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Publicado em 19 de maio de 2025 às 16:38
A reportagem de A Gazeta foi até a Rua Chapot Presvot, na Praia do Canto, em Vitória, para ouvir a opinião de moradores, comerciantes e frequentadores da região sobre a possibilidade de correção no nome da via, grafada de forma errada há quase 80 anos. Um projeto de lei foi protocolado na Câmara de Vereadores para alterar a forma como o sobrenome do cirurgião Eduardo Chapot-Prévost foi redigida por meio da lei 21, de 1948. A grafia foi feita diferente do original, sem hífen e com a letra “s” em outro lugar.>
O erro foi destacado por A Gazeta em reportagem publicada após a escolha do novo papa, Leão XIV, cujo nome e batismo é Robert Prevost, com sobrenome idêntico ao do cirurgião homenageado na rua da Praia do Canto.>
A maioria das pessoas ouvidas na Rua Chapot Presvot se mostrou favorável à mudança do nome, como forma de corrigir um erro histórico. Alguns disseram até conhecer a homenagem ao cirurgião, mas admitiram não saber que o sobrenome dele havia sido escrito de forma errada. Confira as opiniões:>
Gerente de uma loja na Chapot Presvot há mais de uma década, Joseli Rocha, de 60 anos, ficou surpresa com a informação sobre a grafia do nome da rua: “Não sabia que estava errado. Sabia que era uma homenagem a alguém, porque um tempo atrás fui pesquisar por curiosidade. Descobri que era de um médico, mas não me lembro os detalhes agora", declara.>
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"Acho que tem que corrigir, sim. Por coincidência, o nosso papa agora tem o mesmo sobrenome. Então, o nome da rua precisa ser corrigido”, afirma Joseli.>
A comerciante Simone Balarini, moradora da Praia do Canto há quase 30 anos e da rua há cerca de 10 anos, também é favorável à correção. “Eu sabia que era um médico, mas não lembrava direito a história. Quando me mudei, cheguei a ler a respeito. Se foi uma homenagem, não deveria conter erro. Havendo esse erro, precisa ser corrigido — mesmo quase 80 anos depois. É uma situação que, para mim, é clara.">
A aposentada Maria Célia Stancini, de 74 anos, também não conhecia o erro nem a história por trás da homenagem. Ao saber que o médico homenageado realizou uma cirurgia histórica de separação de gêmeas siamesas capixabas, ela defendeu a correção do nome: “O que está errado deve ser corrigido”, destaca.>
Já o motorista e microempresário José Eli Vieira da Silva, de 63 anos, posiciona-se contra a correção, preferindo que a rua continue com o nome atual. “Todo mundo já conhece a rua por esse nome. Depois de 80 anos, é melhor não alterar, deixa do jeito que está.”>
O médico Bruno, de 42 anos, também desconhecia a grafia incorreta e a história do homenageado, mas se mostra favorável à mudança. “Tem que homenagear com o nome certo, né? Mesmo depois desses anos. O pessoal já está acostumado, mas é melhor corrigir”, defende.>
Cirurgião homenageado na rua da Praia do Canto, Eduardo Chapot-Prévost ganhou notoriedade mundial ao realizar, pela primeira vez na história, em 1900, na Casa de Saúde São Sebastião do Rio de Janeiro, uma cirurgia para separação de duas meninas toracoxifópagas. >
“Maria e Rosalina eram capixabas, nascidas em Afonso Cláudio, e tinham 7 anos na época, ligadas pelo fígado. Foram levadas ao Rio de Janeiro porque eram parentes de um político importante da época, o deputado federal José Pinheiro Júnior”, contextualiza o historiador Fernando Achiamé.>
Segundo a Academia Nacional de Medicina, as irmãs ficaram em observação por um ano. Foram aplicados remédios em uma delas a fim de verificar se a outra sentia os efeitos. Foi dessa forma que Chapot-Prévost concluiu que o órgão que as ligava era o fígado. Como não havia radiografia naquela época, foram necessários vários meses para descobrir se elas possuíam um único fígado ou não.>
Chapot-Prévost esculpiu em gesso, no tamanho natural, o modelo das irmãs. Após realizar minuciosos estudos, esgotando os métodos de investigação e exame possíveis, o cirurgião criou processos para as várias fases da cirurgia, incluindo uma mesa cirúrgica desenhada por ele especialmente para essa operação.>
Fernando Achiamé afirma que, na cirurgia, Chapot-Prévost usou, pela primeira vez, a máscara, que hoje é de uso universal. Naquela época, os processos da assepsia eram limitados, mas o cirurgião foi rígido, exigindo preparo e cuidados de higiene, que incluíam desde a apurada imunização da sala até banhos de lisol do cirurgião e seus auxiliares.>
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