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Vacina contra a Covid-19 pode se tornar anual? Especialistas opinam

Vacina contra a Covid-19 pode se tornar anual? Especialistas opinam

Estado de São Paulo anunciou que um novo ciclo de imunização contra o coronavírus vai acontecer em janeiro e que a prática deve se tornar anual

Publicado em 23 de julho de 2021 às 13:02

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Seringas e agulhas devem ser usados no Programa Nacional de Imunização (PNI) contra a Covid-19
(Foto de Karolina Grabowska/ Pexels)

Na última segunda-feira (19), o secretário da Saúde do Estado de São Paulo, Jean Gorinchteyn, afirmou que um novo ciclo de imunização contra o coronavírus vai acontecer a partir do dia 17 de janeiro de 2022 para os moradores do estado, pontuando que não se trata de uma dose de reforço.

Segundo o secretário, a vacinação contra a Covid-19 deve ocorrer anualmente. "Isto não é um reforço. Isto é uma necessidade que nós temos de estar sempre, anualmente, fazendo uma proteção. Nós chamamos de reforço vacinal quando eu uso uma terceira ou quarta dose. Nós estamos seguindo a prerrogativa das vacinas pra vírus respiratórios como da gripe, que anualmente recebem uma imunização. Entendemos que o coronavírus veio para ficar", afirmou Gorinchteyn.

Ainda segundo o secretário, a expectativa é que o Ministério da Saúde e o Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) também tenham o entendimento de que é necessário o início do novo ciclo em janeiro.

O governo de São Paulo, porém, iniciará a vacinação independentemente de um consenso.

DEBATE AINDA DEPENDE DE PESQUISAS

Apesar da iniciativa de São Paulo, a ideia de que a vacina contra a Covid-19 pode ser incorporada ao calendário anual de imunização dos brasileiros ainda não é um consenso entre os especialistas.

Para Ethel Maciel, pós-doutora em Epidemiologia e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), são grandes as chances da inclusão dos imunizantes contra a Covid-19 no calendário, mas a decisão ainda depende de novas pesquisas sobre imunidade e o comportamento da pandemia.  

“A inclusão no calendário anual é o que acho que deve acontecer, entretanto, precisamos monitorar os estudos que têm sido feitos, com o acompanhamento, principalmente, das pessoas que vacinaram em janeiro. A certeza virá com o tempo, mas o provável é que a gente precise se planejar para o ano que vem ter um novo ciclo de vacinação”, afirmou.

Ethel destacou o surgimento das variantes do coronavírus como um dos motivos para que a imunização continue. “Acredito que, por conta do surgimento de novas variantes, vamos precisar tomar a vacina todo ano. Então, em vez de uma terceira dose, caminhamos para um novo ciclo de vacinação. Isso porque ainda não sabemos se os anticorpos oferecem proteção depois de seis, nove meses ou um ano”, ressaltou.

O surgimento de novas variantes do coronavírus também foi citado pelo médico infectologista Lauro Ferreira Pinto como um dos motivos que podem embasar a decisão de dar continuidade à imunização. “O vírus deve continuar circulando, já que existe a variante Delta, que é mais transmissível. Desta forma, é possível que exista a necessidade de uma nova vacinação."

No entanto, segundo o infectologista, ainda é prematuro afirmar quando isso deverá ocorrer. “Acredito que vai acontecer uma atualização da vacina por conta das variantes, mas  é cedo para falar de calendário anual”, ponderou.

Doutor em Imunologia  e professor da Ufes, Daniel Gomes também acredita que é antecipado falar sobre a terceira dose ou calendário anual, e que o melhor no momento é concluir a vacinação em massa dos brasileiros. 

"Acho muito precoce esse tipo de discussão, principalmente baseado na nossa cobertura vacinal. É mais importante promover a vacinação dos grupos que ainda não foram imunizados. Até o momento, todas as vacinas que nós estamos utilizando no país apresentam capacidade de proteção, portanto, ainda não vislumbramos a necessidade de uma terceira dose", destacou.

E, segundo a médica infectologista Jaqueline Rueda, somente com estudos sobre a permanência e duração da imunidade com duas doses, além do comportamento da epidemia com o surgimento das novas cepas,  será possível definir políticas públicas sobre a necessidade ou não da continuidade da vacinação.

“Ainda é precoce a conclusão sobre essas questões. É prioritário aumentarmos a cobertura vacinal nas diversas faixas etárias garantindo as duas doses. Acredito que, em 2022, serão mantidas duas doses para pessoas não vacinadas neste ano e não como vacina anual", avaliou.

Com informações do Folha Press 

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