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Publicado em 19 de novembro de 2025 às 17:40
Dois professores do Espírito Santo estão entre os 20 melhores do Brasil na segunda edição da Olimpíada Brasileira de Professores de Matemática (OPMBr). Carlos Alberto Afonso de Almeida, de São Mateus, no Norte do Estado, e Thiago Cézar, de Guaçuí, no Caparaó capixaba, conquistaram a medalha de ouro na competição que reconhece práticas docentes capazes de transformar o ensino da matemática. Como prêmio, ganharam uma viagem para Xangai, onde poderão conhecer o modelo de ensino adotado na China, no ano que vem.>
As trajetórias dos professores, embora distintas, se cruzam na mesma convicção: a matemática pode, e deve, ser acessível, humana e estimulante. Ambos enxergam o erro como parte do processo, a criatividade como ferramenta pedagógica e o vínculo com os alunos como motor de todas as conquistas.>
A paixão de Carlos Alberto Afonso de Almeida pela sala de aula começou por acaso, quando atuou como professor substituto. Bastou uma aula com turmas do 7º ano para perceber que ensinar era o seu caminho. “Vi que tudo o que eu falava, eles prestavam atenção. Ali nasceu minha paixão pela educação”, contou.>
O incentivo para participar da OPMBr veio dos próprios alunos, finalistas da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), que brincaram desafiando o professor a conquistar uma medalha “se existisse uma olimpíada para professores”. O que começou em tom descontraído se tornou realidade.>
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Quando viu o anúncio da OPMBr durante uma cerimônia da OBMEP, Carlos não teve alternativa. “A competição já estava traçada”, relembra.>
Ele passou por todas as etapas: a prova escrita, o envio de vídeo com práticas de sala e a entrevista. A cada fase superada, comemorava como vitória. E, ao receber a notícia da medalha de ouro, fez o que havia prometido: enviou imediatamente uma foto ao aluno que iniciou tudo, provando que o desafio tinha sido cumprido.>
Para o professor, o segredo da boa matemática é simples: proximidade, respeito e a certeza de que errar faz parte do processo de aprendizagem. Agora, Carlos se prepara para viajar a Xangai, na China, onde conhecerá modelos educacionais locais. Ele espera trazer novas ideias para enfrentar o que considera um dos grandes desafios atuais: reter a atenção dos estudantes em sala de aula, em meio às mudanças culturais.>
Se Carlos descobriu a vocação por acaso, Thiago sempre soube que seria professor. Desde o antigo 5º ano, sonhava em ensinar matemática — sonho que o conduziu a escolas da rede estadual e até a uma faculdade federal, onde hoje também leciona.>
Thiago participou das duas edições da OPMBr. Em 2023, foi medalhista de prata e este ano, o ouro finalmente veio. O resultado, no entanto, ainda parece inacreditável para ele. “Até agora acho que vai tocar o telefone dizendo que foi um engano”, brinca.>
O vídeo dele na competição destacou diferentes práticas pedagógicas, entre elas o Banco Imobiliário Capixaba, um jogo desenvolvido com materiais simples para aproximar conteúdos matemáticos do cotidiano dos estudantes. Mas Thiago faz questão de esclarecer que não foi um único projeto que garantiu a medalha, e sim o conjunto de práticas, dedicação e impacto reconhecido pela comunidade escolar.>
Thiago tem uma relação profunda com as Olimpíadas de Matemática. Em sua adolescência, viveu uma frustração ao ser impedido de participar da segunda fase da OBMEP. A experiência, em vez de afastá-lo, o motivou a se tornar o professor que ele próprio gostaria de ter tido.>
Hoje, incentiva intensamente seus alunos. E o reconhecimento deles está marcado na pele. Em seu braço ele carrega o símbolo da OBMEP e várias estrelas com as iniciais e anos das medalhas conquistadas por seus estudantes.>
Thiago Cézar
ProfessorA cada nova medalha de um aluno, uma nova tatuagem. O gesto virou símbolo de compromisso, carinho e orgulho. O professor também coordena projetos de iniciação científica e tem estudantes premiados desde 2018. Ele ainda segue no doutorado, pesquisando ensino de matemática para alunos neurodivergentes.>
Para fechar o ciclo da olimpíada, ele tatuou no braço a sua própria medalha, ao lado das iniciais dos seus alunos. Ele destacou que os projetos não precisam ser os mais caros ou complexos para gerar impacto, e que a educação pode acontecer de forma simples e significativa. Segundo ele, sua premiação só foi possível graças ao apoio da equipe do programa Matemática na Rede, iniciativa responsável por acompanhar e fortalecer os projetos de matemática em todo o Estado.>
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