel foi registrada no ES. Tudo em meio à grande onda de consumo de álcool em gel por conta da pandemia de coronavírus. A primeira coisa que precisamos esclarecer é que a informação é falsa. Trata-se de uma montagem usando a marca de A Gazeta. Nenhuma criança foi registrada por aqui com esse nome e não há qualquer notícia no site de A Gazeta sobre isso. >
O episódio serve também como alerta: considerando a quantidade de pessoas que nos procuraram para saber dessa notícia e a quantidade de buscas em nosso site e no Google desde que a montagem começou a circular, será que todo mundo tem o hábito de checar informações desse tipo? E quando se trata de algo mais grave? >
Nós mesmos recebemos essa montagem em grupos de amigos, espalhados por diferentes cidades do Brasil. É realmente de se assustar. >
Dê uma olhada no gráfico abaixo: mostra o volume de buscas no Google sobre "Alquingel" desde o último dia 21, quando a montagem começou a circular. >
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O repórter Giordany Bozzato, cujo nome aparece na montagem como sendo autor da notícia, conta que recebeu a montagem em vários grupos de WhatsApp e foi questionado por amigos sobre a notícia. "Nesse caso foi uma brincadeira, algo claramente com objetivo de zombaria, mas o assunto das montagens é sério. Da mesma forma que foi uma piada, poderia ter sido algo com fins políticos ou para prejudicar alguém". Sim, já presenciamos isso ocorrer. >
Giordany conta, porém, um fato que enche todos nós de esperança. Ele foi procurado por email por uma estudante de São Paulo chamada Laura Castro. Ela tem 10 anos e está fazendo um trabalho escolar para identificar boatos na internet. Laura ficou surpresa com a repercussão do caso do Alquingel e tomou a decisão certa: buscou se a notícia existe em nosso site e, como não encontrou, pediu ajuda ao pai para acionar diretamente o repórter e checar se a história era verdadeira. Dá uma olhada na mensagem da Laura: >
Olá, tudo bem? Esse e-mail é do meu pai e eu me chamo Laura. Tenho 10 anos e sou estudante do 5º ano, aqui em SP. O meu trabalho é identificar fake news. E chegou para mim a foto abaixo. Confesso que fiquei surpresa e em dúvida. Pesquisei no site da Gazeta, mas não encontrei a matéria, mas encontrei você. Então, eu pergunto: essa foto da matéria que supostamente está assinada por você é fato ou fake? Muito obrigada pela atenção e até mais.>
Laura, você acaba de dar um belíssimo exemplo ao mostrar como, em pouquíssimos passos, é possível checar uma informação cuja veracidade é duvidosa. E nós, jornalistas, valorizamos imensamente atividades escolares que ajudem os estudantes a investigar a origem de certas informações, lidar com fake news e desmentir boatos. Não é só papel da imprensa, é de toda a sociedade. Por isso, agradeça a seus professores por nós, ok? >
Durante a pandemia de coronavírus (e, logo mais, nas Eleições) é cada vez mais comum recebermos pedido de checagem de informações que circulam pelas redes sociais. É o caso da montagem sobre a suspensão do pagamento de aposentadoria para idosos que forem flagrados na rua durante o período de isolamento. O que parece brincadeira levou pânico a várias pessoas que já estão nervosas por conta do próprio momento. Por isso, todo cuidado é pouco. Na dúvida, procure-nos, seja por email ([email protected] ou acionando diretamente o autor de qualquer reportagem) ou por nosso canal de WhatsApp. Combater a desinformação sempre será uma tarefa importante para todos nós. A Laura, pelo jeito, já percebeu isso! >
A Rede Gazeta também emitiu nota condenando o uso indevido da marca de A Gazeta. Confira: >
A Rede Gazeta esclarece que o site A Gazeta jamais publicou a falsa informação de que um bebê foi registrado com o nome de "Alquingel" no Espírito Santo. A imagem que circula em redes sociais e aplicativos de mensagens é uma montagem, e nossa marca foi usada indevidamente. O compromisso com a apuração correta dos fatos e a checagem de dados é uma premissa que move nossos veículos há 91 anos, e lamentamos que a confiabilidade do jornalismo profissional seja posta em xeque por quem vê na pandemia do novo coronavírus a chance de espalhar mentiras. >
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