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Publicado em 24 de novembro de 2023 às 18:17
- Atualizado há 2 anos
Sete trabalhadores foram resgatados em situação semelhante à escravidão em uma casa de um alojamento localizado no bairro Altoé, em Nova Venécia, no Noroeste do Espírito Santo, na manhã desta sexta-feira (24). >
Segundo o auditor fiscal do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) Rodrigo de Carvalho, que coordenou a fiscalização ao lado de agentes da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público do Trabalho (MPT), o alojamento em questão é o mesmo onde doze trabalhadores foram resgatados, também em situação análoga à escravidão, no dia 25 de outubro. Os trabalhadores eram contratados por uma empresa para atuar na construção de casas populares no município. >
Na época, os auditores fiscais constataram no local que os homens viviam em casas precárias, sem água potável e alimentação. Além disso, alguns não possuíam carteira de trabalho assinada. >
Na operação realizada nesta sexta-feira, de acordo com Rodrigo de Carvalho, a situação encontrada foi ainda pior, visto que os fiscais constataram que os trabalhadores não tinham geladeira e fogão para conservar e cozinhar os alimentos. Os funcionários ainda relataram aos fiscais que, em algumas situações, tiveram que pagar a água e a luz da casa onde estavam. >
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Rodrigo de Carvalho
Auditor fiscal do trabalho do MTE"Eles também disseram que muitas vezes precisaram comprar comida com o próprio dinheiro e que já pediram água gelada aos vizinhos, já que no local não tem geladeira. Eles não souberam informar se as carteiras de trabalho deles estavam assinadas e disseram, ainda, que a quinzena estava atrasada", acrescentou o auditor fiscal do trabalho. >
Os sete trabalhadores resgatados nesta sexta-feira são de São Mateus, no Norte do Estado. Segundo Rodrigo de Carvalho, a Prefeitura de Nova Venécia disponibilizou uma van para levá-los de volta para casa. >
Procurada pela reportagem, a Prefeitura confirmou que o município recebeu a visita do Ministério do Trabalho e da Polícia Federal nesta sexta-feira. No entanto, o órgão informou que ainda não foi notificado formalmente sobre a situação. "Em tempo oportuno, uma nota de esclarecimento será emitida", comunicou. >
Sete trabalhadores são resgatados em situação análoga à escravidão em Nova Venécia
O governo do Estado também foi procurado. A Secretaria de Estado de Saneamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano (Sedurb) informou que a obra de construção de 32 unidades habitacionais está sendo executada por meio de convênio com a prefeitura. A contratação da empresa é realizada por licitação pelo município, sendo competência também da prefeitura municipal, a fiscalização das condições de trabalho. A ação compete ao cronograma de entrega da obra para a população, segundo a pasta.>
A Sedurb disse ainda que o investimento do governo do Estado é de R$ 2,2 milhões com contrapartida do município de R$1,1 milhão. A obra tem previsão de conclusão em dezembro de 2023.>
Em nota à reportagem, a defesa da empresa responsável pela construção das casas populares informou que já está ciente da situação e a questão está sendo debatida por vias legais. "Nesse momento, a empresa vem sendo vítima de várias pessoas mal intencionadas que sequer trabalham na obra e que tentam extorquir o proprietário com base na situação artificialmente plantada", comunicou. >
"O local investigado sequer está em posse da empresa e as pessoas que estiveram lá nos últimos dias, se é que tinha alguém, não possuem vínculo algum com a empresa, o que apenas confirma a armação que vem acontecendo desde outubro. A empresa já sabe quem são os responsáveis por essas atitudes covardes e está tomando as providências criminais cabíveis", acrescentou a defesa. >
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