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Réu por lavagem de dinheiro do jogo do bicho no ES está foragido

Réu por lavagem de dinheiro do jogo do bicho no ES está foragido

Denunciado pelo MPES com mais sete pessoas, o empresário Kaio Zanolli  está sendo procurado desde o último dia 13, quando foi realizada a segunda fase da operação

Publicado em 21 de junho de 2023 às 07:59

Ícone - Tempo de Leitura 5min de leitura
Operação Frisson - segunda fase - Gaeco/MPES - prisão de cinco pessoas
Segunda fase da Operação Frisson foi realizada no último dia 13. (Vitor Jubini)

O empresário Kaio Zanolli, réu em processo criminal por atuação em organização criminosa e lavagem de dinheiro dos valores obtidos com a exploração do jogo do bicho, está foragido. Ele foi denunciado pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES) junto com outras sete pessoas. Dos seis que tiveram a prisão decretada, é o único que não foi localizado.  Ele está sendo procurado desde o último dia 13, quando foi realizada a segunda fase da Operação Frisson.

Por nota, o MPES confirmou que o mandado de prisão contra o empresário Kaio ainda não foi cumprido por ele não ter sido localizado e que se encontra foragido. 

Polícia Federal informou que uma restrição foi incluída no sistema de migração da corporação para o nome do empresário, o que  impede que ele possa deixar o Brasil por via aérea. Nos próximos dias, assim que a Justiça estadual determinar, o nome de Kaio será incluído na lista de procurados da Interpol — a organização internacional de polícia criminal —, com um alerta vermelho, o que permitirá que ele possa ser preso em qualquer país.

Os denunciados

Kaio e outras sete pessoas são réus em ação penal após a Justiça estadual aceitar denúncia do Ministério Público do Espírito Santo (MPES) contra eles por atuação em organização criminosa e lavagem de dinheiro dos valores obtidos com a exploração do jogo do bicho. Para seis delas já foi determinada a prisão e cinco foram presas. São eles:

  • Jeferson Santos Valadares 
  • Sérgio Zanolli 
  • Diego Meriguetti
  • Marciano Cruz de Sá 
  • Demer Freitas Ferreira

O único foragido é Kaio Zanolli. A denúncia criminal, já aceita pela Justiça estadual, foi oferecida também contra a esposa de Sérgio, Tayssa de Abreu Milanez, e contra a ex-esposa de Kaio, Isabela Carreiro Silva Zanolli, totalizando oito pessoas.

Avião desaparecido foi localizado

Ao aceitar a denúncia do MPES, a Justiça estadual também determinou a apreensão de diversos bens do grupo de empresários, incluindo um avião, modelo Cirrus SR22, com avaliação mínima no mercado de R$ 3,5 milhões.

A aeronave estava desaparecida e foi localizada no início da tarde de terça-feira (20). Foi entregue no Aeroclube de Vila Velha, onde foi apreendida, seguindo determinação judicial.  Inicialmente havia sido informado que ela estaria  em um aeroclube na cidade de Itaperuna, no Norte do Rio de Janeiro, mas não foi encontrada no local.

Com prefixo PR-OHT, tem capacidade para transportar  um piloto e três passageiros. Na postagem abaixo, ela foi registrada no Aeroporto de São Mateus.

Dezenas de outros bens, de alto valor, pertencem ao grupo, segundo a denúncia do MPES. Na primeira etapa da Operação Frisson, realizada em junho do ano passado, foram apreendidos:

  • Embarcações - duas, incluindo o iate que deu nome à operação, o Frisson I (74 pés, ou mais de 20 metros de comprimento, apontado como um dos maiores do Espírito Santo), em uma avaliação considerada baixa de R$ 3 milhões
  • Helicóptero - um, modelo Robinson 66, com avaliação estimada de cerca de R$ 5 milhões
  • Carros - um Porsche 911 Carrera S, avaliado em R$ 1,2 milhão, e um Volvo XC60 T8 Inscription
  • Telefones celulares - incluindo um de ouro,  iPhone, de 24 quilates 
  • Dinheiro - euros, dólares, reais - valores ainda vão ser apurados 
  • Joias

No último dia 13 foram realizadas novas apreensões na segunda fase da operação. Entre os bens estão:

  • Imóveis - 51
  • Avião - um, modelo Cirrus SR22, com avaliação mínima no mercado de R$ 3,5 milhões
  • Veículos - dos 28 apontados na decisão judicial, 17 já foram apreendidos. Entre eles estão duas BMW, uma delas, a X6M, avaliada em R$ 1,5 milhão.  Há ainda Mercedes Benz B 180; VW Golf; BMW X6 M Competition; Caminhão VW 12.140 H; Mercedes Benz ML 63 AMG; BMW X4 SDRIVE; Motocicleta Honda PCX 150; AUDI RS4; Volvo XC60 T8 Inscript; VW/Amarok; Toyota/Corolla A Premiun H; Land Rover Velar P300; Jeep Compass Limited F; Embarcação SKZ V; Eclipse GT; Kadett GSI
  • Motocicleta - duas, Honda CB600F Hornet; Motocicleta Honda PCX 150
  • Jet ski - 1

Jet Ski de Jeferson Valadares apreendido na Operação Frisson
Jet Ski de Jeferson Valadares apreendido na Operação Frisson. (Reprodução redes sociais)

Além do patrimônio acima, os denunciados pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES) possuem várias empresas em seus nomes — um deles é sócio da Faculdade Novo Milênio. São ainda proprietários de pontos de jogo do bicho em Vitória e Vila Velha e de sites de apostas.

As investigações apontam que eles partilham a posse de alguns bens, como as embarcações e helicóptero, mas também atuam em parceria nas suas empresas, que seriam utilizadas na lavagem de dinheiro dos valores obtidos com a exploração do jogo do bicho.

Os crimes investigados estão previstos na lei nº 12.850/13 (organização criminosa) e na lei n. 9.613/98 (lavagem de dinheiro).

Segundo nota do MPES, a apreensão do patrimônio “visa não apenas o ressarcimento do valor do dano calculado em R$ 60.491.735,89, mas também atingir o produto/proveito direto dos crimes, bem como aqueles bens que são incompatíveis com a renda lícita dos denunciados, calculados em R$ 64.679.731,06”.

Os telefones celulares apreendidos na primeira fase da operação, incluindo o iPhone, com capa de ouro de 24 quilates, foram devolvidos aos proprietários após extração das informações.

O que diz a defesa dos detidos

O advogado Josmar de Souza Pagotto, que faz a defesa de Jeferson Valadares, relata que o processo já tramita desde 2021 e que, no período, a defesa procurou demonstrar, prestar esclarecimentos e apresentar comprovações de renda de que as empresas de seu cliente foram fundadas há muitos anos e que não têm relação com ilegalidades.

“Na fase de apuração, apresentamos provas, de receita de procedência lícita, mas neste momento em que se tomou decisão de prisão, não temos conhecimento dos motivos”, informou.

Assinalou ainda que a origem dos recursos do seu cliente está demonstrada no Imposto de Renda. “Queremos compreender o que motivou a prisão e fazer o contraditório”, explicou.

O advogado Anderson Burke faz a defesa de Demer e Marciano. Ele avaliou a prisão de seus clientes como “uma surpresa”. “Tendo em vista que há mais de um ano Marciano e Demer colaboraram integralmente com a investigação para a elucidação dos fatos, bem como demonstraram rigoroso respeito às ordens judiciais de natureza cautelar que foram tomadas pelo juízo competente”, destaca.

Ele relata que, após ver a decisão judicial, fará uma análise mais acurada. "E iremos tomar as medidas necessárias”, destacou Burke.

O advogado de defesa de Sérgio e Kaio Zanolli informou à reportagem que não se manifesta sobre o assunto.

Errata Atualização
21 de junho de 2023 às 10:00

O texto foi atualizado com informações sobre o nome completo das duas mulheres denunciadas pelo MPES.

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