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Inadimplência cresce no ES; saiba como se livrar das dívidas e limpar nome

Inadimplência cresce no ES; saiba como se livrar das dívidas e limpar nome

Dados da Serasa de novembro mostram que Estado tem 1,3 milhão de inadimplentes, 5 mil a mais do que outubro; confira dicas para conseguir pagar as contas e voltar a ter crédito

Publicado em 20 de dezembro de 2023 às 20:05

Ícone - Tempo de Leitura 5min de leitura
João Barbosa
Repórter / [email protected]

Enquanto o Brasil registra queda no número de inadimplentes em 2023, o Espírito Santo está na contramão do cenário nacional, com um aumento na lista de endividados com contas atrasadas. De acordo com levantamento feito pela Serasa, o Estado conta com 1,3 milhão de inadimplentes, o que representa 40,9% da população adulta com o nome sujo.

Em novembro, 5.018 capixabas entraram para a lista da inadimplência, um crescimento de, aproximadamente, 0,39% em relação ao mês de outubro, quando o número era de 1.299.561. O Espírito Santo é o quarto Estado com maior aumento de consumidores em débitos atrasados, atrás de Minas Gerais, com 126.467 novos inadimplentes, Rio Grande do Norte, com 35.367, e Tocantins, com 10.311.

Negociação de dívidas com Bancos
As pessoas que estão com nome sujo podem negociar as dívidas. (Reprodução)
Inadimplência cresce no ES; saiba como se livrar das dívidas e limpar nome

De outubro para novembro, a lista nacional diminuiu em 143.462, com queda no número de consumidores inadimplentes em 17 Estados e no Distrito Federal. Em outubro, o Brasil contava com 71.927.611 devedores. Já no levantamento de novembro, a marca caiu para 71.784.149.

Segundo Thiago Ramos, gerente da Serasa, o capixaba acumula R$ 7,1 bilhões em dívidas, e os moradores de Vitória têm débitos superiores aos de São Paulo e Rio de Janeiro, respectivamente.

“Esse número se deve a uma soma de fatores que temos percebido, como a diminuição do poder de compra dos consumidores e a falta de organização financeira, por exemplo. A inadimplência no Brasil bateu recorde no mês de outubro e teve uma queda em novembro, mas o ES veio na contramão disso”, explica Thiago.

Em Vitória, a inadimplência média é de R$ 6.200, enquanto nas capitais de São Paulo e Rio de Janeiro os débitos estão em R$ 6.100 e R$ 5.900, respectivamente. No cenário nacional, 71,8 milhões de brasileiros estão inadimplentes, com um acumulado de R$ 378 bilhões a pagar, totalizando 43,8% da população adulta com débitos.

Mesmo com as recentes campanhas de negociação feitas pela Serasa e também pelo governo federal, a população capixaba não conseguiu colocar em dia suas contas. Situação que será estudada pelo órgão de proteção ao crédito.

“Hoje, ainda não temos uma explicação para isso. Foi realmente uma situação atípica que aconteceu no Espírito Santo, e a Serasa pretende entender em breve, já que isso se tornará um objeto de estudo”, pontua Thiago.

Segundo o gerente da Serasa, os principais débitos dos capixabas estão ligados a dívidas com bancos e cartões (29,8%), em contas básicas como água, luz e gás (23,5%) e outras instituições financeiras (16%).

Para reverter a situação, o órgão indica que os inadimplentes busquem a renegociação de dívidas e também estudos voltados para a educação financeira, ferramentas que, de acordo com Thiago Ramos, são fortes aliadas para a quitação dos débitos.

“A Serasa trabalha com parceiros para tratar isso e dar as melhores opções aos consumidores. Fizemos uma segunda fase da campanha de renegociação em parceria com 600 empresas e temos opções com 99% de desconto, pagamentos via Pix e até outras facilidades de pagamentos”, sinaliza.

O gerente acrescenta que há uma alta de busca por crédito nos três primeiros meses do ano. "Então, é importante essa iniciativa (de procurar por negociação) no fim do ano anterior. É interessante que a população busque educação financeira para que possa lidar com essas situações."

Para auxílio aos inadimplentes, o órgão de proteção ao crédito oferece ferramentas como o "Serasa Ensina", que apresenta métodos de educação e organização financeira, ajudando os consumidores a quitar os débitos.

Ao mesmo tempo, a Serasa alerta o público para tomarem cuidado com golpes que estão se tornando comuns nos meios digitais. “A Serasa não faz contato via WhatsApp, não liga para pedir dados e nem manda outro tipo de mensagem. O único meio confiável é através dos canais oficiais (site ou app Serasa) e também pelos Correios, nosso novo parceiro para atender ao público”, aponta Thiago.

A parceria com os Correios visa atender a população que tem dificuldade com aparelhos eletrônicos, abrindo espaço para que o cidadão possa ir até uma agência e elaborar a negociação dos débitos com um agente dos Correios, mediante taxa única de R$ 3,60 por atendimento.

De acordo com Thiago, visando mudar o cenário de inadimplência no Espírito Santo, a Serasa planeja um novo feirão físico no Estado, previsto para março de 2024, assim como o realizado na Praça do Papa no último mês de setembro.

Especialista dá dicas

O economista Ricardo Paixão explica que é importante que cada pessoa tenha a capacidade de compreender qual a situação financeira do momento, de modo a encontrar o melhor caminho para sair das dívidas. "A maioria das pessoas está com um orçamento apertado. Constantemente estamos vendo os preços cada vez mais altos e isso faz com que a sociedade se endivide, principalmente aquela parcela com menores salários."

Segundo o especialista, o ideal é que seja elaborado um planejamento financeiro para listar as receitas e as despesas. Dessa forma, é possível identificar gastos essenciais e os supérfluos, que podem ser descartados.

Para Thiago Ramos, gerente da Serasa, uma das melhores opções da divisão de renda é o método 50/20/30: 50% para os gastos essenciais, como alimentação, energia, gás e água; 30% para gastos que podem ser parcelados e com valores variáveis e os 20% restantes voltados para uma reserva de emergência.

Em caso de dificuldades, mesmo com o método para economia, Ricardo Paixão indica a busca por um profissional que possa auxiliar no controle das finanças.

Aspas de citação

O Conselho Regional de Economia do Espírito Santo pode ser procurado para que um profissional seja indicado para auxiliar o cidadão inadimplente, e tudo isso pode ser feito de forma gratuita

Ricardo Paixão
Conselheiro do Corecon-ES
Aspas de citação

Ricardo ainda alerta para que os inadimplentes evitem a criação de uma dívida para o pagamento de outra. "Não é prático criar outra dívida para pagar outra, seria apenas um 'tapa-buraco'. O melhor a se fazer é listar o que é supérfluo, o que pode ser cortado da lista de gastos e dessa forma direcionar os valores para o pagamento de parcelas do endividamento, se assim for possível".

Por fim, o especialista sugere que a pessoa endividada busque alternativas para aumentar os rendimentos.

“Muitas pessoas possuem outra habilidade além da que exercem profissionalmente, e isso pode se tornar uma renda extra. Sabe fazer doces ou bolos? Os alimentos podem ser vendidos. Ou se sabe uma disciplina e tem capacidade para ensinar, pode ofertar aulas de reforço, bem como quem sabe pintar ou costurar pode buscar a venda de materiais de artesanato. Tudo isso pode servir como ferramenta para o fim das dívidas", orienta o economista. 

5 passos para não ter nome sujo

  • 01

    Elabore um planejamento financeiro

    Liste todas as fontes de renda e todos os gastos. Para evitar a inadimplência, a soma das despesas nunca pode ser maior do que os rendimentos. Em um cenário ideal, apenas 50% do orçamento deve ser destinado aos gastos essenciais. Outros 30% podem ser reservados para gastos parcelados, como financiamentos, parcelas de cartão, bem como lazer. E os 20% restantes devem ser guardados, justamente para ter de onde tirar em caso de imprevistos.

  • 02

    Negocie

    Busque os credores e verifique a possibilidade de realizar acordos para efetuar o pagamento. Tente conseguir um prazo de carência, descontos e até mesmo efetuar o parcelamento, se necessário, mas garanta que consiga arcar com as parcelas, sem se endividar novamente.

  • 03

    Defina as prioridades

    Caso haja mais de uma dívida em atraso, relacione as prioridades, isto é, quais têm juros mais elevados, ou podem acarretar algum prejuízo no dia a dia, como a perda de algum bem ou serviço.

  • 04

    Fuja de empréstimos

    No momento, o crédito tem um custo elevado, em função das altas taxas de juros. Assim, a não ser que seja uma questão inevitável e essencial, como uma emergência ligada à saúde, por exemplo, não é uma opção tão vantajosa.

  • 05

    Busque outras fontes de renda

    Se o salário já não é suficiente para arcar com os gastos e o endividamento se torna um problema regular, procure formas de aumentar os rendimentos, seja vendendo bens dos quais não precisa, seja desenvolvendo alguma atividade secundária que renda lucros.

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