> >
Alfredo Chaves está há quase seis anos sem registrar assassinato

Alfredo Chaves está há quase seis anos sem registrar assassinato

De acordo com a Polícia Civil, o último homicídio doloso ocorreu no dia 16 de outubro de 2014, quando um homem de 28 anos foi morto

Publicado em 6 de setembro de 2020 às 15:57

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Alfredo Chaves
A cidade conta com quase 15 mil habitantes. (Divulgação/PMAC)

Uma cidade com 14.636 habitantes, maioria da população residente na área rural, produtora de banana, café e leite, que abastece o Espírito Santo e outras regiões brasileiras. Localizada na Região Sul do Estado, Alfredo Chaves é o único município capixaba que não registra nenhum homicídio doloso há quase seis anos.

De acordo com a Polícia Civil, o último crime dessa natureza ocorreu no dia 16 de outubro de 2014, quando um homem de 28 anos foi morto. Para entender os motivos que podem ter contribuído para que a cidade alcançasse essa marca, a reportagem ouviu as polícias Civil e Militar, o Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), o Poder Executivo municipal e conversou com moradores.

Segundo publicado na coluna de Leonel Ximenes, em A Gazeta, nos primeiros oito meses de 2020, 17 municípios não registraram assassinatos no Espírito Santo: Água Doce do Norte, Alfredo Chaves, Governador Lindenberg, Ibitirama, Jerônimo Monteiro, João Neiva, Marilândia, Mucurici, Muqui, Ponto Belo, Presidente Kennedy, Rio Bananal, Santa Leopoldina, São Domingos do Norte, São José do Calçado, São Roque do Canaã e Venda Nova do Imigrante.

A professora Mônica Bissoli Benincá, de 34 anos, mora em Alfredo Chaves desde que nasceu. Segundo ela, quando alguém é assassinado na cidade, a população fica apreensiva. Feliz pelo intervalo de tempo sem registro de mortes violentas, a docente diz que o município oferece qualidade de vida.

Aspas de citação

Já faz tempo que não acontece um homicídio aqui. Por ser uma cidade com um número pequeno de habitantes, a maioria das pessoas se conhece e sabe da história de vida umas das outras. Me sinto segura. Essa deveria ser a realidade de todas as cidades

Mônica Bissoli Benincá
Moradora de Alfredo Chaves
Aspas de citação
Foto sobre assassinato em Alfredo Chaves
Mônica Benincá Bissoli mora em Alfredo Chaves há 34 anos. (Acervo pessoal)

ECONOMIA

Dados do IJSN informam que o Produto Interno Bruto (PIB) de Alfredo Chaves, em 2017, foi de R$ 338,84 milhões. Desse total, 32,5% corresponde a serviços, 22,3% está relacionado à agropecuária, 19,2% está associado à administração pública e a indústria representa 18,2%. Já os impostos resultam em 7,5% da fatia do PIB.

O diretor de Integração e Projetos Especiais do Instituto Jones dos Santos Neves e professor do Mestrado em Segurança Pública da UVV, Pablo Lira, pontuou que algumas características demográficas e socioeconômicas podem auxiliar no entendimento que leva a cidade a apresentar esse baixo índice de morte violenta.

“Uma das características é a população. O município tem menos de 15 mil habitantes. De acordo com os estudos na área de segurança pública, a violência está associada às características e aspectos urbanos. Alfredo Chaves tem aproximadamente 45% da sua população residente em áreas urbanas”, disse.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 65% da população de Alfredo Chaves reside em área rural. Lira explica que, no Espírito Santo e no Brasil, a taxa de urbanização é superior a 84%. Segundo ele, nos grandes centros, os assassinatos estão associados às desigualdades sociais e, principalmente, à dinâmica do tráfico de drogas.

Aspas de citação

Esse número de habitantes ajuda no fortalecimento da coesão social. A população se conhece, as famílias se conhecem. Quando você vê uma pessoa diferente, aquela pessoa passa a ser vigiada pela comunidade, que é o que a gente chama de vigilância natural, que acaba dissuadindo o cometimento de práticas criminosas

Pablo Lira
Diretor de Integração e Projetos Especiais do IJSN
Aspas de citação

PREFEITURA

Para o prefeito do município, Fernando Lafayette (PSB), o comportamento dos moradores, de forma geral, contribui para a sensação de tranquilidade vivida no município. Segundo o chefe do Executivo municipal, as polícias Civil e Militar exercem um papel muito ativo na cidade.

Aspas de citação

Nossa população é ordeira. Aqui é uma cidade pequena, todo mundo se conhece. A polícia está sempre presente e faz um bom trabalho de prevenção. Hoje nosso grande problema é a droga que chega no município, mas a polícia está em cima disso e tem feito prisões importantes

Fernando Lafayette (PSB)
Prefeito de Alfredo Chaves
Aspas de citação

INTEGRAÇÃO

Para a titular da Delegacia de Polícia de Alfredo Chaves, Rosane Cysneiros, o resultado alcançado no município está relacionado ao trabalho integrado entre a comunidade as polícias Civil e Militar, o Ministério Público e o Poder Judiciário.

“Compreendemos que (esse resultado) envolve questões sociais e culturais do município, onde uma parte considerável da população é de famílias locais, não é uma cidade de passagem necessária para outros municípios”, destacou.

O major Walter Araújo é o comandante da 10ª Companhia Independente, que compreende Alfredo Chaves, Anchieta e Piúma. Ele defende que a questão do controle criminal é uma condição multifatorial. Além disso, o oficial destaca a integração com a Polícia Militar, Ministério Público e Poder Judiciário.

“O responsável pelo pelotão de Alfredo Chaves, hoje, é um tenente que trabalha na cidade desde que era soldado. Ele conhece a comunidade inteira, conhece os problemas. Essa aproximação da polícia com a comunidade, entendendo detalhes específicos, nos ajuda muito a tomar as providências de impacto na redução e do controle do crime.”

Segundo o major, as ocorrências mais comuns de crimes contra o patrimônio - roubo e furto- estão relacionadas a furtos de equipamentos e até mesmo de gado nas propriedades rurais.

“Quando o indivíduo usa da violência extrema para tirar a vida de outra pessoa, tem algo muito errado com a sociedade. Alfredo Chaves mostra que é uma sociedade pacífica, ordeira e evoluída nesse sentido, onde os conflitos vão acontecer, as pessoas vão ter suas diferenças, mas não chegam ao extremo de tirar a vida de uma outra pessoa”, observou.

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais