Publicado em 1 de outubro de 2019 às 20:03
A Assembleia Legislativa aprovou, na tarde desta terça-feira (1º), em regime de urgência, o projeto de lei complementar estratégico para a gestão da saúde pública estadual. Por 21 votos a 5, os deputados autorizaram o Poder Executivo a criar uma fundação pública de direito privado que vai assumir a administração de hospitais estaduais no Espírito Santo. A entidade se chamará Fundação Estadual de Inovação em Saúde - iNova.>
O projeto é uma das prioridades da gestão do secretário estadual da Saúde, Nésio Fernandes. Ele assegura que, pelo novo modelo, haverá redução de custos e os serviços serão prestados com mais agilidade. >
Inicialmente, a Fundação iNova vai assumir a administração (inclusive o sistema de compras e contratações) do hospital Antônio Bezerra de Faria, em Vila Velha. Segundo a assessoria da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), a partir dessa primeira experiência, o governo decidirá se a estatal assumirá outros hospitais que hoje funcionam com gestão própria. A rede ainda conta com quatro hospitais administrados por Organizações Sociais (OSs).>
O pedido de urgência foi apresentado pelo líder do governo em plenário, Enivaldo dos Anjos (PSD), e aprovado logo no início da sessão ordinária desta terça, que começou às 15 horas. Então, o presidente da Assembleia, Erick Musso, encerrou os trabalhos e convocou sessão extraordinária, iniciada minutos depois.>
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A articulação foi conduzida pessoalmente pelo secretário-chefe da Casa Civil, Davi Diniz, principal responsável pela interlocução do governo com os deputados. Ele acompanhou toda a votação em uma salinha reservada na lateral do plenário - onde costuma ficar durante toda votação importante para o Palácio Anchieta.>
O projeto foi aprovado com seis emendas ao texto original enviado por Renato Casagrande: uma de autoria do próprio Executivo; as demais de Renzo Vasconcellos (PP), Sergio Majeski (PSB) e Fabrício Gandini (Cidadania). Entre as modificações, a que estabelece participação de servidores e da sociedade civil no conselho da fundação, e a que define prestação de contas por parte da instituição. >
Davi Diniz afirma que as propostas de emenda foram construídas junto com o Legislativo, e que não alteram o caráter do projeto. Assim, tão logo seja enviado de volta ao Executivo, será sancionado pelo governador.>
Médico anestesista, o deputado Hudson Leal (Republicanos) foi um dos que subiu à tribuna para defender o projeto do governo. >
Segundo ele, esse novo modelo de gestão permitirá ao governo do Estado economizar recursos e agilizar procedimentos, como, por exemplo, para a contratação de exames especializados e para a compra de equipamentos e medicamentos. >
Ele destacou que, hoje, além de muito pouco eficiente, o modelo baseado na gestão por OSs dá margem a superfaturamento nessas aquisições, como ficou demonstrado recentemente, em depoimento de um diretor de hospital, durante sessão da Comissão Antidrogas da Assembleia, presidida pelo deputado Lorenzo Pazolini (sem partido).>
Ainda segundo Hudson, o Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES) e a Comissão de Saúde da OAB-ES manifestaram-se favoravelmente ao projeto do governo. Ele ressaltou, ainda, que o conselho gestor da fundação será paritário, com três representantes do governo e outros três representantes dos servidores da Saúde e da sociedade civil. Originalmente, uma das críticas ao projeto do governo era justamente a falta de representatividade. >
Por sua vez, o deputado Lorenzo Pazolini, que tem se fixado na oposição ao governo em plenário, usou a tribuna para desfiar críticas ao projeto. De acordo com o parlamentar, o modelo proposto pelo governo representará uma burla ao procedimento licitatório.>
Pazolini afirmou, ainda, que o modelo de gestão por meio da nova estatal dará margem a um regime especial de contratação seletivo de amigos. Para ele, por meio da fundação, um grupo de amigos vai administrar o sistema hospitalar.>
Também situado atualmente na oposição a Casagrande, o deputado Vandinho Leite (PSDB), assim como Pazolini, subiu à tribuna para criticar a matéria. Para ele, o novo sietma de gestão por meio de uma estatal é um modelo obscuro e se resume a modelo de ineficiência.>
Atribuindo ao secretário de Saúde uma visão ideológica de extrema esquerda - Nésio é filiado ao PCdoB -, Vandinho afirmou que a fundação, além de inchar mais o Estado, criará cargos que serão preenchidos por indicações político-partidárias.>
Vandinho Leite
Deputado estadualFiliado ao partido de Casagrande, o deputado Sergio Majeski criticou o fato de, mais uma vez, um projeto importante do governo do Estado ser aprovado em regime de urgência, sem o devido debate. Ele disse que, conversando com pessoas da área, não se convenceu de que a fundação de direito privado é o melhor modelo, até por falta de um precedente bem-sucedido no país. >
Majeski ainda alertou para o risco de que a nova entidade se transforme em um cabide de empregos para indicações políticas. Contudo, na hora da votação, o socialista estava ausente, bem como Renzo Vasconcelos e Theodorico Ferraço. Votaram contra Pazolini, Vandinho, Capitão Assumção, Rafael Favatto e Carlos Von. Já o presidente se absteve. >
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