Publicado em 23 de novembro de 2020 às 12:44
Um local de fé, espiritualidade, tranquilidade deu lugar à tristeza, revolta e consternação desde o último final de semana. Moradores do distrito de Taquaral, no interior de Aracruz, no Norte do Espírito Santo estão revoltados com o vandalismo ocorrido na Igrejinha de Monte Serrat, também conhecida como "Igreja do Pelado", que fica no alto de uma pedra com cerca de 800 metros de altura. >
Na manhã de sábado (21) moradores da propriedade onde a capela foi erguida foram acordados com a notícia de que a pequena igreja havia sido arrombada, depredada e também roubada. Incrédulo com situação, o empresário Harnom Pimentel, de 28 anos, bisneto de Euvaldo Soares Souza, que ergueu a igrejinha na década de 30, disse que o cenário encontrado no local é desolador.>
"É uma situação muito triste e revoltante, minha avó está inconsolável. Arrombaram a porta, quebraram a cruz que ficava no alto da porta, danificaram a imagem de dois santos que ficavam na igrejinha e também o vidro que protegia as peças. Até a caixinha de doações eles levaram. Não sabemos ao certo quando ocorreu, mas soubemos na manhã de sábado (21) por pessoas que subiram pela manhã e nos avisaram. Estamos sem entender porque fariam isso em um local que só traz boas lembranças", disse o jovem.>
Quase que diariamente, a Igrejinha do Monte Serrat é procurada por pessoas da cidade e região para orações. Foi com esse objetivo que em 1931, Euvaldo Soares Souza, o "Osvaldo Baiano", resolver erguer uma capelinha no alto da pedra para "fugir das desgraças do mundo", como dizia aos amigos da época e é contado pelo bisneto. Inicialmente o local era reservado à família, mas com o passar dos anos e décadas, as pessoas foram descobrindo o lugar.>
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"Era tudo reservado, mas meu bisavô era conhecido na região, tinha amizade com os políticos e também com as lideranças religiosas de Aracruz. Então ela foi ganhando popularidade e ficando conhecida, não só em Taquaral, mas também em Aracruz e cidades vizinhas. Anualmente realizamos missas no dia 12 de outubro, onde fazemos a celebração de Nossa Senhora do Monte Serrat. É uma pena que tenha ocorrido isso, nos entristece demais", contou Harnom.>
Nos finais de semana, especialmente, a pedra onde a igrejinha foi construída é o destino de quem procura por aventuras e por pessoas que buscam um amanhecer ou um pôr do sol encantador. Do alto é possível ver praticamente toda a cidade de Aracruz, o litoral, a BR 101 e outros locais para se contemplar. Mas para chegar lá e ter a visão que o local oferece é preciso caminhar por uma estrada de cerca de 1.950 metros morro acima.>
A depredação ocorrida no último final de semana não foi a primeira ação de vandalismo que a igrejinha sofreu. Há cerca de quatro meses, após ser toda pintada, ela teve as paredes pichadas. Por conta dos danos recentes, a família proprietária do terreno pensa em restringir o acesso de visitantes para manter viva a memória de quem a construiu.>
"Nunca foi nossa intenção, mas agora estamos pensando em alguma forma de dificultar um pouco. Desde que meu avô Bianor Souza morreu, a igrejinha passou a ficar aberta, até porque não faz sentido mantê-la fechada já que as pessoas iam lá em cima para também conhecê-la. Porém, esse tipo de coisa faz com que a gente repense. Somos nós que cuidamos de tudo, desde a limpeza da estradinha, da trilha e da conservação. Restringindo o acesso, seja cobrando algum valor ou limitando os dias, talvez a gente tenha um pouco mais de controle. Registrei um boletim de ocorrência e agora esperamos que os responsáveis sejam identificados", complementou o neto.>
Apesar do desânimo, a família pretende reformar a Igrejinha. Para isso, pretende realizar uma vaquinha virtual e até mesmo procurar ajuda de empresários da cidade e região, caso seja necessário. Para se chegar ao local, é preciso pegar um desvio na rodovia estadual ES 124, que faz a ligação da sede do município com o distrito de Guaraná, e percorrer mais cinco quilômetros aproximadamente. >
A Igrejinha de Monte Serrat é solidamente construída em alvenaria, com grossas paredes, mas é bem pequena, onde mal cabem 5 pessoas em pé. O material de construção foi levado para o alto da pedra no lombo de animais de carga ou nas costas de pessoas que ajudaram na obra.>
A reportagem entrou em contato com a assessoria da Polícia Militar, que informou em nota, que não foi localizado nenhum acionamento para atendimento de ocorrência com as características citadas no dia e bairro informados.>
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