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Moradores de Viana reclamam de alagamentos perto de viaduto

Moradores de Viana reclamam de alagamentos perto de viaduto

Trecho próximo ao viaduto na BR 101 alaga com frequência em períodos de fortes chuvas. Moradores reclamam de transtornos e pedem soluções

Publicado em 10 de março de 2021 às 14:09- Atualizado há 3 anos

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Entrada do Bairro Marcílio de Noronha, em Viana é tomada pelas águas
Entrada do bairro Bairro Marcílio de Noronha, em Viana, na última terça-feira (9). (Gabriela Ribeti/ A Gazeta)

Moradores do bairro Marcílio de Noronha, em Viana, estão tendo problemas em épocas de chuva. Nos últimos temporais que atingiram a região, o trecho próximo ao viaduto que fica na entrada do bairro, na BR 101, ficou completamente alagado. Eles alegam que o problema se intensificou após a construção da estrutura, sob responsabilidade da Eco101.

A moradora de Marcílio de Noronha Thais Batista diz que, toda vez que chove, quem precisa passar pelo trecho enfrenta um grande transtorno. Ela conta um episódio em que precisou sair do ônibus, já que o mesmo não conseguia entrar no bairro, e teve que fazer o restante do trajeto passando pelo alagamento.

“Peguei um ônibus no terminal e tive que descer aqui, porque o ônibus parou. Tive que atravessar com a água na cintura. Quando chove alaga tudo, não passa ônibus, não passa carro”, destaca. Além disso, ela reclama da sujeira que fica o local no dia seguinte. “Muita lama”, completa.

Moradora Thais mostra lama oriunda de alagamentos na entrada de Marcílio de Noronha
A moradora Thais mostra lama oriunda de alagamentos na entrada de Marcílio de Noronha. (Ricardo Medeiros)

Já a moradora do bairro Caxias do Sul, vizinho de Marcílio de Noronha, Elizabeth da Silva, conta que todo o transtorno começou após a construção do viaduto de Marcílio de Noronha, na entrada do bairro. Ela diz que o problema já se tornou recorrente, mas que ninguém apresenta uma solução.

“Toda vez que chove, depois dessa obra do viaduto, a gente tem problemas aqui. Um colega meu já perdeu carro. Ontem mesmo só se passava de barco aqui. É uma vergonha, ninguém resolve nada”, reclamou.

Moradora Elizabeth enfrenta dificuldades em trecho no dia seguinte após o alagamento
A moradora Elizabeth enfrenta dificuldades em trecho no dia seguinte após o alagamento. (Ricardo Medeiros)

Desde o último domingo (7), quando um forte temporal atingiu todo o Espírito Santo, o trecho ficou bastante afetado. Na altura do viaduto, a água sobe a um ponto em que nenhum veículo consegue passar, já que se forma praticamente um rio no local.

O QUE DIZ A PREFEITURA DE VIANA

Em entrevista à TV Gazeta, o prefeito de Viana, Wanderson Bueno (Podemos), afirmou que os alagamentos do trecho se devem a um afunilamento da drenagem realizada durante as obras na rodovia.

“Nós temos aqui um sistema de drenagem que já era subdimensionado, que foi instalado antes dos anos 2000. E quando a Eco101 (concessionária da rodovia) fez a obra de elevação da faixa central da rodovia, ela executa um sistema de drenagem de 2,5 x 1,5 m, mas liga a um sistema antigo, de 1,2 m. Então, o que temos aqui é uma concentração de águas dessa região. Esse problema já era conhecido, problemas de alagamento, em estudos hidrológicos que a própria Eco101 já havia realizado, mas não deu solução para escoamento dessa água. Então, os problemas que acompanhamos nas últimas chuvas, são específicos nessa região da rodovia, por um problema de afunilamento da drenagem que foi composta pela BR 101”, destacou.

De acordo com o prefeito, a Prefeitura de Viana e a Eco101 já estão se reunindo em busca de soluções para o problema. A concessionária, inclusive, já tem duas propostas e uma delas já teria sido enviada para a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), em busca de anuência para a realização dos trabalhos. No entanto, Bueno afirma que essa solução transferiria o problema para o bairro Vila Bethânia. Por isso, novas discussões estão em curso, agora também com o governo do Estado, para promover uma solução definitiva.

“O que estamos conversando com a Eco101 é que a solução apresentada não vai resolver o problema, e sim transferir para dentro do bairro Vila Bethânia. Essa é a discussão que eu estou fazendo com a Eco101, com a ANTT e agora com o governo do Estado, para que a gente proponha uma solução pela própria rodovia até o Rio Formate. Ontem estivemos na Secretaria de Estado de Saneamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano (Sedurb), reunidos com a Eco101, ANTT e bancada federal, para discutir o projeto pela própria rodovia e não pelo sistema do parque linear (que passa por dentro dos bairros)”, completou.

O QUE DIZ A ECO 101

A reportagem procurou a Eco101, responsável pelo trecho da BR 101 onde foi construído o viaduto. Em nota, a empresa informou que as obras dos viadutos foram concluídas no final de 2019 e não interferiram no regime de captação e destinação do fluxo pluvial da região. “Ressalta que os elementos de drenagem da rodovia foram devidamente implantados e que a concessionária dispõe de equipes que realizam manutenção periódica destes dispositivos”, disse.

Sobre as reclamações de alagamento após a construção do viaduto, a empresa informou que “os alagamentos nesta região decorrem de problemas de macrodrenagem por subdimensionamento, de responsabilidade municipal, possuindo histórico anterior às obras de implantação dos viadutos, não tendo, assim, qualquer relação com as obras realizadas”. A empresa disse ainda que tem mantido diálogo aberto com os entes responsáveis e apresentou possíveis alternativas técnicas para as correções dos problemas.

Ainda na nota, a Eco101 informou que após vistorias realizadas, observou que construções próximas agravaram o problema, e que a prefeitura já foi notificada pela empresa para a realização de adequações.

“Em paralelo, a Concessionária realizou vistoria técnica no local e constatou que o problema foi agravado devido à implantação de um loteamento residencial e um centro comercial em área fora dos limites da rodovia, aprovados pelo Município. Essas obras geraram a impermeabilização de grande área verde, assim como foram implantadas redes de captação de água pluvial que deságuam no ponto baixo da bacia e consequentemente no leito da rodovia, agravando o problema. Além disso, as obras inacabadas, neste local, geram um grande volume de lama, o que contribui para o entupimento das tubulações. Diante deste cenário, a Concessionária notificou o município para que adote as adequações necessárias”, completou.

O QUE DIZ O DNIT

Por se tratar de um trecho federal, a reportagem também entrou em contato com o DNIT, para saber de quem é a responsabilidade e que medidas estão sendo tomadas para solução do problema.

Citadas pelo prefeito de Viana, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e a Secretaria de Estado de Saneamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano também estão sendo demandas pela reportagem para comentar a situação. Esta matéria será atualizada assim que houver retorno dos órgãos. 

O QUE DIZ A SEDURB

A reportagem também procurou a Secretaria de Estado de Saneamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano (Sedurb), que respondeu, em nota enviada por volta das 16h50, que o secretário responsável, Marcus Vicente, em reunião com representantes da prefeitura, Eco 101 e bancada federal, disponibilizou apoio técnico, em nome do Governo do Estado, na busca de soluções para os problemas relacionados aos alagamentos do bairro Marcílio de Noronha e região.

Errata Atualização
10 de março de 2021 às 17:00

A Sedurb se manifestou sobre os alagamentos. O texto foi atualizado.

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Entrada de Marcílio de Noronha, em Viana, com muita sujeita no dia seguinte após alagamentos(Ricardo Medeiros)

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