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Vídeo: na cadeira de rodas, jovem paraplégica faz rapel no Morro do Moreno

Vídeo: na cadeira de rodas, jovem paraplégica faz rapel no Morro do Moreno

Thais Lopes do Sacramento, de 28 anos, ficou paraplégica em 2019 após uma cirurgia de alto risco para a retirada da medula. Sobre a aventura, ela afirma: "O maior obstáculo para não realizar nosso sonho somos nós mesmos"

Publicado em 17 de março de 2022 às 07:20

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Uma condição chamada "malformação arteriovenosa medular" não foi capaz de parar Thais Lopes do Sacramento, de 28 anos. Ela, que ficou paraplégica em 2019, após uma cirurgia de alto risco para a retirada da medula, subiu o Morro do Moreno, em Vila Velha, no último sábado (12), e, na cadeira de rodas, se aventurou no rapel.

Desde o início do diagnóstico da doença, que pode ser explicada como uma anomalia vascular provocada por defeitos na comunicação entre veias e artérias da medula espinhal, Thais sabia que, caso saísse com vida do procedimento médico, poderia ficar sem andar. E o desejo pelos esportes radicais não é de hoje, surgiu ainda na adolescência, quando ela conta que não teve tempo para fazer.

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Na cadeira de rodas, Thais encarou o rapel no Morro do Moreno, em Vila Velha. (Arquivo pessoal)

Depois de perder os movimentos das pernas, a jovem achou que a vontade de se aventurar nesse tipo de atividade seria impossível de ser concretizada. No entanto, um dia Thais, que trabalha como auxiliar administrativa, se deparou com uma publicação nas redes sociais que mostrava uma cadeirante fazendo rapel. "No momento que vi, fiz contato, e, para minha surpresa, o instrutor Sandro logo abraçou a minha vontade", contou. Veja publicação que a inspirou:

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A preparação foi toda organizada pelo instrutor. Ele se colocou à disposição para me locomover até a subida ao Morro do Moreno – por sinal, é uma caminhada cheia de desafios. A experiência foi única, um misto de emoções como liberdade, empoderamento e desejo cumprido. Deixo para as pessoas a mensagem de que independente de qualquer coisa, jamais desista de viver a vida por achar que é incapaz. O maior obstáculo para não realizar nosso sonho somos nós mesmos

Thais Lopes do Sacramento
Auxiliar administrativa
Aspas de citação
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Thais e o instrutor Sandro durante o rapel. (Arquivo pessoal)

APOIO DE PROJETO ESPORTIVO

O desejo de Thais foi possível também graças ao projeto Parajiu-Jitsu, de Colina de Laranjeiras, na Serra, onde ela vem praticando a arte-marcial (jiu-jitsu) há dois anos. Segundo o professor do esporte, Eleser Batista, de 37 anos, a iniciativa tem a finalidade de incluir pessoas com limitações físicas no esporte. "Com o passar das aulas, vimos que estávamos transformando vidas. Dentro e fora do tatame, nosso legado é de poder transformar o mundo em um lugar melhor".

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Thais e o professor de Jiu-jitsu, Eleser Batista. (Arquivo pessoal)

"No caso da Thais, os desafios para subir o morro foram, a todo instante, preocupantes, porém, a equipe 'vertical.es' nos deixou tranquilos. Mas a subida foi bem exaustiva. Quando chegamos ao topo, fiquei aliviado e emocionado, pois a visão da descida foi surreal, impressionante, tive a sensação de dever cumprido, pela amizade e zelo com a Thais. Juntos somos mais fortes", finalizou Batista.

UM POUCO MAIS SOBRE A HISTÓRIA DE THAIS

Thais afirma que ter passado a se locomover com ajuda da cadeira de rodas a fez se sentir uma pessoa ainda melhor. "Hoje posso afirmar que, apesar de não poder andar, a cadeira de rodas me fez quebrar traumas do passado, me transformou em uma mulher melhor. Estranho falar que hoje, mesmo com a deficiência, sou muito mais feliz do que quando andava", disse.

No início, a jovem disse que não sabia bem como encarar a nova condição, ainda mais sendo responsável pela filha, hoje com 10 anos, com quem mora. "Se aceitar em uma nova condição é uma barra pesada para qualquer pessoa, eu mesma tive o famoso preconceito comigo mesma. O meu maior desafio, por vezes, é a falta de acessibilidade no modo geral", encerrou.

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Cadeirante durante o rapel no Morro do Moreno: "Experiência única". (Arquivo pessoal)

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