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Publicado em 7 de outubro de 2019 às 20:37
- Atualizado há 6 anos
A retomada das operações da Samarco, prevista para o segundo semestre do ano que vem, deve trazer otimismo para a economia do Estado e principalmente para o município de Anchieta. Segundo divulgado pelo governador Renato Casagrande na manhã desta segunda-feira (7), no começo, serão reiniciadas apenas 26% das atividades. Segundo o presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Léo de Castro, a confirmação da retomada pode provocar um aquecimento do setor antes mesmo do início das atividades da empresa.>
"Vamos sentir a retomada primeiro na cadeia de fornecedores. Desde já as empresas fornecedoras vão começar a se mobilizar para atendê-la. Já vai movimentar as cidades, principalmente Anchieta, Guarapari e Piúma", diz. >
A empresa está paralisada desde 2015, quando houve o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, Minas Gerais. Com isso, Anchieta registrou queda de 73,7% no seu Produto Interno Bruto (PIB) em 2016. “Mesmo que não volte com 100%, é um grande sinal. O impacto para o município foi devastador. O retorno é sempre saudável porque reativa cadeias produtivas ligadas à Samarco como todas aquelas ligadas a serviços industriais, manutenção, fornecimento de todo tipo de serviço, transporte de pessoas, passa a movimentar o porto que praticamente ficou parado”, avalia o economista Orlando Caliman. >
Ele também prevê que haja geração de postos de trabalho na cidade, mesmo que não seja possível, de imediato, recuperar as muitas vagas de emprego diretos e indiretos perdidas no período. “Vai ter impacto no emprego também, mas lógico que isso vai ser gradual. Mesmo assim já é um bom sinal. Provavelmente 26% (de produção) deve significar ativar uma das quatro plantas que a Samarco tem em Anchieta”, afirma.>
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Em abril deste ano, representantes da empresa durante uma reunião interna na Câmara Municipal de Mariana, em Minas Gerais, afirmaram que a companhia deve abrir cerca de 300 vagas no Estado na primeira fase de retomada de atividades. >
Em Anchieta, além do Porto de Ubu, a empresa possui quatro usinas de pelotização alimentadas por três minerodutos que transportam para lá minério produzido em Minas Gerais.>
Para Léo de Castro, a volta das atividades da Samarco é o "evento econômico mais relevante para o calendário estadual nos próximos meses". "Acredito que a retomada vai ser progressiva. A companhia sempre foi muito competitiva é natural que volte a operar com capacidade completa ao longo do tempo", prevê. >
O impacto da paralisação da Samarco também foi sentido na economia do Espírito Santo, que retraiu 9,3% no mesmo período. De acordo com Caliman, a retração relacionada diretamente à empresa foi de cerca de 4%, o que já é considerado um número alto. “Isso impacta muito numa economia relativamente pequena como é a do Espírito Santo. A produção era bem volumosa, quando foi retirada, deu um baque grande”, afirma. >
De maneira mais imediata, Anchieta deve sentir os efeitos da retomada da empresa através da movimentação dos setores de comércio e serviços, que gera Imposto Sobre Serviço (ISS) para o município. “O setor hoteleiros, as lojas, transportes, postos de gasolina, tudo isso será ativado, a cidade vai voltar a ter vida. Você chega hoje e parece um cemitério”, diz o economista. >
Já a participação dos municípios na distribuição do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) deve demorar a vir. O especialista explica que o cálculo é feito com dois anos de defasagem, então, mesmo com a retomada em 2020, o dinheiro do ICMS só deve retornar à Anchieta depois de 2022. >
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