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Publicado em 10 de agosto de 2025 às 18:08
A família de Sophia Vial da Silva, de 15 anos, morta após ser baleada, em Santa Rita, em Vila Velha, no sábado (9) precisou passar em meio ao tiroteio que vitimou a adolescente para tentar salvá-la. A informação foi passada pelo avô da menina José Augusto Vial ao repórter Cristian Miranda, da TV Gazeta, durante o velório da jovem, em uma igreja no bairro Ataíde, no município canela-verde, neste domingo (10). Além da jovem, a manicure Andrezza Conceição, de 31 anos, também morreu devido aos tiros. >
O avó da adolescente ainda contou ter escutado o começo dos disparos e foi até a rua por medo de algo ter acontecido com crianças da família que estavam na rua. Porém, acabou encontrando a própria filha correndo na direção dele gritando “minha filha foi baleada”.>
“Quando o meu genro chegou próximo a mim com o carro, a menina já estava no banco traseiro desfalecida. Eu gritei a ele: ‘socorre minha filha, socorre, salva minha filha’. Assim que ele entrou dentro do carro, a minha outra filha também entrou no banco de trás segurando a menina e eles saíram com o veículo no meio dos tiros, com muito tiros para cima deles. Eu ouço todos os dias as notícias falando dessa guerra, desse caos que é o nosso Estado, que é o nosso país. Mas, infelizmente, isso chegou em mim, chegou na minha casa”, contou o avô de Sophia.>
Para José saber que não terá mais momentos com a neta o abalam. "A minha neta era tudo pra mim. Eu podia estar triste, cabisbaixo, o dia podia ter sido péssimo. Na hora que ela chegava, ela tinha um jeito tão grande de me chamar a atenção. Ela me chamava de pai. Ela falava: 'pai, eu cheguei'. Ela mexia com as mãozinhas. Ela conseguia, na mesma hora, me tirar um sorriso". >
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A tristeza que assola toda os familiares de Sophia não é somente pela ausência física da jovem, mas também pelas conquistas e sonhos que foram levados juntos com ela. >
Sophia havia começado o Ensino Médio em 2025 com o sonho de cursar engenharia mecânica. Além disso, ela estava feliz em ser aprovada para um estágio onde começaria a trabalhar na próxima semana. >
Juliet Vial, tia de Sophia, lembrou em conversa com a reportagem da TV Gazeta, como a sobrinha estava alegre. “Ela fez vários currículos e entre esses um chamou ela. E ela estava toda feliz, muito contente mesmo. Ela falava que agora ia comprar tudo o que ela queria”, explicou. >
O amor com que levava a vida também são marcas que ficam com a família. Entre as atividades que mais fazia com felicidade era participar das ações da igreja que frequentava.>
De família cristã evangélica, cantava no ministério de louvor, visitava outras congregações e participava do grupo de jovens e adolescente, onde era liderada pela tia Juliet. >
O dia que seria de celebração para a família está sendo de choro. O plano era comemorar na casa de José reunindo todo mundo. Contanto, a reunião não foi cheia de felicidade como o esperado. Juliet afirmou não saber quando vão voltar a ver a data com os mesmos olhos.>
Juliet Vial
Tia de SophiaAs lembranças de outros anos do Dia dos Pais era de uma Sophia alegrando a casa junto das primas. “Ela e minhas outras sobrinhas eram simplesmente a alegria da casa. Essas três eram a alegria do meu pai. Ela cantava no nosso ministério e eu era líder dela de jovem e a gente fazia trabalhos, visitava outros ministérios. Ela era a vocalista do nosso conjunto e sempre puxava os louvores e sempre se destacava”, frisou.>
Avô e tia clamaram por justiça e também por ações por parte da segurança pública. Entre os apontamentos, os dois criticaram a falta de ações para controlar a situação e afirmaram ser de longos anos a briga entre facções.>
Juliet contou ainda que as mães temem enviar os filhos às escolas, pois os tiroteios acontecem até as 7h da manhã. Emocionado, José afirmou que toda a população da região vive refém.>
"Eu quero fazer um apelo pela vida da minha filha e da minha neta às autoridades, chefes de Estado responsáveis, governadores: olhem por a gente, olhem para o povo. Nós somos reféns dessa guerra de tráfico. A gente merece ser tratado com respeito e segurança. Só vemos a polícia depois que o tiroteio passa, aí vem um monte de viatura”, reclamou. >
Entre os momentos de desabafo, a tia da menina ainda frisou que a guerra só mata inocente e crê que a partir da morte de Sophia a situação possa mudar. >
“Uma guerra que só mata inocente, que ontem tirou duas vidas inocentes e baleou duas crianças, até quando? Essa é a pergunta que eu quero deixar, mais Sophiass e Andrezzas vão ter que morrer para que autoridades olhem com olhar verdadeiro paro nosso bairro? Eu não sei o propósito de Deus sobre isso e todas essas coisas, mas eu sei que a guerra precisa parar e sei que através da vida da Sophia o bairro vai ter atenção maior das autoridades", disse Juliet.>
Juliet Vial
Tia de SophiaUm ataque a tiros matou uma mulher, de 31 anos, e uma adolescente, de 15, e deixou ao menos duas crianças feridas na tarde deste sábado (9) nos bairros Santa Rita, em Vila Velha. Segundo apuração do repórter Cristian Miranda, da TV Gazeta, os disparos foram feitos por homens que passaram atirando de moto. >
Enquanto a polícia atendia a ocorrência, em uma outra rua do bairro um suspeito de moto atirou em um homem que estava em um bar. Mesmo ferido, ele conseguiu correr e fugir. O homem foi socorrido por pessoas na rua e levado ao Hospital Evangélico, no município.>
Uma das vítimas foi identificada como a manicure Andrezza Conceição, de 31 anos. Em uma rede social, ela se apresentava como mãe de "príncipe e princesa". A reportagem apurou que a vítima deixa quatro filhos. Uma menina de 6 anos também foi atingida na perna e levada ao Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba).>
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