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Projeto forma jovens em restauração de patrimônios históricos no ES

Projeto forma jovens em restauração de patrimônios históricos no ES

Com aulas teóricas, oficinas práticas e estágio em obras reais, projeto oferece qualificação técnica e novas perspectivas para jovens da Grande Vitória

Publicado em 3 de dezembro de 2025 às 11:18

 O Instituto Goia e a Petrobras estabelecem parceria para formar especialistas em restauração e preservar o patrimônio cultural do ES.
Instituto Goia e Petrobras têm parceria para formar especialistas em restauração e preservação do patrimônio cultural Crédito: Divulgação/Instituto Goia

Logo nos primeiros meses de aula, Raquel Rodrigues da Rosa, 21 anos, descobriu que carregar a história nas mãos pode mudar o futuro. “É muito gratificante estar neste curso, aprendendo a restaurar e preservar o patrimônio para tornar acessível para presentes e futuras gerações, criando memória em cada uma delas”, conta. Aluna do Projeto Escola Multidisciplinar Profissionalizante de Artes e Ofícios (Empao), ela faz parte de um grupo de jovens que estão sendo capacitados para atuar em restauração de patrimônio histórico.

O Empao é uma iniciativa do Instituto Goia, financiada pela Sociedade Ambiental da Petrobras, e oferece formação de um ano, com 1.024 horas de aulas teóricas e práticas. O programa inclui oito meses de conteúdo multidisciplinar, de história da arquitetura a oficinas de pedreiro, pintura e marcenaria, e três meses de estágio em obras reais de restauro. São duas turmas anuais, matutina e vespertina, totalizando 40 alunos por ano, com vagas destinadas a jovens de 18 a 29 anos de VitóriaVila Velha e Serra, com renda familiar de até três salários mínimos (R$ 4.554).

Coordenador geral e professor do projeto, o arquiteto Pedro Canal Filho explica que a iniciativa preenche uma lacuna histórica no Espírito Santo, que é a falta de profissionais capacitados para atuar em restauração. “Ficamos dez anos sem formar mão de obra nessa área. Muitas obras são feitas por profissionais sem qualificação específica. O projeto vem atender a uma demanda real do mercado”, afirma.

Além da formação técnica, o Empao tem impacto social profundo ao utilizar o patrimônio cultural como ferramenta de cidadania e transformação. A iniciativa oferece acompanhamento psicológico e assistência social, permitindo que muitos alunos lidem com questões pessoais e reencontrem novos propósitos.

Raquel é um exemplo dessa mudança de trajetória. Moradora da Serra, ela conheceu o projeto por indicação de um professor do CRAS onde estudava. Buscava cursos que fortalecessem seu currículo e encontrou um caminho inesperado. “As atividades que mais gostei até agora são pedreiro, marcenaria e arquitetura. Eu não tinha noção de como funcionavam na prática. Minhas expectativas são positivas para me tornar uma profissional que inspira outros jovens”, disse.

A diversidade das turmas também chama a atenção. Há estudantes que ingressaram em cursos universitários via Prouni, jovens no último ano do ensino médio e outros que estavam sem perspectivas de estudo ou trabalho. Entre os participantes também há pessoas autistas e alunos de diferentes identidades de gênero. “Essa diversidade melhora a qualidade do curso. Eles se descobrem, trocam experiências e ampliam seus olhares”, destaca Pedro.

A partir de maio de 2026, os alunos iniciarão o estágio obrigatório em obras reais de restauração. O Instituto negocia com a Secretaria de Estado de Cultura (Secult) a recuperação da fachada do antigo Arquivo Público Estadual, no Centro de Vitória, e também avalia propostas de proprietários de imóveis históricos de pequeno porte, modelo ideal para os três meses de atuação dos estudantes.

Pedro explica que, durante o estágio, o Instituto oferece a mão de obra e dispõe das ferramentas necessárias para a intervenção. Ao proprietário, cabe fornecer os materiais de construção e a infraestrutura básica, como andaimes. Dessa forma, o projeto consegue manter a restauração acessível e, ao mesmo tempo, garantir a experiência prática dos alunos.

O Instituto Goia já participou, em anos anteriores, de grandes obras de restauro no Estado, como as igrejas do Rosário e São Gonçalo, a Capela Santa Luzia, o Palácio Anchieta e o Teatro Carlos Gomes. Agora, busca retomar essa tradição formando novas gerações de profissionais capacitados.

Pedro reforça que interessados em restaurar imóveis de interesse histórico podem procurar o Instituto para solicitar orçamento e entender como funciona a parceria. O contato pode ser feito pelo site institutogoia.org.br ou pelas redes sociais da instituição.

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