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Golpistas tentam enganar servidores da Ufes usando nomes de sindicatos

Golpistas tentam enganar servidores da Ufes usando nomes de sindicatos

No golpe, eles se passam por setor jurídico das entidades e mentem, dizendo que servidor deve transferir quantia referente a despesas de cartório para receber alto valor que seria fruto de ação judicial

Publicado em 28 de janeiro de 2025 às 13:15

UFES
Professora da Ufes foi abordada por falsários que se passavam por funcionários da Adufes Crédito: Ricardo Medeiros

Uma professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) sofreu uma tentativa de golpe pelo WhatsApp de uma pessoa se passando por um profissional do setor jurídico da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Espírito Santo (Adufes). Na mensagem enviada à servidora, o estelionatário disse que ela teria direito a receber R$ 128 mil fruto de um suposto processo trabalhista relacionado a um reajuste e uma complementação salarial, mas para isso deveria realizar uma transferência bancária. Ela desconfiou que estava sendo enganada e buscou o sindicato, descobrindo que outros servidores da instituição de ensino também vêm sendo alvo desse tipo de crime.

Como agem os golpistas

A professora, que pediu para não ser identificada, disse que os golpistas utilizam uma linguagem técnica verossímil e alinhada ao "jargão trabalhista do serviço federal". Em contato com ela, o criminoso, se passando por profissional do sindicato, disse que o valor que seria recebido por ela já teria descontado os honorários advocatícios, e seria liberado ainda naquele dia. No entanto, para isso, seria necessário que a docente efetuasse um pagamento antecipado referente a "despesas de cartório", apresentadas como uma "espécie de Guia de Recolhimento da União (GRU)" a ser paga via Pix. A mensagem direcionada à educadora incluía nome completo dela, além de CPF e outros dados pessoais.

Para dar ainda mais credibilidade ao golpe, os falsários pediam que ela entrasse em contato com o advogado Jerize Terciano, que realmente atua pela Adufes. Desconfiada da solicitação, a professora encerrou a ligação, entrou em contato com a entidade e descobriu que a pessoa que fez contato com ela não era o advogado, mas um golpista se passando por ele.

Procurado, o escritório de Jerize Terciano relatou que as tentativas de golpe feitos em nome do advogado são antigas. "A primeira ocorreu há aproximadamente dois anos. Registramos Boletim de Ocorrência e outras medidas administrativas, mas não obtivemos retorno por parte das autoridades policiais sobre a identificação dos autores", informou, em trecho de nota.

Data: 26/11/2019 - ES - Vitória - Adufes - UFES - Editoria: Cidades - Foto: Fernando Madeira - GZ
Golpistas se apresentam como advogados representantes da Adufes Crédito: Fernando Madeira

Os representantes do advogado disseram ainda que "como não consegue impedir o uso do seu nome pelos falsários, Dr. Terciano busca intensificar a comunicação com os clientes, mantendo alertas permanentes que reforçam os canais oficiais e exclusivos de contato com o Escritório e entidades que assessora, sobretudo através de mensagens fixas (e-mails e sites institucionais) e esporádicas (via mala direta e WhatsApp)". 

A orientação do escritório é de que os servidores e professores não façam nenhum pagamento diante de solicitação por WhatsApp e que, em caso de dúvida, marque uma reunião presencial com ele ou sua equipe, ou que busquem informação junto à Adufes. "Ressaltamos que o Escritório não envia e-mails ou mensagens via WhatsApp e SMS contendo links para acesso a boletos de cobrança e nem tampouco solicita qualquer tipo de pagamento antecipado relativamente aos créditos judiciais decorrentes dos processos que acompanha", finalizou.

A professora da Ufes contou à reportagem que o fato dela saber de golpes semelhantes foi determinante para perceber a tentativa de estelionato. "Eu já tinha ouvido falar de golpes estruturados dessa maneira, então, ao ouvir os detalhes, identifiquei que era mentira. Disse ao suposto advogado que não poderia realizar o pagamento naquele momento e que entraria em contato posteriormente. Após a ligação, fui verificar mensagens anteriores da Adufes. Ao revisar meu histórico do WhatsApp, encontrei um alerta que informava que a entidade não se comunica com seus associados por números desconhecidos", disse. A servidora denunciou prontamente ao sindicato o número que tentou aplicar o golpe.

ADUFES publicou em seu site um alerta aos servidores da Universidade Federal do Espírito Santo
ADUFES publicou em seu site um alerta aos servidores da Universidade Federal do Espírito Santo Crédito: Reprodução/ADUFES

O que dizem Adufes, Sintufes e Justiça Federal

Questionada sobre a situação, a Adufes informou que emite alertas aos docentes da Ufes em relação ao golpe. A entidade disse, em nota, que "não tem conhecimento sobre vazamento de dados dos servidores. Pode afirmar, contudo, que adota as medidas de segurança necessárias para a proteção dos dados de seus associados e associadas". O órgão emitiu avisos em seu site e nas redes sociais orientando que professores não realizem qualquer pagamento ou passem informações por outros meios que não sejam os oficiais do sindicato e de sua assessoria jurídica. 

O Sindicato dos Trabalhadores da Ufes (Sintufes) também confirmou estar ciente do problema, e reforçou que atua na proteção dos dados das suas associadas e associados.

"É importante destacar que muitos dos dados utilizados pelos golpistas referem-se a dados públicos, que estão associados aos processos judiciais. Os dados são coletados dos sites das justiças, nos processos em trâmite ou encerrados, seja por meio de uma pessoa, robôs eletrônicos ou, até mesmo por meio de inteligência artificial. É importante destacar também que há discussão sobre esse tipo de acesso aos dados no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), de modo a pensar em meios para coibir a prática de crimes", explicou o Sintufes, em nota.

O órgão também faz alertas direcionando maior atenção aos aposentados da Ufes, geralmente mais vulneráveis a golpes. O Sintufes disse ainda que registra boletim de ocorrência em toda tentativa de golpe que lhe é informada e orienta os servidores a fazerem o mesmo, bem como denunciar o número de WhatsApp do golpista.

A Justiça Federal, representada pelo Tribunal Regional Federal da 2.ª Região (TRF2) reitera o pedido de atenção aos servidores públicos. "Caso recebam qualquer contato de pessoa estranha ao processo, que imediatamente procurem seu advogado ou a unidade (vara federal, juizado especial) onde tramita sua ação, para confirmar o teor das informações recebidas. Na hipótese de ter sido vítima de golpe, o setor pede também que a pessoa se dirija à polícia, para registrar ocorrência, o mais rapidamente possível".

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