Publicado em 7 de fevereiro de 2020 às 16:05
Depois de um período de certa estabilidade, o preço do dólar voltou a subir. No início da tarde desta sexta-feira (7) ele estava custando R$ 4,32, renovando o recorde de maior valor nominal desde a implantação do Plano Real. >
Dessa vez, a alta está sendo provocada pelas preocupações globais com o coronavírus e também pelos dados de emprego nos Estados Unidos. Segundo relatório, o país americano criou, em janeiro, 225 mil postos de trabalho - o que demonstra fortalecimento da economia e da moeda americana. >
A previsão de crescimento do mundo está caindo e muito em função do coronavírus. A China que é uma grande compradora e vendedora de produtos está parada. Isso, certamente, vai impactar no mundo todo e ajuda a deixar o dólar mais forte, avalia o economista Mário Vasconcelos.>
Tal força da moeda americana pode ser sentida aqui no Espírito Santo, quase 7 mil quilômetros distante dos Estados Unidos. Isso porque o valor dos produtos podem subir consideravelmente. Primeiro os importados e com preço tabelado em dólar - combustíveis, celulares, vinhos, passagens aéreas e etc.>
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Num segundo momento, até os produtos nacionais podem encarecer - tendo em vista que com a moeda americana forte, fica mais mais vantajoso para os produtores nacionais negociarem seus produtos em dólar. Isso sem contar os impactos na economia, como a possível redução de investimentos e até preço dos aluguéis.>
E tal situação deve permanecer assim por um longo tempo. De acordo com o Boletim Focus do Banco Central, o dólar não deve custar menos de R$ 4 até 2023.>
Bebidas, queijos e chocolates importados estão entre os produtos que devem ser impactados pelo preço do dólar. Na mesma prateleira, neste caso, estão celulares e eletroeletrônicos - que são produtos que envolvem maior tecnologia na fabricação e também são feitos fora do Brasil.>
O barril de petróleo é negociado em dólar. Assim, se o real se desvaloriza frente ao dólar o combustível fica mais caro - já que o preço do produto tem influência da cotação internacional. Vale destacar que o Brasil exporta, em sua maioria, o petróleo cru, mais barato, e compra ele refinado, que é mais caro. >
Como o mundo todo está desacelerando, as exportações podem não ganhar com o aumento do dólar. Os principais parceiros econômicos do Brasil, como China e Argentina, também estão sendo afetados pelo aumento da moeda americana.>
Por outro lado, se os produtores conseguirem vender seus produtos, já que ficarão mais competitivos lá fora, esse aumento pode representar um aumento da inflação no Brasil. Com o dólar alto os produtores podem preferir vender seus produtos para o exterior, já que financeiramente é melhor, explica Vasconcelos. Vale lembrar que a recente disparada do preço da carne no Brasil foi causado, em parte, por um aumento da exportação dos bovinos para a China.>
Viajar para fora do Brasil pode ficar mais caro por dois motivos diferentes: o preço do querosene de aviação pode aumentar - o que eleva o preço das passagens; e a própria compra de dólares fica dificultada - tendo em vista que nas casas de câmbio o dólar turismo é comercializado em valor superior ao dólar comercial. >
Um dólar alto freia a animação de investidores e consumidores. A população passar a perceber que a situação econômica não está boa - o que consequentemente reduz o consumo. Hoje o mundo todo é integrado, globalizado. Qualquer variação numa moeda importante como o dólar impacta todos, comenta Mário Vasconcelos. >
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