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Publicado em 23 de março de 2021 às 18:44
- Atualizado Data inválida
Considerado um dos epicentros da variante mais contagiosa e letal do coronavírus no Espírito Santo, o munícipio de Barra de São Francisco, no Noroeste capixaba, decretou um fechamento total das atividades, inclusive as permitidas na quarentena imposta pelo Estado, para conter o avanço da doença. A medida pode ser caracterizada como lockdown, ja que a prefeitura determinou toque de recolher nas ruas da cidade. >
O Decreto Nº 045-A/2021 declara “Situação de Calamidade e Emergência em Saúde Pública no Município de Barra de São Francisco, em razão da pandemia de Covid-19 e acrescenta medidas qualificadas extraordinárias para seu enfrentamento”. De acordo com o documento, farmácias e supermercados só podem funcionar em sistema de delivery e está proibida a circulação nas ruas entre 20h e 6h.>
A informação foi confirmada para a reportagem de A Gazeta pelo prefeito Enivaldo dos Anjos (PSD). O decreto foi assinado no final da tarde desta terça-feira (23) e já começa a valer na quarta-feira (24). >
A determinação estipula ainda que as farmácias e supermercados devem ser mantidos fechados para acesso do público ao seu interior, proibida a abertura parcial de portas, portões e afins, bem como o atendimento ao público externo no interior, com ou sem horário marcado, e na porta do estabelecimento. O funcionamento só é permitido por delivery.>
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Decreto Nº 045-A/2021 declara “Situação de Calamidade e Emergência em Saúde Pública no Município de Barra de São Francisco, em razão da pandemia de Covid-19 e acrescenta medidas qualificadas extraordinárias para seu enfrentamento
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A medida foi tomada já que o município registra um aumento no número de casos da doença e pressão nos leitos para o tratamento da doença. >
O vice-prefeito e secretário de saúde de Barra de São Francisco, Gustavo Viana Lacerda, afirmou que a decisão foi tomada após uma reunião do gabinete de crise formado no município para tratar dos assuntos relacionados ao coronavírus. >
Barra de São Francisco contabiliza 2.786 casos do coronavírus, desde o início da pandemia, sendo que 86 pacientes morreram em decorrência da doença, de acordo com o informado no Painel Covid-19. No município, a taxa de letalidade é de 3,1%, acima da média no Estado, que está em 1,9%. Foram 34 casos novos de Covid-19 nesta terça-feira (23). >
Ainda de acordo com dados do sistema, mesmo faltando oito dias para março de 2021 acabar, o número de casos do novo coronavírus no mês já é o maior desde o início da pandemia em Barra de São Francisco, com 444 registros. Em fevereiro, foram 275 pacientes confirmados com a doença no município. >
Junto com Piúma, no litoral sul do Estado, o município de Barra de São Francisco foi apontado como o com o maior número de casos de contaminados pela variante inglesa do coronavírus. A situação foi revelada por um estudo do Laboratório Central do Espírito Santo (Lacen-ES), com base nas amostras de doentes da Covid-19, apresentado nesta segunda-feira (22) pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesa).>
Para explicar melhor a diferença entre lockdown e quarentena, a médica infectologista Rubia Miossi utiliza três conceitos que vêm sendo oficialmente adotados. Eles são, em ordem de menor para maior isolamento imposto: distanciamento social seletivo, distanciamento social ampliado (quarentena) e bloqueio total, ou lockdown em inglês. >
O secretário de saúde de Barra de São Francisco, Gustavo Viana Lacerda, afirmou que observa que pacientes do município estão apresentando quadros mais graves da Covid-19. >
“Nós temos observado, de fato, uma mudança no comportamento do paciente que chega ao nosso hospital estadual e também daqueles que são atendidos no Centro de Covid do município. São pacientes mais graves e com a carga viral maior. Eles evoluem para a intubação de forma mais rápida também, alguns já chegam para ser internados com comprometimento de 75 % do pulmão”, afirmou.>
O diretor do Lacen-ES, Rodrigo Rodrigues, explicou a situação da variante Barra de São Francisco. "Barra de São Francisco é uma cidade que faz divisa com Minas Gerais, que possui uma das rodovias de acesso entre os dois Estados e que no verão tende a ter um fluxo intenso de turistas mineiros em busca das praias capixabas. Essa malha viária pode ter colaborado para a disseminação dessa variante na cidade.", pontuou.>
Em entrevista para a TV Gazeta, a doutora em Epidemiologia, pesquisadora e enfermeira Ethel Maciel, explicou que a variante preocupa pelo alto índice de contaminação e gravidade da doença. >
“Essa variante do Reino Unido tem um componente de ser mais transmissível, então, ela transmite para mais pessoas. Além disso, estudos do Reino Unido já comprovam que ela provoca a doença mais grave”, disse. >
Ethel afirmou ainda que esta é a pior fase da pandemia e que a situação ainda pode piorar se não for diminuída a transmissão. "É o pior cenário e o problema é que pode piorar. Tudo que está acontecendo hoje é o resultado de duas e três semanas atrás e a gente já projeta uma piora pelo número de contaminados nesta semana", explicou. Os dados analisados pelo Laboratório Central do Espírito Santo (Lacen-ES) apontam o registro da variante B1.1.7 descoberta no Reino Unido, em setembro do ano passado. Ela já foi detectada em 33 países do mundo e o risco de levar o contaminado a óbito é 62% maior que o das demais variantes.>
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