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“É muito ruim para o Estado”, diz Casagrande sobre desistência da Eco101

“É muito ruim para o Estado”, diz Casagrande sobre desistência da Eco101

O governador ressaltou que o Espírito Santo depende de investimentos em rodovias, ferrovias e portos para ter competitividade nacional e demonstrou preocupação com o atraso das obras de duplicação da BR 101

Publicado em 16 de julho de 2022 às 15:22

Ícone - Tempo de Leitura 5min de leitura
O governador Renato Casagrande durante lançamento da pré-candidatura à reeleição
Renato Casagrande lamentou a devolução da concessão da BR 101 e os possíveis atrasos na obra de duplicação. (Vitor Jubini)

O governador Renato Casagrande classificou como muito ruim para o Espírito Santo a devolução da concessão da BR 101 no Estado por parte da Eco101. Em vídeo divulgado neste sábado (16), Casagrande reforçou a dependência de investimentos em rodovias, ferrovias e portos por parte do Estado e demonstrou preocupação com o atraso das obras de duplicação da rodovia, que, como disse o governador, podem atrasar também a chegada de investimentos em território capixaba.

No vídeo, Casagrande fala que foi informado na sexta-feira (15) pelo diretor da Eco Rodovias a respeito de dificuldades com o contrato e da confirmação da devolução da concessão.

"Recebemos com tristeza a notícia da Eco101 com relação à entrega da concessão, com relação às obras de duplicação da BR 101. Me ligou na sexta feira o presidente nacional da Eco Rodovias me falando isso, me falando de dificuldades com o contrato", comentou.

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É muito ruim para o nosso Estado a gente verificar que pode atrasar ainda mais a duplicação dessa via

Renato Casagrande
Governador do Estado
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Casagrande também ressaltou que o Espírito Santo possui grande potencial logístico e depende de investimentos em infraestrutura para ter competitividade no cenário nacional e internacional. Ele salientou a importância de achar uma solução para que a duplicação da BR 101 de fato aconteça.

"O Espírito Santo é um estado com potencial logístico, nós dependemos da infraestrutura logística, seja a duplicação das nossas rodovias, ampliação das ferrovias, investimento em portos. Estamos animados com os investimentos. Ficamos tristes porque nós dependemos do investimento em infraestrutura para que o Estado tenha competitividade e possa interagir cada vez mais com outros estados e possa interagir com outros países. Então, para nós, achar um caminho para que a gente não atrase mas ainda esses investimentos é necessário", disse o governador.

BR 101 na Serra deve ser municipalizada após inauguração do contorno do Mestre Álvaro
Concessão da BR 101 no Estado foi devolvida pela Eco101. (Edson Reis/Prefeitura da Serra)

Para tentar buscar uma solução o mais rápido possível, Casagrande afirmou que já está em contato com o governo Federal, buscando uma solução ágil para a concessão. O governador reforçou a necessidade de concluir a obra de duplicação para possibilitar novos investimentos no Espírito Santo.

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Provoca uma grande preocupação de a gente ter ainda mais atraso com relação a obra da duplicação da BR 101 e atrasar investimentos importantes para nós aqui do Espírito Santo

Renato Casagrande
Governador do Estado
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"Por isso que nós vamos ao governo Federal, que é detentor dessa concessão. Estamos pedindo audiência junto à bancada federal, estamos pedindo audiência com o ministro da Infraestrutura, com a Agência Nacional de Transportes Terrestres, para a gente poder debater esse tema e ver que caminhos nós temos", finalizou o governador.

OS MOTIVOS PARA A DEVOLUÇÃO

O pedido de devolução amigável já foi protocolado junto à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). O fato acontece pouco mais de um mês após a visita do ministro da Infraestrutura, Marcelo Sampaio, ao Estado, quando ele anunciou que aceitaria que o contrato fosse devolvido.

O Grupo EcoRodovias, controlador da Eco101, também informou a seus acionistas e ao mercado, por intermédio de um Fato Relevante, que pediu a extinção do contrato e ainda a celebração de um termo aditivo com novas condições contratuais até que seja feita uma nova licitação.

Em nota, a Eco101 informou os motivos que levaram a desistência da concessão. "A complexidade do contrato, marcado por fatores como dificuldades para obtenção do licenciamento ambiental e financiamentos; demora nos processos de desapropriações e desocupações; decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) de alterar o contrato de concessão; não pedagiamento da BR-116; não conclusão do Contorno do Mestre Álvaro e o agravamento do cenário econômico, tornaram a continuidade do contrato inviável", disse.

Diz ainda que “todos os serviços continuarão a ser prestados normalmente, de forma a preservar o interesse e a segurança dos usuários da rodovia”.

MINISTRO DISSE QUE ACEITARIA DEVOLUÇÃO

No mês passado, em visita ao Estado, o ministro da Infraestrutura, Marcelo Sampaio, disse que poderia aceitar uma “devolução amigável” da concessão da BR 101 no Espírito Santo, caso não conseguisse chegar a um entendimento com o Tribunal de Contas da União (TCU).

A Corte de Contas determinou que sejam realizadas mudanças na forma de cálculo do pedágio, que resultariam em redução das tarifas, o que impacta no contrato com a Eco101.

“Temos um desafio com o TCU, que está fazendo uma interpretação em relação às tarifas, o que coloca a viabilidade do projeto de concessão em xeque”, explicou Sampaio.

O prazo estabelecido pelo TCU para fazer as mudanças se encerra na metade do segundo semestre, e a ANTT ainda não havia chegado a um acordo com a Corte de Contas.

DUPLICAÇÃO MARCADA POR POLÊMICAS

A duplicação dos 457 quilômetros da BR 101 no Espírito Santo foi marcada por várias polêmicas desde que o contrato foi assinado, em 2013. O pedágio começou a ser cobrado em 2014, mas as obras de duplicação demoraram a ser iniciadas. Houve atraso na liberação do licenciamento ambiental.

A mais recente polêmica envolve o Trecho Norte da rodovia, cujas licenciamento ambiental enfrenta dificuldades em decorrência da Reserva Biológica de Sooretama. O Ibama chegou a liberar a licença para para os primeiros 40 quilômetros do trecho, mas está sendo aguardada a liberação do início das obras.

O QUE DIZ A ECO101

Por nota, a empresa informou que assegura a continuidade dos serviços até que uma nova concessionária assuma a gestão da rodovia.

“Neste período, a Eco101 continuará operando a rodovia e prestando todos os serviços de atendimento aos usuários, incluindo socorro médico e mecânico, veículos de inspeção de tráfego, caminhões para captura de animais e caminhões-pipa para combate a incêndios, além do monitoramento por câmeras para garantir o fluxo do tráfego e celeridade aos atendimentos em ocorrências na via”.

Informa também que serão mantidas as obras em andamento e os investimentos necessários para a manutenção da via. Confira a íntegra da nota no documento abaixo:

Componente de Arquivos & Anexos Arquivos & Anexos

Nota da Eco 101

Veja as informações da empresa sobre a desistência do contrato de concessão

Tamanho de arquivo: 116kb

A Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) se posicionou sobre a desistência da concessão. Em nota, a presidente da entidade, Cris Samorini, destaca que entrou em contato com o governador e se colocou à disposição para, com ele, dialogar e propor alternativas junto à ANTT de forma que a decisão da Eco101 não afete ainda mais a economia do Estado. Confira a íntegra do texto:

“Desde o início da concessão da BR 101, a Findes, por meio do Conselho Temático de Infraestrutura e Energia (Coinfra) e do Conselho Temático de Desenvolvimento Regional (Conder), vem acompanhando os gargalos das obras de duplicação e cobrando soluções para acelerar a melhoria logística do Espírito Santo. Conversei há pouco com o governador Renato Casagrande e me coloquei à disposição para irmos à ANTT, dialogar e propor alternativas. Quanto antes iniciarmos esse debate, mais rápido encontraremos um caminho que garanta que a decisão da Eco 101 não afete ainda mais a economia capixaba. Vale destacar que independentemente da solução que for apresentada ou modelo a ser implantado daqui por diante, a Findes defende que ele contemple investimentos para que esse gargalo histórico seja superado e reduza os impactos que hoje têm sobre o setor produtivo”.

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