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Professor tem dedo da mão reimplantado em cirurgia com microscópio

Professor tem dedo da mão reimplantado em cirurgia com microscópio

Complexo, procedimento realizado em hospital de Vila Velha durou cerca de seis horas . O fio usado para unir veias, artérias e nervos é mais fino do que um fio de cabelo

Publicado em 6 de agosto de 2020 às 13:08

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Médicos do ES usam microscópio para reimplantar dedo de professor
Médicos do ES usam microscópio para reimplantar dedo de professor. (Divulgação/Sesa)

Um acidente doméstico quase mudou definitivamente a vida do professor e técnico em radiologia Marcos de Freitas, de 53 anos. Morador do bairro Jardim Campo Grande, em Cariacica, ele estava utilizando uma serra circular para cortar madeira quando teve o dedo polegar da mão esquerda decepado pelo equipamento.

O susto aconteceu por volta das 9 horas do último sábado (1). Depois de seguir dirigindo o próprio carro para o Pronto Atendimento de Arlindo Villaschi, em Viana, o paciente foi levado de ambulância para o Hospital Estadual Antonio Bezerra de Faria, em Vila Velha. No local, ele foi submetido à primeira cirurgia de reimplante de dedo do hospital.

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A ferramenta era nova, usava pela segunda vez. Estava fazendo um serviço e ela ricocheteou e cortou o meu dedo. Senti uma dor e uma queimação muito fortes. Peguei o dedo, coloquei numa sacola com gelo e fui para o hospital. Quando os médicos disseram que podia reimplantar, fiquei esperançoso

Marcos de Freitas
Professor acidentado
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O procedimento foi realizado com o auxílio de um microscópio. O fio usado para unir veias, artérias e nervos é extremamente fino e difícil de ser visto a olho nu. Por causa da complexidade de reconstrução, a intervenção cirúrgica durou cerca de seis horas.

Os responsáveis pela microcirurgia reconstrutiva foram os médicos Leonardo Peixoto Pancini, especialista em cirurgia de mão, e Guilherme Augusto Silva Amariz, ortopedista, especialista em cirurgia de mão e microcirurgia. A operação também contou com a participação de uma instrumentadora.

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O vaso sanguíneo pode ter o diâmetro de um a dois milímetros. Para manejar essas estruturas, a gente precisa de um tipo de magnificação óptica. Para dissecar as estruturas, usamos lupa cirúrgica. Para o reparo vascular, o reparo nervoso, é necessário o microscópio. No reparo venoso, a gente usa fios mais finos do que fios de cabelo. A gente não consegue enxergar direito a olho nu

Guilherme Augusto Silva Amariz
Ortopedista
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Leonardo Pancini destacou que esse tipo de cirurgia é comum em estados como São Paulo, Minas Gerais e Goiás. Segundo ele, a  expectativa da Cooperativa dos Ortopedistas e Traumatologistas do Espírito Santo é de que o Estado instale um centro de referência para esse tipo de atendimento.

"Há estudos que mostram que, a cada dois milhões de habitantes, é necessário um centro de referência desse tipo de tratamento. Hoje, os pacientes que têm traumas muito grave de membros, muitas vezes, evoluem para amputação por falta de um tratamento adequado de reconstrução", explica. 

Parte dos instrumentos usados no procedimento cirúrgico para implante de dedo. (Divulgação/Sesa)

RECUPERAÇÃO

Aliviado e feliz pelo procedimento, o professor que sofreu o acidente disse que não pretende mais usar a ferramenta que provocou o acidente. “Fizemos o implante e, graças a Deus, está correndo tudo certinho. A previsão de alta é quinta-feira (6). Quando eu melhorar, não quero mais saber de usar aquilo. É ferramenta para profissional e é perigosa", alerta o professor.

Marcos de Freitas após a cirurgia, que durou cerca de seis horas . (Divulgação/Sesa)

REFERÊNCIA

Segundo o médico e responsável técnico pela unidade hospitalar, Guilherme de Freitas Lima, esse foi o primeiro reimplante de membro realizado no Hospital Antonio Bezerra de Faria, que é referência em cirurgia de mão no Espírito Santo. A unidade se prepara para ser referência no processo microcirurgia pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Os profissionais de saúde destacam que o microscópio também pode ser utilizado para ligação plexo braquial (junção de tecidos nervosos) e para transplante de tecidos como pele e ossos. A equipe do hospital estadual ainda pode trabalhar na reconstrução de membros utilizando retalhos de pele e gordura de outras partes do corpo.

“É um projeto antigo que está se iniciando. Esse paciente, em específico, perdeu o polegar. Ou seja, tinha perdido 50% da função da mão. Mesmo que seja a mão esquerda, é uma mão que perdeu muito a capacidade para dirigir um carro ou pilotar uma moto. Esse dedo reimplantado vai mudar completamente a qualidade de vida e de trabalho dessa pessoa”, comemora.

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