Publicado em 27 de agosto de 2020 às 18:14
A menina Esther Castro de Jesus, de apenas 4 anos, está internada na UTI pediátrica do Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória, em Vitória, desde a última quinta-feira (20). Ela foi picada por um escorpião em Linhares, no Norte do Espírito Santo. O caso da criança chama atenção para as ocorrências envolvendo esse tipo de animal. A reportagem de A Gazeta obteve dados com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) que mostram que, no primeiro semestre deste ano, 1.760 casos de picadas pelo aracnídeo foram registrados em todo ES. Uma média de um ataque a cada 2,4 horas.>
Os dados estatísticos apontam para uma ligeira redução no número de ataques em relação ao mesmo período de 2019. No primeiro semestre do ano anterior, foram 1.785 casos registrados. Em todo o ano de 2019, a Sesa contabilizou 3.785 registros em todo o Espírito Santo. Uma média de um ataque a cada 2,3 horas no Estado no ano passado. >
FORAM REGISTRADOS NO PRIMEIRO SEMESTRE DE 2020 NO ESPÍRITO SANTO
A situação preocupa e pode ser agravada. Neste período do ano, em que as temperaturas tendem a voltar a subir, estes aracnídeos podem ser mais facilmente encontrados, de acordo com o biólogo Marco Bravo, professor e mestre em Gestão Ambiental.>
Em entrevista à âncora Fernanda Queiroz, para o quadro "CBN Meio Ambiente e Sustentabilidade", Bravo afirmou que alguns cuidados devem ser tomados, em especial entre os meses de agosto e setembro, para prevenir o contato com escorpiões. >
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"Deve-se ter muito cuidado agora com tênis, que fica do lado de fora de casa, já que ninguém está entrando com sapato por causa do coronavírus. É bom de manhã, se for sair, dar uma batidinha no tênis, dar uma olhada. Eles gostam de ficar em lugar escuro, já que têm hábitos noturnos, com fobia à luz, e à noite é mais fácil para eles conseguirem alimento", afirmou.>
De acordo com informações da Sesa, os casos de ataques por escorpião concentram-se mais nas regiões Norte e Noroeste do Espírito Santo (tratadas pela Sesa como regionais norte e central de saúde). A entidade explica que isso pode ser explicado pelas condições climáticas nas regiões, principalmente as temperaturas mais elevadas.>
Somadas, as duas regiões são responsáveis pelo registro de 1.538 casos no primeiro semestre de 2020. O que corresponde a 87,38% das ocorrências com escorpiões em todo Espírito Santo. >
Cidade da menina Esther, Linhares já registrou 50 ataques de escorpião em 2020. Os dados são da Vigilância Ambiental da cidade. São pessoas que foram picadas pelo animal e que procuraram atendimento médico. >
Os números da Sesa trazem ainda que, no primeiro semestre de 2020, as crianças, entre 0 e 9 anos, sofreram 103 ataques de escorpião no Estado. Um dos ataques foi em um bebê com menos de um ano. Entre os 10 e 14 anos foram 82 ocorrências do tipo. >
De todos esses casos, entre 0 e 14 anos, 6 pacientes ficaram em estado grave. Segundo a Sesa, não houve registro de óbitos por picada de escorpião nos anos de 2019 e 2020 em todo Espírito Santo. >
O biólogo Marco Bravo também recomenda que caso seja encontrado um escorpião e não existam outras alternativas, a pessoa deve fazer o isolamento da cauda do animal, já que esse é o local onde fica armazenado o veneno. >
"Se estiver com uma pinça, por exemplo, deve buscar isolar a cauda, segurar por ali, já que o animal vai tentar lançar a cauda na pele, introduzindo o ferrão com as duas glândulas de veneno. A gente não sabe qual será a reação em cada pessoa, cada organismo pode reagir diferente, principalmente as crianças podem sofrer por causa do veneno", explicou.>
Para evitar o pior, Marco Bravo sugere a prevenção. "Temos que prevenir para não sermos surpreendidos. Minhas sugestões são colocar água sanitária nos ralos, já que tem ação corrosiva; verificar buracos e entradas na ventilação; eles podem também entrar pela tubulação. Colocar telas nas janelas; bloquear frestas das portas, com aquele rodinho que passa por baixo, por exemplo. Verificar torneiras com vazamento, já que gostam desses espaços. O escorpião se adaptou bem ao meio urbano, pela falta de predador, a não ser o gambá, hoje encontrado em todo lugar. Não adianta inseticida, porque não é um inseto, mas a dedetização das casas funciona também. Eles gostam de amontoados de telhas, lixo, etc. No ralo do banheiro, você pode sair do banho e ele picar você. É preciso cuidado, principalmente à noite", frisou.>
De acordo com a Sesa, o Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATOX) funciona todos os dias, inclusive nos finais de semana e feriados, 24 horas por dia, e o contato para a população e profissionais de saúde para esclarecer dúvidas ou solicitar orientações em caso de acidentes com escorpiões e outros animais peçonhentos pode ser feito pelo telefone 0800 283 9904.>
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