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Publicado em 21 de janeiro de 2022 às 08:34
Não é de hoje que os carismáticos e inteligentes golfinhos dão as caras nas praias do Espírito Santo, especialmente na Grande Vitória. No caso dos botos-cinzas, ou Sotalia guianensis, é bem fácil de ver, já que eles têm hábitos costeiros e são muito comuns no Estado. A manhã desta quinta-feira (20) foi um desses momentos de sorte para um grupo de canoa havaiana, o Maui Vaa (vídeo acima). >
Já o lobo-marinho, que vem sendo alvo de relatos na última semana por quem frequenta o mar capixaba para a prática de esportes, parece surpreender até mesmo os biólogos, já que são incomuns no Estado. Mas, aparentemente, esses bichinhos diferentes também estão querendo se exibir neste verão. >
Quanto aos golfinhos, Thiago Ferrari, ambientalista e coordenador-geral do Projeto Golfinhos do Brasil, explica que a espécie dos botos-cinzas é residente na plataforma da Grande Vitória. Ao contrário das baleias-jubartes, que também aparecem de tempos em tempos no litoral do Espírito Santo, os botos nascem, se reproduzem e se alimentam por aqui, realizando apenas pequenos deslocamentos apenas.>
Thiago Ferrari
Ambientalista
Segundo a bióloga marinha e cetóloga Amanda Di Giacomo, coordenadora científica do projeto, por ser uma espécie muito costeira, ela sofre com possíveis emalhes em redes de pesca. "Além disso, também são problemas a poluição das cidades, a partir dos contaminantes dos rios e do lixo sólido, e as embarcações. Sobre isso, estamos fazendo estudos para avaliar melhor os impactos. Mas são animais que utilizam ondas sonoras para se comunicar e isso pode ter interferência, de certa forma, com o barulho das embarcações", alertou. >
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A preocupação com a pesca é digna de nota, de acordo com Thiago Ferrari, já que os botos caçam cardumes que se aproximam do litoral e esses peixes são alvo das redes dos pescadores locais. Nessa interação, também os golfinhos podem ficar presos de forma não intencional. >
"Esse emalhamento não intencional vem provocando o óbito dos animais por afogamento ou inanição. E isso é preocupante. É necessário o cuidado na utilização desses petrechos, principalmente as 'redes de espera', que acabam matando vários animais marinhos que não são alvos da pesca. Apesar de serem animais extremamente inteligentes e ágeis, o atropelamento por lanchas rápidas também pode acontecer. Então é necessário redobrar a atenção nas áreas próximas às praias e ilhas do litoral capixaba", afirmou o ambientalista.>
Segundo ele, com as coletas e apuração dos dados que vêm sendo desenvolvidas pelo projeto, a intenção é propor medidas mitigadoras dos riscos que essas espécies correm e trabalhar junto aos empreendimentos como os portos para favorecer o bem estar destes animais presentes no litoral capixaba.>
A respeito dos divertidos lobos-marinhos (Arctocephalus australis), a bióloga Amanda Di Giacomo afirma que não é uma espécie comum aqui no mar do Espírito Santo. "Apesar disso, já ocorreram outros registros em anos anteriores. Ela é mais comum no sul do Brasil, bem como no Uruguai, na Argentina e no Peru. Ela vem para as águas brasileiras para alimentação", iniciou.>
As colônias de reprodução são mais concentradas nos outros países, de acordo com explicação da especialista. "Eles têm como característica o focinho fino e alongado e duas camadas de pelo, variando de cor negra a marrom nos adultos, e cinza prateado nos filhotes, com ventre de coloração mais clara: a primeira camada é curta, fina e clara, e a segunda possui pelos escuros e grossos. Além disso, eles têm as orelhas aparentes. Acabam aparecendo aqui pois estão em busca de alimento. Então seguem as correntes marinhas e acabam aparecendo", finalizou. >
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