Publicado em 8 de novembro de 2020 às 09:36
A pandemia da Covid-19 afeta a saúde não apenas daqueles que são infectados pelo novo coronavírus, mas também dos que alteraram hábitos para se adaptar à nova realidade. É o caso de crianças que, em função do uso excessivo de telas - celulares, tablets, computadores - estão mais suscetíveis ao desenvolvimento do estrabismo, uma doença que atinge os olhos e tem aumentado significativamente no público infantil. O alerta é da oftalmologista Cláudia Maestri, precursora do "exame do olhinho" no Espírito Santo. >
Os eletrônicos já faziam parte do cotidiano de muitas crianças. Com a crise sanitária, porém, além de aumentar o tempo de utilização das telas para lazer, a rotina de estudos também passou a depender dos equipamentos. >
Segundo a médica, o estrabismo é uma doença em que os olhos ficam desviados, e seu aparecimento está diretamente ligado ao tempo em que a criança fixa seu olhar numa só direção e, potencializada pela luz das telas, provoca fadiga no músculo ocular. >
O estrabismo é quando os olhos não estão em paralelo e passam a ficar desviados: para cima, para baixo, lado esquerdo ou direito. Nas crianças, pode acontecer em decorrência de grande exposição aos aparelhos eletrônicos com tela, reforça Cláudia Maestri. >
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A oftalmologista explica que, até os oito anos, o olho humano está em formação e quanto menor a criança, maiores os danos porque os músculos oculares não estão fortalecidos. Cláudia Maestri lembra que, conforme orientações também da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), menores de 2 anos não devem usar telas, e a partir dessa idade, existe um tempo máximo de utilização por faixa etária, que chega a até 3 horas diárias, com intervalos. >
Hoje em dia os eletrônicos fazem parte da vida de todo o mundo, mas devemos ter cautela também quanto tempo de uso. E, quando a exposição for necessária, é importante respeitar os intervalos, bem como exercitar os olhos, olhando para o horizonte ou longas distâncias, por dez a quinze minutos, ensina a médica.>
Cláudia Maestri orienta, ainda, que as pessoas adotem a regra 20/20/20. A cada vinte minutos de uso, parar vinte segundos e olhar a vinte pés (o equivalente a 6 metros de distância).">
Ainda sobre a distância dos aparelhos em relação aos olhos da criança, o ideal é que seja sempre maior que 40 centímetros. Se for menor, e conforme o tempo que passa exposta às telas, mais risco de fadiga ocular e espasmo, que causam o estrabismo, cansaço na leitura e até visão dupla. Além disso, a luz desses equipamentos pode causar também outros distúrbios para a saúde da criança.>
Cláudia Maestri
OftalmologistaCláudia Maestri acrescenta que o estrabismo é uma doença que pode ser tratada e que as famílias devem observar os sinais. É importante que os pais e responsáveis fiquem atentos aos sintomas da doença, que podem ser: piscar e lacrimejar menos, ressecamento dos olhos, fotofobia, dor de cabeça, enjoo, crises de enxaqueca, pálpebras inchadas, dentre outras alterações nos olhos da criança sem motivo aparente", relaciona.>
O oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier, diz que o estrabismo atinge 5% da população do país, mas está em ascensão. Quando provocado pelas telas, explica a assessoria do médico, está associado ao excesso de informação visual e à velocidade das imagens. Ele também chama a atenção dos pais. Muitos demoram para consultar um oftalmologista porque algumas crianças têm estrabismo intermitente, em que o desalinhamento só acontece durante as atividades de maior esforço visual. A descontinuidade do sintoma é interpretada como regressão do problema. Por isso, acabam colocando a visão do filho em risco, adverte.>
O especialista aponta que o estrabismo pode anular a visão do olho que enxerga menos. O resultado, segundo Queiroz Neto, é o olho preguiçoso ou ambliopia, maior causa de cegueira monocular no país. A ambliopia só pode ser revertida até os 10 anos. Depois disso, não tem cirurgia ou transplante que recupere o olho mais fraco. Por isso, a observação da criança, diagnóstico e tratamento precoces são essenciais", conclui. >
(*) Mônica Moreira é aluna do 23° Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta, sob supervisão da editora Joyce Meriguetti e de Aline Nunes>
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