Depois de ter passado por obras que levantaram questionamentos pela cobertura por concreto de trilha centenária, o Parque Gruta da Onça, no Centro de Vitória, será reaberto nesta quinta-feira (10), às 8 horas.
Serão inauguradas as obras de reestruturação física do Parque Natural Municipal Gruta da Onça – que contemplou uma nova sede e complexo para visitantes com salas administrativas, auditório e espaço para a sede da educação ambiental de referência – e também as obras de contenção de encostas na região. E ainda reforma e reconstrução das escadarias, que receberam guarda-corpo em aço inox e vão ter iluminação.
As obras custaram R$ 14,7 milhões e no ano passado foram alvo de uma investigação do Ministério Público do Espírito Santo pela Prefeitura de Vitória ter concretado parte de uma trilha centenária que corta o parque.
Na época, o MPES informou que havia instaurado um procedimento para apurar a possível “descaracterização” da trilha, depois de receber informações de que “a Prefeitura do município realizou obras no local e lançou concreto armado sobre o caminho, que atravessa todo o parque”.
Com mais de dois séculos de existência, a estrada faz parte de um dos mais importantes sítios arqueológicos da capital do Espírito Santo.
Há quatro anos, três sítios arqueológicos foram identificados no parque: o chafariz e o aqueduto da capixaba, o caminho antigo da Gruta da Onça e o sítio Paulo Soca. Desde então, os espaços foram reconhecidos pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Sobre a intervenção questionada pelo Iphan e MPES, o secretário de Meio Ambiente de Vitória, Tarcísio Föeger, informou que a parte foi concretada de forma equivocada em cima de uma via histórica. “Após diálogo com Iphan fizemos a remoção da concretagem. Era uma parte pequena e foi reestabelecida a trilha original”, disse.
Ele lembra que o parque conta agora com mais estrutura para receber escolas em projetos de educação ambiental e também turistas. As trilhas históricas agora receberam sinalização. Os visitantes podem ter a oportunidade de conhecer o antigo caminho da capixaba, que remete ao final do século XIX. O caminho era a forma de acesso do Centro para a região de Jucutuquara, porque na época não existia a Curva do Saldanha, explica o secretário.
"Além dessa via histórica, tem vários outros acessos que receberam obras com rampas e escadarias para poder viabilizar a visita ao parque, que tem área com cobertura de Mata Atlântica com toda segurança", afirma Föeger.
O secretário de Obras, Gustavo Perim, disse que a obra começou na gestão anterior e estava paralisada, tendo sido reiniciada em junho de 2021.
Ele conta que foi feita a estrutura para dar atendimento ao turista e as escadarias e obras de contenção também beneficiam as comunidades que moram no entorno, pois o parque não é fechado e as escadarias têm função de mobilidade.
A respeito da concretagem da estrada, o Iphan informou que foi realizou a pesquisa arqueológica solicitada pelo instituto. Posteriormente, a obra foi liberada para a conclusão a partir de diretrizes estabelecidas na pesquisa.
Segundo o órgão, no momento, a Procuradoria Federal do Iphan está analisando o processo para a compensação de danos causado ao sítio arqueológico durante o início da obra.
O Ministério Público do Espírito Santo também foi procurado para comentar a inauguração da obra, mas ainda não deram retorno. Assim que responderem a reportagem será atualizada.
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