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Autoridades, artistas e entidades lamentam a morte de Paulo Mendes da Rocha

Autoridades, artistas e entidades lamentam a morte de Paulo Mendes da Rocha

Considerado o "último gigante da arquitetura brasileira", o capixaba faleceu na madrugada deste domingo (23), vítima de um câncer no pulmão

Publicado em 23 de maio de 2021 às 19:41

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Data: 12/03/2020 - ES - Vitória - Paulo Mendes da rocha, arquitetoque fez o projeto Cais das Artes -  Editoria: Caderno 2 - Foto: Ricardo Medeiros - GZ
Paulo Mendes da Rocha, capixaba considerado o "último gigante da arquitetura brasileira" faleceu neste domingo (23). (Ricardo Medeiros)

A morte de Paulo Mendes da Rocha, capixaba considerado o "último gigante da arquitetura brasileira", teve grande repercussão entre entidades, autoridades e atores políticos. O arquiteto faleceu na madrugada desde domingo (23), aos 92 anos, em São Paulo, vítima de um câncer de pulmão. 

Rocha colecionou prêmios ao longo da vida, entre eles o o Pritzker, considerado o "Nobel" da arquitetura e o Leão de Ouro pelo conjunto da obra, na Bienal de Arquitetura de Veneza.

Entre suas obras, se destacam o Museu Brasileiro de Escultura e Ecologia, o MuBE, o Museu dos Coches, em Portugal; a Pinacoteca de São Paulo; o Museu da Língua Portuguesa, também na capital paulistana; o estádio do Serra Dourada, em Goiânia. No Espírito Santo, o capixaba assina o projeto do Cais das Artes, que ainda não foi concluído, em Vitória.

AUTORIDADES E POLÍTICOS REPERCUTIRAM A PERDA

O governador do Estado, Renato Casagrande (PSB), gravou um vídeo em que destaca o orgulho que o arquiteto deu ao Espírito Santo, ao levar o nome do Estado para todo país. "Paulo Mendes da Rocha nos orgulha muito como capixabas. Ele levou o nome do Espírito Santo para o Brasil todo, para outros países do mundo. Levou através dos seus projetos, sua obra se imortalizou", declarou o chefe do Executivo.

Paulo Hartung (sem partido), ex-governador do Estado, também se manifestou. O político ressaltou que Rocha deixou sua assinatura em obras "cruciais para a cultura".

"O mundo certamente terá menos beleza sem os traços marcantes do arquiteto e urbanista Paulo Mendes da Rocha, morto hoje. Capixaba, Paulo deixou sua assinatura em obras e projetos cruciais para a cultura, como a Pinacoteca e o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, o Museu Nacional dos Coches, em Lisboa, e o projeto do Cais das Artes, no Espírito Santo. Meus mais sinceros sentimentos à família e aos amigos", disse, em comunicado à imprensa.

Uma das idealizadoras do Cais das Artes, único projeto em solo capixaba assinado por Rocha, a ex-primeira-dama Cristina Gomes relatou em um texto como foi o processo de trabalho do "gigante da arquitetura" e descreveu o trabalho do arquiteto como "traço de audácia e arrojo". "Ele não queria fazer arquitetura para o presente, seu olhar era sempre o futuro, assim como de fato é a arte", salientou.

"É com tristeza que recebo a notícia da morte de Paulo Mandes da Rocha. Nascido em Vitória, o grande mestre da arquitetura mundial se debruçou em sua história vivida em nossa ilha para fundamentar os pilares do seu projeto na sua cidade de origem. A antiga relação com a cidade portuária, marcada em seu inconsciente, possibilitou um excepcional diálogo entre as referências de menino e os propósitos do arquiteto, depois, enfrentou o desafio de conjugar arte com a técnica. Ele fez da sensibilidade a matéria-prima para que os cálculos pudessem concretizar a beleza. Com sua arquitetura fez arte", escreveu.

"Quando pronto, o projeto, ele assim o nomeou: ‘Cais das Artes’. Pude testemunhar que o projeto nasceu de seus criativos rabiscos num guardanapo de papel. Tempos depois, com muita surpresa vi as garatujas profundamente modificadas e recobertas pela técnica no projeto elaborado, os seus primeiros rabiscos estavam lá, sustentando o incrível edifício", completou.

Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli lamentou a morte do arquiteto e relembrou quando o escritório do capixaba foi contratado para elaboração do projeto arquitetônico de expansão do Museu do STF, no edifício-sede da Corte, em 2019. "Infelizmente e com grande pesar, não teremos a presença física do arquiteto na inauguração de um dos seus últimos grandes projetos. Mas a memória de Paulo Mendes da Rocha e seus grandes feitos se tornarão eternos na história e na arquitetura do prédio símbolo do STF", escreveu.

Pelo twitter, o ex-presidente Lula (PT), se referiu ao capixaba como "um dos maiores arquitetos do país". "Nesses dias tristes, onde todos nós perdemos algum familiar ou amigo para a covid19, o Brasil perde também Paulo Mendes da Rocha, um dos maiores arquitetos do país. Ele deixou um legado humanista muito além das suas criações em cidades do Brasil e do mundo", escreveu.

ENTIDADES TAMBÉM LAMENTARAM

Assim como figuras públicas, o Instituto de Arquitetos do Brasil emitiu uma nota em que ressalta a atuação do capixaba para a "formação da cultura arquitetônica e urbanística brasileira e mundial". 

"Paulo Mendes contribuiu profundamente para a formação da cultura arquitetônica e urbanística brasileira e mundial. Foi presidente nas gestões de 1972-73 e 1986-87 do Departamento de São Paulo, de onde era sócio desde 1955. O arquiteto é autor de obras marcantes na paisagem e na cultura brasileira. O IAB se solidariza com familiares, amigos e colegas e agradece imensamente por toda sua história, contribuições e legado: obrigado, Paulo", diz a nota.

O Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil também se manifestou. Por nota, a presidente Nadia Somekh se referiu ao arquiteto como "um dos mais destacados e premiados nomes internacionais da profissão nas últimas décadas".

"O Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil manifesta imenso pesar pelo falecimento do arquiteto e urbanista Paulo Mendes da Rocha, um dos mais destacados e premiados nomes internacionais da profissão nas últimas décadas. Deixa um legado de obras-primas, resultado de uma prática profissional marcada pela ousadia e apuro tecnológico. Paulo Mendes da Rocha foi um educador generoso, não apenas como professor, mas também na convivência diária com os colegas com quem trabalhou em projetos e em obras", diz o texto.

Projetado por Paulo Mendes da Rocha, Museu Brasileiro de Escultura e Ecologia, o MuBE
Projetado por Paulo Mendes da Rocha, Museu Brasileiro de Escultura e Ecologia, o MuBE. (Facebook/MuBE)

"Hoje, somos só tristeza. Querido mestre, vamos sentir a sua falta", destacou, em nota, o Museu Brasileiro de Escultura e Ecologia, o MuBE.

Também obra das mãos de Paulo Mendes da Rocha, a Pinacoteca de São Paulo emitiu uma nota, ressaltando que a estrutura atual é fruto do trabalho do capixaba e sua equipe. "Fará falta para a cultura e para arte do Brasil", diz.

"Faleceu hoje Paulo Mendes da Rocha, 92, arquiteto premiado e responsável pela grande reforma e readequação do edifício da Pinacoteca de São Paulo. A Pina Luz, como a conhecemos hoje, é fruto do trabalho de Paulo e sua equipe, que nos anos 1990 reformou e atualizou as partes internas do edifício histórico de Ramos de Azevedo para receber com dignidade as obras da coleção, as exposições temporárias e claro, o público. Paulo Mendes da Rocha fará falta para a cultura e para arte do Brasil".

Com informações da Folhapress

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