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Publicado em 1 de julho de 2021 às 20:47
A mudança na faixa de isenção do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) prevista no projeto de lei apresentado nesta sexta-feira (25) pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, à Câmara dos Deputados, pode beneficiar cerca de 116,4 mil contribuintes do Espírito Santo, que ganham entre de R$ 1.903,99 e R$ 2.500 e ficarão livres da obrigação de prestar contas ao Leão. O número equivale a 18,4% do total (632,1 mil).>
No país, segundo projeções do Ministério da Economia, serão cerca de 5,6 milhões pessoas beneficiadas em um universo de 34,16 milhões de contribuintes. Contudo, o projeto ainda precisa ser aprovado pela Câmara e pelo Senado, podendo sofrer modificações.
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Hoje, a faixa de isenção do IRPF vai até R$ 1.903,98 e estava congelada desde 2015. Assim, quem tem ganhos iguais ou superiores a esse valor tem um percentual do salário retido por conta do tributo. Com a proposta de Guedes, que faz parte da segunda fase da reforma tributária do governo federal, somente quem ganha R$ 2.500,01 ou mais mensais estará sujeito à cobrança de IR.>
Conforme apontou o Ministério da Economia, o aumento na primeira faixa de isenção será de cerca de 31%, e mais de 5,6 milhões de trabalhadores brasileiros serão isentos do IR caso o texto seja aprovado. Todos os contribuintes, porém, serão beneficiados com reduções no valor do tributo, por conta da mudança em todas as faixas.>
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Para Monica Porto, conselheira do Conselho Regional Contabilidade do Espírito Santo (CRC-ES) e membro do Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas do Estado do Espírito Santo (Sescon-ES), o ideal seria que houvesse uma correção anual da tabela, a fim de acompanhar o avanço da inflação. Contudo, ela considera que a proposta é benéfica e necessária.>
“Nesse momento de crise que estamos passando, qualquer correção já alivia um pouco a conta do trabalhador. Milhões de brasileiros passarão a ser considerados isentos. E a correção acaba ajudando também quem ainda precisará pagar o imposto, pois como a tabela é progressiva, quando sobem a faixa de isenção, há uma correção também das demais faixas, e isso beneficia quem ganha mais, pois o valor do imposto a ser pago diminui.”>
O aumento da faixa isenção do IR para pessoas físicas é uma promessa antiga do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Durante a campanha que o levou à Presidência da República, ele havia dito que concederia a isenção do Imposto de Renda para pessoas que ganhassem até R$ 5 mil. Mas a proposta efetivamente apresentada pelo governo ao Congresso contempla somente quem ganha até a metade desse valor (R$ 2.500).>
O diretor-presidente da Fucape e doutor em Controladoria e Contabilidade, Valcemiro Nossa, pontua que a pressão por mudanças nas faixas de IR não é nova, e que existe hoje uma defasagem muito grande na tabela, conforme mostrou A Gazeta em reportagem publicada no mês de março.>
Essa diferença que se acumula por conta da inflação está em torno de 113,09%, considerando a alta geral dos preços entre 1996 a 2019 e as atualizações feitas no mesmo período, segundo estudo do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco). Para se ter ideia, nos últimos 24 anos, somente em cinco deles a correção da tabela do IR superou a inflação: 2002, 2005, 2006, 2007 e 2009. Agravando ainda mais a situação, a última atualização data de 2015.>
Se ela tivesse sido corrigida pela inflação acumulada (346,69%) desde 1996, 254.642 contribuintes do Espírito Santo, que ganham até R$ 4.022,89 por mês ficariam isentos de pagar o tributo. O número equivale a 40,1% do total. No país, seriam aproximadamente 13,9 milhões (43,38%) de um total de 32 milhões contribuintes.>
"Existe uma defasagem da tabela que é de mais de 100%. Neste caso, acho que já é um pequeno avanço que o governo consiga fazer uma correção que é de cerca de 31%. Não é o suficiente se você olhar do lado do contribuinte, mas, olhando do lado do governo, já é um avanço considerando o momento que estamos vivendo", observou o diretor-presidente da Fucape.>
O especialista avalia que, não fosse a crise econômica provocada pela pandemia do novo coronavírus, que abalou as já fragilizadas contas da União, teria sido possível elevar um pouco mais a faixa de isenção de IR. >
"Isso tudo impacta o caixa do governo, que vai ter que mexer em outros tributos para fechar essa conta. É um avanço. Ainda não é a correção necessária, porque ainda vivemos um período delicado, mas é a mudança possível para o momento.">
A proposta do governo prevê que o desconto simplificado de 20% ficará restrito a quem recebe até R$ 40 mil por ano. Além disso, os lucros e dividendos, hoje isentos, serão tributados em 20% na fonte, medida que também atinge remessas para o exterior. Em caso de envio de dinheiro para os países conhecidos como paraísos fiscais, a alíquota sobe para 30%. Para microempresas e empresas de pequeno porte haverá isenção para a distribuição até R$ 240 mil por ano. >
Também será permitido atualizar os valores de imóveis na declaração, com incidência de apenas 5% de imposto sobre o ganho de capital. Hoje, os imóveis são mantidos pelo valor original e, ao vender o bem, o cidadão precisa pagar entre 15% e 22,5% de imposto sobre o ganho de capital. >
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