> >
No pré-Covid, mais da metade das famílias do ES não tinha computador

No pré-Covid, mais da metade das famílias do ES não tinha computador

Das 1.445.000 famílias existentes no Espírito Santo em 2019, 803 mil, isto é, cerca de 55,5%, não tinham acesso ao equipamento nem para trabalho nem estudo

Publicado em 14 de abril de 2021 às 14:56- Atualizado há 3 anos

Ícone - Tempo de Leitura min de leitura
Reportagem sobre mudança de autodeclaração de cor/raça
Homem escrevendo no computador. (Pixabay)

Trabalho a distância, estudo remoto, festa de aniversário por vídeo-chamada. Para muitas pessoas, essas práticas se tornaram relativamente comuns no ano passado. Mas em 2019, isto é, no pré-pandemia, o acesso ao computador ainda era limitado. Das 1.445.000 famílias existentes no Espírito Santo naquele ano, 803 mil, isto é, cerca de 55,5%, não tinham acesso ao equipamento.

O número, inclusive, chegou a crescer em relação ao ano anterior. Em 2018, foram contabilizados 1.405.000 domicílios no Estado, sendo que em 745 mil (51,5%) não havia um microcomputador, nem mesmo um tablet.

Os dados, divulgados nesta quarta-feira (14) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2019 - Tecnologia da Informação e Comunicação, a Pnad TIC.

Ao todo, 1.223.000 famílias capixabas, isto é, 84,6% do total, tinham internet em 2019. Mas a forma como era utilizada estava bastante relacionada à renda das famílias.

Entre as famílias que tinham um computador, a renda por habitante girava em torno de R$ 2.110. Mas o celular, que há anos se consolidou como principal forma de acesso à internet no país, não exige tanto. Até as versões mais baratas permitem utilizar ferramentas de pesquisa, redes sociais, entre outros aplicativos. Não obstante, nas casas em que a principal forma de acesso à rede são os aparelhos móveis, o rendimento médio per capita foi de R$ 1.445.

“Com base nesse exemplo, é possível ver o quanto isso é relevante: um computador, mesmo que simples, custaria para essa família algo na mesma proporção (ou mais) que o valor da sua renda domiciliar per capita”, observou Danielle Nascimento, economista na Todos - Analistas de Negócios e Projetos.

Ela destaca que embora ainda não se tenha os dados referentes ao ano passado - o IBGE os divulga com uma defasagem de dois anos, ou seja, somente em 2022 - essas diferenças estruturais devem ter ficado ainda mais evidentes durante a pandemia, quando as famílias precisaram de adaptar a uma rotina remota que exigiu amplas condições de infraestrutura domiciliar e apoio (no caso dos estudantes).

“O acesso à internet é relativamente amplo no Espírito Santo e no país, mas isso veio com grande popularização dos aparelhos celulares e conexões também via celular, o que dificulta muito o estudo e o trabalho. E equipamento tecnológicos, como o computador, não são baratos, então nem todas as famílias conseguem se adaptar rapidamente e um fator determinante para isso é a renda.”

Ela observa que, além do computador, para trabalhar ou estudar em casa, as famílias também precisaram de internet, de um espaço para as atividades (mesa, cadeira), um ambiente silencioso, fresco. Isto é, uma série de elementos básicos, mas que, muitas vezes, não existem em função da renda. "Se adaptar para uma rotina remota é bem mais que deixar de ir ao trabalho e à escola presencialmente", reforçou.

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

Tags:

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais