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Jornalista de A Gazeta é intimidado em posto interditado pela PF e obrigado a apagar fotos

Jornalista de A Gazeta é intimidado em posto interditado pela PF e obrigado a apagar fotos

Segundo a investigação, suposto miliciano do Rio de Janeiro comanda rede de postos que vendia combustível fraudado na Grande Vitória

Publicado em 12 de abril de 2022 às 19:52

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Um repórter fotográfico de A Gazeta foi intimidado e obrigado por um homem a apagar fotos feitas em um dos postos interditados pela Polícia Federal durante a Operação Naftalina, deflagrada na manhã desta terça-feira (12). A coação aconteceu no Posto Valen (razão social Posto AS Eirelli), que fica em Bela Aurora, Cariacica.

Ao todo, oito estabelecimentos foram interditados por suspeita de vender gasolina batizada com nafta, um subproduto do petróleo. De acordo com as investigações da Polícia Federal, o esquema seria comandado a partir da prisão por um suposto miliciano do Rio de Janeiro conhecido como "Barão do Petróleo" e "Maninho dos Postos".

O fotógrafo relata que estava do outro lado da rua fazendo imagens quando dois homens saíram do posto. Um ficou mais afastado, olhando de longe. O outro se aproximou e o abordou, quase encostando o rosto no fotógrafo.

Ele exigiu, em tom ameaçador, que as imagens fossem apagadas, e disse ainda que o levaria para um escritório do posto para garantir que as imagens seriam deletadas. O fotógrafo se viu coagido e com medo. Sem alternativa, apagou as imagens. 

A reportagem tentou contato com o posto, mas ninguém atendeu as ligações.

Em nota, a Associação Nacional de Jornais (ANJ) afirmou que repudia com veemência e indignação a intimidação contra o repórter fotográfico da Rede Gazeta durante cobertura da operação da Polícia Federal (PF) em  um posto de gasolina em Bela Aurora, Cariacica.

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A intimidação é um ataque ao livre exercício da atividade jornalística. É inadmissível que a truculência prevaleça sobre o jornalismo e o direito à livre informação

ANJ
Associação Nacional de Jornais
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A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) também repudiou a intimidação feita ao fotógrafo "que tão somente estava fazendo seu trabalho de informar a sociedade de fato de interesse público, como o esquema de adulteração de combustíveis na Grande Vitória. É lamentável a frequência com que esses episódios tem ocorrido". Em nota, a entidade diz ainda esperar que os autores sejam identificados e responsabilizados.

O Sindicato dos Jornalistas do Espírito Santo (Sindijornalistas) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) também se manifestaram e repudiaram  com total veemência a violência sofrida nesta terça pelo repórter fotográfico. "O Sindicato e a Fenaj não aceitam de forma alguma esta prática absurda de cerceamento e estão à disposição do jornalista para tomar as medidas necessárias junto à Polícia Federal e ao Judiciário."

Já o Sindipostos-ES enviou comunicado manifestando "seu total repúdio à ameaça sofrida pelo fotógrafo da Rede Gazeta enquanto trabalhava a cobertura da Operação Naftalina". A entidade afirmou que "a Rede Gazeta e a imprensa capixaba tem do Sindipotos a solidariedade e o apoio à realização do seu trabalho de cobertura jornalista dos fatos que são de interesse da nossa sociedade".

"Como relatado pelas investigações, os acusados são novos entrantes, oriundos de outros estados. Essas práticas não representam os valores e as práticas dos mais de 700 postos que compõem a revenda de combustíveis capixaba", diz o comunicado do Sindipostos.

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