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Telefone 135 do INSS diz não aceitar ligação por falta de saldo

Telefone 135 do INSS diz não aceitar ligação por falta de saldo

Informações desconexas e dificuldade de marcar atendimento por canais remotos têm sido motivo de reclamação constante de quem necessita de atendimento nas agências da Previdência Social

Publicado em 15 de setembro de 2020 às 10:47

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Desempregada, Schirley Carolino, 50, foi ao INSS à toa após agendar perícia pelo telefone 135. Chegando lá, descobriu que não estavam realizando o atendimento
Schirley Carolino foi ao INSS à toa após agendar perícia pelo telefone 135. (Caroline Freitas)

Retomado na segunda-feira (14), o atendimento presencial em agências do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) só está sendo feito com hora marcada. O agendamento, entretanto, tem frustrado quem necessita dos serviços do órgão. As pessoas estão com dificuldades de falar com 135. Ficam, muitas vezes, um longo tempo à espera do atendimento. Em outros casos, a ligação nem completa.

Mesmo com crédito no celular, usuários que ligam de uma linha móvel recebem a seguinte informação: você não tem saldo para fazer o contato. O órgão alega que a ligação é gratuita do  telefone fixo, mas que tem cobrança de chamada local. Só alguns segurados com pacote pós-pago têm conseguido acessar a esse canal de atendimento. Quem tem plano controle ou pré-pago acaba não tendo a chance de falar com uns dos atendentes e marcar o horário.

Nas redes sociais de A Gazeta, uma leitora comentou: “Não estou conseguindo agendar pelo app Meu INSS. É uma vergonha. Também não consigo ligar para 135 pelo celular. Resultado: desorganização total.”

O problema também foi confirmado pela reportagem, que, ao fazer a ligação de um celular com plano pós-pago, que permite chamadas para qualquer operadora, ouviu a seguinte mensagem: “Fique na linha. Você está sem saldo. Para fazer esta chamada, você precisa de créditos.”

Quem consegue agendar o atendimento, no entanto, tem recebido informações contraditórias. O retorno das atividades presenciais nas unidades do Espírito Santo não contemplam as perícias médicas, que não têm prazo para voltar.

Desempregada, Schirley Carolino, 50 anos, compareceu nesta terça-feira (15) a uma agência do INSS em Vitória para a realização de perícia médica, agendada nesta manhã mesmo pelo telefone 135. A avaliação médica presencial foi um dos requisitos para a concessão do auxílio-doença. O problema é que, chegando lá, descobriu que não seria atendida.

“Eu acordei cedo e agendei pelo telefone 135, como orientam. Disseram que a perícia médica estava normal em Vitória, então vim no horário marcado. Aqui (na porta da agência), me disseram que não estão realizando perícia. Trouxe todos os documentos, saí de casa para nada. E eu preciso da perícia para que o auxílio-doença seja liberado”, contou.

Não se trata de um caso isolado. Nesta segunda-feira (14), a auxiliar de serviços gerais Joana de Cássia Mendes Silva se deslocou até a mesma agência na Vitória, na esperança de realizar a perícia que garantisse a ela a prorrogação do pagamento do auxílio-doença, suspenso desde janeiro deste ano. Entretanto, não conseguiu o atendimento, conforme reportagem exibida pela TV Gazeta.

Pessoas aguardam atendimento em frente à agência do INSS em Vitória
Na volta das atividades presenciais do INSS, atendimento só com hora marcada. (Caroline Freitas)

A reportagem testou ligar para o 135 por diversos tipos de linhas: todas com planos que permitem ligações ilimitadas para telefones de qualquer operadora. Mas só foi possível completar a chamada do aparelho com pacote pós-pago sem restrição para tarifação extra.

Questionado se é realizada alguma cobrança por fora, que impede alguns celulares de completarem a chamada, o INSS respondeu, simplesmente que, em caso de ligação via aparelho móvel, é cobrado o valor de chamada local, e que qualquer operadora permite a ligação para o 135.

“É cobrado apenas preço de ligação local de ligações feitas por celular. Caso o segurado tenha dificuldade na ligação deve insistir, pois há excesso de ligações nas centrais desde ontem (14/09), o que tem feito o tempo de atendimento ficar um pouco maior.” De telefones fixos ou públicos, as chamadas são gratuitas, explicou o órgão.

Em nova nota ao jornal, enviada no final da manhã desta terça, o INSS esclareceu ainda que tem quatro Centrais de Teleatendimento do 135: "em Recife (PE), Caruaru (PE), Salvador (BA) e Palmas (TO), mas que, em decorrência da suspensão dos atendimentos presenciais nas agências do INSS, os canais remotos têm tido um aumento considerável na demanda.  "´Por conta do reagendamento das perícias e outras dúvidas dos segurados, houve congestionamento nas ligações. Pra se ter uma ideia, no dia 31/08, foram recebidas 181.964 ligações. No dia 14/09, esse número subiu para 543.742", disse o órgao.

A orientação do INSS é para que os segurados a ligarem em horários "menos comerciais", como após as 19h. O atendimento é realizado de segunda a sábado, das 7h às 22h.

A Previdência ainda disse que, além do telefone 135, o segurado também pode realizar o agendamento pelo Meu INSS (site ou aplicativo). Usuário sem agendamento não será atendido nas agências, para evitar aglomerações, conforme determinações do Ministério da Saúde.

ATENDIMENTOS DE PERÍCIA AINDA SEM PREVISÃO DE RETORNO

Apesar de o INSS ter retomado as atividades presenciais, num primeiro momento, serão priorizados atendimentos ligados à avaliação social, cumprimento de exigência, justificação administrativa e reabilitação profissional. Já a perícia médica – da qual depende a concessão de auxílio-doença, benefício assistencial, entre outros – ainda não tem prazo para ser retomada.

Inicialmente previstas para serem realizadas a partir desta semana, as consultas de perícia foram adiadas porque os consultórios em que são realizados os atendimentos foram reprovados na primeira inspeção da Perícia Médica Federal, ligada à Secretaria Especial de Previdência e Trabalho.

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“Houve uma inspeção da Perícia Técnica Federal para constatar a viabilidade do retorno. Nessa inspeção, constataram alguns riscos por conta da atividade específica desempenhada pelos médicos. Eles verificaram que alguns itens de segurança não estavam presentes naquele momento nos consultórios, por isso reprovaram. Nós nos adequamos, colocamos os itens pedidos, e agora vai ser feita uma nova inspeção esta semana. Mas ainda não tem previsão",  explicou o gerente-executivo do INSS Vitória, William Marinot, ao Bom Dia ES, nesta terça-feira (15).

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