Repórter / [email protected]
Publicado em 5 de agosto de 2023 às 08:51
Você já se distraiu durante uma aula? Já perdeu ou esqueceu coisas por aí? Já sentiu seu coração palpitar por causa de algo que estava acontecendo ou prestes a acontecer? Em tempos de TikTok, esbarrar com conteúdos em que alguém relata sinais como esses e conta que foi diagnosticado com algum tipo de distúrbio ou doença é comum. >
Alguns criadores de conteúdo — pacientes, não os especialistas — chegam até mesmo a sugerir que, se a pessoa do outro lado da tela se identificou com algum tópico, pode ter o problema também. Com isso, têm aumentado os casos de autodiagnóstico. Especialistas alertam, porém, que a prática é perigosa.>
Professora Luizane Guedes Mateus
Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes)Ela pontua ainda que há o risco de as pessoas impactadas pelo conteúdo acabarem tomando esses diagnósticos como verdades absolutas, inclusive, adotando rótulos para si que, muitas vezes, nem mesmo estão corretos.>
“Outro risco importante é que a pessoa acaba não buscando de fato tratamento para aquilo que a incomoda. O autodiagnóstico, por qualquer meio que seja, já é um problema. A pessoa deve buscar ajuda de um profissional.”>
>
O professor de Medicina da Universidade Vila Velha (UVV) e especialista em Imunologia e Pediatria, Fabrício Prado, observa que um diagnóstico precisa cumprir critérios que vão muito além de experiências cotidianas.>
É uma lógica semelhante ao que se percebe ao fazer uma busca por sintomas e possíveis doenças na internet. O especialista explica que as informações fornecidas, mesmo em sites e canais de profissionais da área, são feitas de forma geral, sem considerar as especificidades de cada caso, de modo que nem sempre atender a alguns critérios significa que se trata, de fato, de determinado problema.>
Fabrício Prado
Professor de Medicina da UVV e especialista em Imunologia e PediatriaEle pontua, por exemplo, que, ao fazer um autodiagnóstico, passível de erro, algumas pessoas chegam até mesmo a iniciar tratamentos dos quais não precisam. Em alguns casos, isso envolve a automedicação, que pode, inclusive, levar ao desenvolvimento de complicações.>
“Temos muito autodiagnóstico em relação ao peso, por exemplo. As pessoas acabam fazendo dietas erradas, que ocasionam problemas imunológicos. E, no Brasil, também há muito autodiagnóstico de dor, que leva à automedicação, sendo que temos remédios potentes liberados sem receita. E não são só problemas físicos. São comuns os casos de autodiagnóstico de ansiedade, depressão, doenças psicossociais.”>
Prado destaca ainda outro problema: mesmo em casos em que o diagnóstico é correto, sem ajuda especializada, a doença, síndrome ou distúrbio acaba não sendo tratada de maneira correta ou nem mesmo é tratada, o que agrava ainda mais a situação.>
>
Orientação é para que pacientes busquem ajuda especializada em casos de sintomas ou suspeitas.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta