Publicado em 2 de julho de 2020 às 16:17
Uma ação civil pública ajuizada pelos Ministérios Públicos Federal (MPF) e do Espírito Santo (MPES) e protocolada na Justiça Federal nesta quarta-feira (01), pretende demonstrar que existem falhas na execução do contrato firmado entre a União, a Caixa Econômica Federal e o município de Guarapari para a construção do Hospital Maternidade Cidade Saúde. A intenção com a ação é suspender imediatamente, de forma cautelar, o prosseguimento do contrato. >
Para os MPs, com base no relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) e nos documentos analisados, a aplicação de recursos federais no empreendimento é de alto risco, especialmente por conta da identificação de falhas. Além disso, a ação judicial destaca que os setores competentes do Ministério da Saúde, responsáveis pela liberação dos recursos, teriam se mantido omissos quanto ao dever de tomar as medidas cabíveis sobre o indicativo de mau uso das verbas públicas. >
De acordo com os MPs, no dia 1 de setembro de 2011, a Prefeitura Municipal de Guarapari adquiriu um imóvel, constituído por um terreno com área de 7.582 m², onde havia uma estrutura edificada com dois pavimentos, embora inacabada. A aquisição da propriedade pelo município se deu por desapropriação amigável, tendo o município pago uma indenização de R$ 2,9 milhões. >
O imóvel foi reservado pela Prefeitura Municipal de Guarapari para viabilizar a execução do prédio, pactuado em dezembro daquele ano com o Ministério da Saúde. O contrato diz respeito à conclusão das edificações que já existiam no imóvel, onde o município pretende instalar o Hospital Maternidade Cidade Saúde.>
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Inicialmente, também de acordo com os MPs, o valor estabelecido no contrato era de R$ 14 milhões, sendo a maior parte em repasses da União. O valor do contrato, entretanto, foi significativamente majorado em R$ 9.824.462,64, após a celebração de oito termos aditivos, atingindo, assim, R$ 23.824.462,64. Desse novo total, a União arcaria com despesas no montante de R$ 18,8 milhões e outros R$ 4.944.462,64 ficariam a cargo do município.>
Os Ministérios Públicos apontam então que além de ainda não ter sido concluído o objeto do contrato de repasse, mesmo após longo período, e de não ter sido demonstrada a conveniência da utilização dos recursos públicos previstos, diversas irregularidades foram identificadas pela Controladoria-Geral da União (CGU) na construção do Hospital Maternidade Cidade Saúde. >
Entre os problemas apontados na ação estão a ausência de demonstração da necessidade de construção do hospital e da adequabilidade do projeto às reais necessidades locais; o risco à efetividade do uso dos R$ 23.824.462,64 previstos para o contrato de repasse, em razão da ausência de demonstração das fontes de recursos para mobiliar e equipar o hospital e, principalmente, mantê-lo em funcionamento após a conclusão da obra; a ausência de estudo com estimativas dos recursos financeiros, humanos e materiais necessários ao funcionamento do hospital; a indefinição do formato da gestão do hospital, com sinalização da possibilidade de que seja mediante terceirização ou parceria público-privada, sem que tenha sido demonstrada a vantagem da adoção de uma dessas modalidades em detrimento da gestão direta pela administração pública.>
Para os MPs, não houve demonstração da real necessidade da construção de um hospital municipal em Guarapari, principalmente quando confrontado com as necessidades e a realidade dos serviços públicos de saúde em todo o estado. A propósito, a construção e manutenção de um hospital municipal é tão complexa que nem mesmo o município de Vitória, capital do Espírito Santo e um dos municípios com maior PIB per capita do Brasil, possui hospital municipal, diz a ação. >
Procurado pela reportagem, o município de Guarapari informou que foi notificado para que, no prazo de 5 dias, se manifeste sobre o pedido liminar apresentado na ação e afirmou que todos os esclarecimentos serão apresentados dentro do prazo estipulado. Já a Caixa Econômica Federal afirmou não ter sido citada para responder a Ação Civil Pública nº 50149697120204025001.>
Também demandada pela reportagem, a Advocacia Geral da União ainda não se manifestou sobre a ação judicial. Assim que a demanda for respondida esta publicação será atualizada.>
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