Publicado em 11 de junho de 2020 às 08:25
Há pouco mais de dez dias, a técnica de Enfermagem do Trabalho, Nelcileia Aparecida Viana, 42 anos, deixou a UTI do Hospital São Camilo, em Aracruz. Após passar 16 dias internada, boa parte deles intubada, ela conseguiu vencer a Covid-19. Agora luta para superar as sequelas: uma perna paralisada e lapsos de memória. >
Nelcileia se emociona ao falar da doença. É muito ruim lembrar do que vivi, mas Deus me deu uma nova chance e quero aproveitá-la. Agora a sensação é de libertação, conta, emocionada.>
Desde que deixou o hospital, no último dia primeiro, ela enfrenta dificuldades com lapsos de memória. Às vezes quero falar, contar algo, e não consigo me lembrar das palavras. Esqueço e não consigo falar direito, relata.>
Parte de sua perna esquerda também ficou paralisada, o que tem impedido Nelciléia de andar. Não consigo andar sozinha. Preciso sempre do apoio de outra pessoa. Dentro de casa, com muito esforço, tenho dado alguns passos, conta. >
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O médico informou para Nelciléia que as sequelas podem ser um reflexo da intubação e da medicação que precisou tomar. Foi o que me informaram. Vou começar a fazer fisioterapia para recuperar o movimento da perna. Segundo eles, com o tempo, vai melhorar. É o que espero, conta.>
Aos 42 anos, ela é mãe de duas filhas, uma de 14 e uma de 22 anos. No momento está morando com a irmã em Jardim Camburi, Vitória, já que não consegue ficar sozinha e precisa de ajuda para continuar se recuperando.>
Nelcileia é técnica de Enfermagem do Trabalho e atua em uma empresa que faz prestação de serviços de portaria, principalmente na Serra. Relata que começou a sentir os primeiros sintomas em meados de maio. Eram sintomas de gripe e fui afastada do trabalho. Cheguei a procurar duas unidades de saúde na Serra e fui diagnosticada até com coqueluche, explica.>
No dia 15 de maio, quando sentiu um agravamento do quadro, foi até a UPA de Serra Sede. Lá me atenderam melhor e o médico avisou que estaria com sintomas de Covid-19. Fiz um raio x, exame de sangue e o teste. Voltei no dia seguinte e já tinha o resultado do exame. De lá já fui encaminhada para Aracruz, na ambulância, para internação. Não havia vagas no Hospital Jayme Santos Neves, conta.>
Ela só se recorda do momento em que chegou ao hospital e de entregar sua bolsa para um cunhado. Não me lembro de mais nada. A enfermeira falou que fiquei mais de uma semana inconsciente, conta.>
Do período total de internação, 12 dias ela passou na UTI. Os contatos com a família eram viabilizados pelos médicos, por intermédio de videoconferência. Eles foram muito atenciosos. Não podia receber nenhuma visita, mas todos os dias eles ajudavam a manter contato com a minha família, diz.>
Sua irmã, Rosemeri da Silva Rodrigues, relata que a angústia aumentava à medida que o quadro de Nelcileia se agravava. "Os rins pararam de funcionar e o coração ficou muito fraco, mas ela conseguiu superar a doença. O atendimento da equipe no hospital foi maravilhoso e ajudou muito", conta.>
Nelcileia agora quer se recuperar, continuar trabalhando e concluir o curso que está fazendo na área de Segurança do Trabalho. Agora é bola pra frente, diz, assinalando que as pessoas precisam ter cuidado para evitar a contaminação dos outros. Até os que são assintomáticos precisam ficar em casa. O risco de contaminar um parente é muito grande, alerta. >
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