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Produção de roupas e sapatos no ES deve mais que dobrar até 2035

Produção de roupas e sapatos no ES deve mais que dobrar até 2035

Segundo José Carlos Bergamin, o setor voltou a ser competitivo no Brasil depois de sofrer por anos com uma forte concorrência asiática

Publicado em 3 de fevereiro de 2020 às 13:01

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Fábrica da Missbella, em Colatina. Região Noroeste do Estado é um dos destaques na produção têxtil. (Divulgação)

O setor de confecções, têxtil e de calçados é um dos mais tradicionais do Espírito Santo. Ele envolve mais de mil empresas - entre micros, pequenas, médias e grandes -, emprega mais 10 mil pessoas e é referência na produção. Tal atividade, segundo estimativas de quem atua na área, deve mais que dobrar nos próximos 15 anos. Os planos desse segmento compõem a sexta reportagem da série sobre os desafios da indústria capixaba.

De acordo com José Carlos Bergamin, presidente da Câmara Setorial da Indústria do Vestuário - entidade que é composta por sete sindicatos de empresas do setor -, a expectativa é preparar empresas e mão de obras para atender o avanço desse mercado.

“Estamos falando de um crescimento de 150% em 15 anos. E nós precisamos trabalhar muito fortemente na formação da mão de obra e na certificação das empresas. Temos também que ser competitivos com relação aos cuidados do meio ambiente e à saúde do trabalhador. As empresas estão procurando por isso e esse vai ser o nosso diferencial com relação a Bangladesh, China e Vietnã”, apresentou Bergamin.

O presidente da Câmara Setorial da Indústria do Vestuário destaca que nos últimos anos o país sofreu com uma forte concorrência asiática no setor do vestuário, mas que o Brasil voltou a ser competitivo.

“O crescimento da demanda interna deve ser de 3%, mas a capacidade produtiva do Brasil atende somente 1,5% dessa demanda. Isso nos mostra que ainda haverá procura por produtos importados, mas não porque eles têm preços melhores, mas porque as nossas indústrias não vão conseguir suprir essa necessidade”, aponta.

Apesar da expectativa de crescimento, alguns pontos ainda precisam ser mais bem cuidados. Uma parte das empresas - as que desenvolvem seus próprios produtos - precisam investir em design qualificado para suas peças. Já a outra parte das companhias - que produzem o que é demandado por outras indústrias - deve focar mais na tecnologia e no processo produtivo.

“Poucas empresas precisam das duas coisas - design e melhoria do processo. Mas, fazendo isso, vamos passar a ver, cada vez mais, empresas de outros Estados acionando os prestadores de serviço daqui . E isso vai acabar gerando ainda mais emprego e renda para o Espírito Santo”, avalia.

BENEFÍCIOS SOCIAIS DEVEM LEVAR EMPRESAS DO SETOR PARA O INTERIOR DO ESTADO

Para José Carlos Bergamin, as administrações municipais, sobretudo as que se localizam no interior do Espírito Santo, deveriam buscar atrair empresas do setor têxtil e de vestuário para suas cidades. A justificativa, segundo ele, nem tanto pelos impostos gerados, mas sim por conta dos benefícios sociais.

“A indústria têxtil nunca vai ser valorizada por grandes contribuições de impostos, mas sim pelo equilíbrio social que gera. A maioria dos empregos é ocupado por mulheres que podem sustentar a casa e, ao mesmo tempo, ficar perto da família. É um tipo de indústria que se instala muito facilmente em qualquer telhado de residência”, garante.

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“Isso sem contar a nossa tradição com o vestuário. A primeira coisa que as mulheres, descendentes de alemães e italianos, ganhavam depois do casamento era uma máquina de costura. Ou seja, esse setor já está enraizado na vocação do Espírito Santo”, brinca Bergamin.

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