Publicado em 24 de novembro de 2020 às 16:58
Há dois anos, um grave acidente com um ônibus de estudantes tirou a vida de duas universitárias e deixou outras dezenas de passageiros feridos na rodovia ES 181, na Serra de Anutiba, no interior de Alegre, na Região do Caparaó. Na época, a conclusão do inquérito policial apontou que o veículo não apresentava condições mínimas necessárias para uma condução segura. >
No dia 22 de novembro de 2018, o ônibus seguia com 28 estudantes, de Muniz Freire para duas universidades de Alegre, na região do Caparaó. Testemunhas contaram para a Polícia Militar que o motorista do ônibus - que também é proprietário do veículo, dono da empresa - teria perdido o controle em uma curva e, para não cair em uma ribanceira, manobrou para tentar voltar para a pista. O coletivo tombou e deslizou por alguns metros antes de parar.>
Além de pneus carecas, também havia amarrações nas peças do veículo. O ônibus estava com o licenciamento vencido e o motorista não tinha autorização para fazer transporte escolar. >
Tereza Fasta da Silva Neta, de 20 anos, morreu no local do acidente e Joilma Couto Cazzador, 40 anos, faleceu a caminho do hospital. 24 pessoas ficaram feridas. A estudante de psicologia Sara Lima dos Santos, que na época tinha 18 anos, foi uma delas. Ela teve um dos braços amputados no momento da batida.>
>
Sara morava no interior de Muniz Freire, mas para tranquilizar a família e não precisar mais se deslocar todos os dias até a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Alegre (Fafia), hoje reside em Alegre. Ela conta que as vítimas do acidente ainda se reencontram, pois continuaram os estudos.>
Não tenho rancor. Minha perda foi leve diante das famílias que perderam entes queridos, como a Jô que tinha uma filha pequena. Para elas, saber que o culpado está livre, é complicado, afirma a estudante.>
O delegado à frente do caso na época, Ricarte Teixeira, indiciou o motorista e dono da empresa José Roberto Pinheiro por dois homicídios dolosos (por assumir o risco devido às más condições do veículo), quatro lesões corporais graves, uma lesão corporal gravíssima e sete lesões corporais leves. O Ministério Público do Espírito Santo (MPES) pediu a prisão dele, mas foi negada pela Justiça. A promotoria de Alegre recorre da decisão e o caso segue em tramitação na Justiça, sem condenados. >
Em nota, o escritório Pavesi e Cassa Advogados Associados, por meio da advogada Elaine Sobreira, responsável pela defesa de José Roberto Pinheiro, informou que o processo ainda está na sua fase inicial. Afirmou ainda que o motorista e proprietário da empresa sempre esteve aberto ao diálogo com as vítimas, ressaltando que o acidente se tratou de uma fatalidade, tendo inclusive como vítima a sua esposa que também estava no ônibus.>
A defesa, ao ser intimada do recurso ministerial, requereu, o não provimento do mesmo, em razão do fundamento utilizado para o pedido de prisão não constituir-se dentro das previsões legais do artigo 312 do Código de Processo Penal. Assim, a defesa informa que o processo está em fase de análise deste recurso do pedido de prisão e ainda não julgado pelo Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Espirito Santo.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta