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Médica é exonerada após marido atender pacientes em Atílio Vivácqua

Médica é exonerada após marido atender pacientes em Atílio Vivácqua

No início do mês, marido da profissional foi flagrado atendendo pacientes no lugar da esposa, em uma unidade de saúde no interior do município

Publicado em 29 de janeiro de 2021 às 20:50- Atualizado há 3 anos

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Atílio Vivácqua
Suposto médico atendia em unidade de saúde usando carimbo da esposa. (Reprodução | TV Gazeta)

A prefeitura de Atílio Vivácqua, no Sul do Espírito Santo, exonerou a médica Aline Rosa Mangaravite de Carvalho, denunciada pelo município no início do mês. O marido da profissional, Gustavo Elias Diniz Silva de Carvalho, de 40 anos, é suspeito de atender pacientes no lugar da esposa em uma unidade de saúde no interior do município. De acordo com uma denúncia feita à polícia, ele usava o carimbo com o registro médico da mulher para receitar medicamentos.

A Secretaria de Saúde do município informou nesta sexta-feira (29), por meio de nota, que o contrato da médica, que era servidora pública municipal, foi encerrado devido ao ocorrido e ela foi exonerada uma semana após o caso. Veja a nota na íntegra:

"A Secretaria Municipal de Saúde informa que o contrato da médica foi encerrado devido ao ocorrido, sendo efetivada, portanto, sua exoneração.

Também afirma que o ato do falso médico segue em investigação da Polícia Civil e passa, ainda, por outros processos administrativos, conduzidos pelos conselhos federal e regional de medicina.

Por fim, a Secretaria de Saúde esclarece que solicitou aos pacientes atendidos pelo infrator que retornem à unidade para um novo atendimento, feito por um médico profissional já remanejado para a equipe local. Ação esta, ressalta a pasta, já realizada por diversos pacientes."

O caso também foi denunciado pela prefeitura à Polícia Civil e aos conselhos regional e federal de Medicina. Procurado nesta sexta-feira (29), o Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES) disse que foi aberta uma sindicância para apurar se há indícios, de fato, de infração ética. O prazo para o procedimento é de 30 dias, mas pode ser prorrogado, caso se precise de mais dados para averiguar.

A reportagem também fez contato com o Conselho Federal de Medicina, mas até o fechamento da matéria não houve retorno.

Segundo a Polícia Civil, o procedimento foi finalizado e encaminhado à Justiça para apreciação. 

Procurada pela reportagem nesta sexta-feira (29), a defesa da médica e do marido informou que os envolvidos se manifestarão oportunamente nos autos de eventual processo.

ENTENDA O CASO

O caso foi denunciado à polícia no dia 13 de janeiro, depois que pacientes perceberam que as receitas médicas eram carimbadas com o nome de uma médica, mas quem atendia no consultório do posto de Santana era um homem.

A doméstica Elisângela Costa foi atendida pelo suspeito no dia 7 de janeiro. Ao chegar em casa, o marido dela percebeu que o carimbo com o número do registro profissional no Conselho Regional de Medicina (CRM) na receita médica pertencia a uma mulher.

“Quando olhei o CRM, era “Aline”, e ele [médico] colocou um 'G' na assinatura. Ele estava exercendo a função dele de médico ilicitamente, não é há pouco tempo. Ele chegou a me receitar clonazepam. Tem um papel aqui que ele me receitou minha fisioterapia, onde tem carimbo da médica assinado por ele”, disse.

Desconfiada da situação, ela denunciou o caso ao vereador Renan Corrêa. No início da tarde da quarta-feira 13 de janeiro, o vereador foi até a unidade de saúde e flagrou o suposto médico trabalhando no local. Um vídeo mostra o momento em que o suspeito alega que era estagiário da médica e que só estaria fazendo um “acompanhamento”. Entretanto, a médica, que é contratada pela Prefeitura, não aparece nas imagens. O posto de saúde não possui ponto eletrônico.

Um boletim de ocorrência sobre o caso foi registrado na Polícia Civil. O médico foi conduzido até a delegacia e disse aos policiais que era estudante de medicina, mas não explicou por que atendia no lugar da esposa e usava o carimbo dela.

O suspeito assinou um termo circunstanciado pelo crime previsto no artigo 282 do Código Penal, que é “exercer, ainda que a título gratuito, a profissão de médico, dentista ou farmacêutico sem autorização legal” e foi liberado para responder em liberdade após assumir o compromisso de se apresentar em juízo.

Na data, a prefeitura abriu procedimento disciplinar para investigar o caso e a médica foi afastada. 

Errata Atualização
29 de janeiro de 2021 às 22:03

A matéria foi atualizada com os nomes da médica e do marido dela, com a nota da prefeitura na íntegra e com vídeo do flagrante e mais informações do dia da denúncia.

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