Repórter do Divirta-se / lcheluje@redegazeta.com.br
Publicado em 29 de janeiro de 2021 às 08:25
- Atualizado há 5 anos
Não adianta nem tentar! É impossível classificar Daniel Furlan em uma "caixinha padrão". Humorista, cartunista, músico, ator, roteirista e webcelebridade (acho que ele não gosta muito dessa definição)...
Com tantos afazeres, multifacetado seria a melhor forma de definir esse artista capixaba de 40 anos, (velho) conhecido no Estado participar da criação da antenada revista "Quase", integrar a saudosa Banda Ócio - onde foi vocal e guitarrista -, e participar de um quadro de humor no "Em Movimento", da TV Gazeta.
Para alguém tão "fora da caixinha", o Espírito Santo ficou pequeno. Furlan ganhou fama em todo o país com o sucesso internacional da animação "Irmão do Jorel", tocado em parceria com Juliano Enrico, indicada ao Emmy Kids Internacional, em 2019; por roteirizar e participar do "Lady Night", apresentado por Tatá Werneck; e "estourar a boca do balão" com a TV Quase na internet, que conquistou inúmeros fãs com programas como "Décimo Andar" , "Falha de Cobertura" e o "Choque de Cultura".
Por falar no "Choque", uma bizarra (mas engraçadíssima) atração em que motoristas do "circuito de transporte alternativo", se assim podemos dizer, comentam sobre cinema e outras "paradas"' do cotidiano, entrou para a grade do Canal Brasil em dezembro.
Rogerinho do Ingá (Caito Mainier), Julinho da Van (Leandro Ramos), Maurílio dos Anjos (Raul Chequer) e Renan (Daniel Furlan) agora fazem críticas sobre o cinema nacional. O programa é exibido na telinha às sextas-feiras, às 21h45, sendo reprisado no canal do YouTube às quintas-feiras, a partir das 11h.
Daniel Furlan, o emblemático Renan da Towner Azul Bebê, o cara da língua presa, conversou com o "Divirta-se" para falar sobre a estreia da atração no Canal Brasil.
"O convite a princípio era para fazer um programa novo, mas, com a explosão da pandemia da Covid-19, acabamos optando por algo mais 'fácil', no sentido de que o 'Choque' já sabíamos como fazer e funcionaria com uma equipe reduzida", adiantou o capixaba.
Durante o bate-papo, Furlan tb falou sobre carreira, outros projetos - como o livro "Você Não Merece Ser Feliz - Como Conseguir Mesmo Assim", com frases de autoajuda "gestadas" por Craque Daniel (seu personagem na atração "Falha de Cobertura", também da TV Quase), e relembrou o tempo em que estudou Comunicação Social na Universidade Federal do Espírito Santo, na década de 2000. Vem com a gente!
O convite a princípio era para fazer um programa novo, mas, com a explosão da pandemia da Covid-19, acabamos optando por algo mais “fácil”, no sentido de que o "Choque" já sabíamos como fazer e funcionaria com uma equipe reduzida. Há uma certa ingenuidade disfarçada de malevolência em relação a como as pessoas acham que funciona um programa de humor dentro de uma TV, mas, no nosso caso, pelo menos, o "Choque de Cultura" não foi para a TV, foi a TV que foi até o "Choque de Cultura", justamente para a gente fazer o que fazíamos na internet, por isso topamos.
Uma pitada de mundo real, outra de loucura, tudo misturado nas reuniões de roteiro até você não saber mais a diferença entre uma coisa e outra.
Meu recado é de profundo pesar. Antes desse depoimento viralizar, já ouvia muito na rua esses relatos de pessoas que falam com a voz do Renan o tempo todo, inclusive em momentos íntimos, e isso é realmente um caminho sem volta que destrói relacionamentos. Quem sofre assédio são galãs. Eu, no máximo, tenho pessoas confusas e desorientadas como eu que me abordam às vezes. Outro dia recebi uma foto não solicitada de um pênis, foi bem desagradável. Meio dobrado, era bem feio. Fiquei triste por alguns minutos.
Por mais que seja um personagem completamente lunático, que diz absurdos que eu condeno, acho impossível encarnar uma pessoa com algum grau de credibilidade que não tenha algum extrato de você mesmo, ainda que distorcido, modificado, exagerado.
Eu e Pedro Leite escrevemos esse livro. Quem ler vai ver que não é de forma alguma autoajuda reversa, é autoajuda mesmo e ponto. Os argumentos podem ser absurdos, mas são coerentes com a busca imediata pela felicidade como único objetivo de vida. Todo tipo de ajuda que se apresenta como uma “solução imediata para todos os seus problemas” floresce no sofrimento, na dificuldade e na confusão mental. Se ir atrás de um coach foi a melhor ideia que você teve para ser feliz, é porque você está sem ideias. E é aí que o livro funciona.
Estamos na TV de forma consistente desde 2012. MTV, FX, Canal Brasil, Cartoon Network, Cultura, Globo… Se não há espaço na TV, então estamos enganando muitos diretores de programação. Ou sendo enganados, o que é mais provável.
Fiz algumas matérias no famoso estilo “repórter descontraído”. Uma sobre bocha, outra sobre roller derby e outra sobre carnaval fora de época, eu acho. Devem estar na internet ainda. Foi ótimo, foi logo antes de ir para a MTV em 2013, inclusive recebi o convite na ilha de edição da TV Gazeta montando uma dessas matérias, deixei o programa sem editar e fui para São Paulo. Meu chefe era o Federico Nicolai, ele foi bem compreensivo.
A minha infância foi normal. A gente ficava na rua, né? Sem fazer nada. Não sei se ainda tem isso. Às vezes fazendo desenhos pornográficos em banheiros públicos. Essas coisas de criança. Eu não gosto especificamente dessa parte da astrologia de trânsitos planetários, revolução solar, qualquer coisa relativa ao meu futuro. Não quero saber. Mas ela me fala depois: “eu sabia, eu tinha visto aqui.” E pior que tinha mesmo.
Daniel Furlan
Humorista capixabaA Quase começou na Ufes. Minha banda (Banda Ócio) começou a tocar lá. Era um ambiente muito propício para encontrar gente afim de fazer grandes coisas, mesmo que na maioria das vezes as grandes coisas não dessem em nada. Pena que eu era jovem. Se tivesse entrado na Ufes com 60 anos, seria muito mais proveitoso.
Primeiramente, pelo amor de Deus, tire DJ dessa lista! Experimentei numa festa só, sob a influência de pessoas que achava que eram meus amigos, mas nunca foi um hábito. Mas achar tempo é fácil, é só virar escravo das suas aspirações profissionais até perceber que a vida passou e você não percebeu. E ter um calendário organizador de tarefas. Segundo Renan, “o termo workaholic é para quem é bem-sucedido, senão é só um idiota que trabalha muito.” Acho que me enquadro no segundo caso.
Não sei se ser engraçado o tempo todo, mas ser o “comediante extrovertido alma da festa” é o mínimo que se espera. Eu percebo a decepção no olhar das pessoas assim que me conhecem e não veem isso acontecendo.
Por um lado, temos o ser humano mais estúpido que já ocupou um cargo público importante na história, o que para comédia é um prato cheio, mas, por outro lado, além de estúpido, é um crápula que está causando um retrocesso civilizatório que só gera tristeza, especialmente em como lida com a questão sanitária. Por outro lado, ainda (não sei se é permitido um terceiro lado de uma questão), essa revolta que ele proporciona muitas vezes pode ser um motor para trabalhar ridicularizando isso tudo, até porque ele já faz boa parte desse trabalho sozinho. Mas, acima de todo o ridículo e a revolta, a nota que fica é de tristeza. Até porque a gente lembra de pessoas próximas e queridas que votaram nesse verme e nem têm a desculpa da burrice. É muito desgosto. E parece que quanto mais ele demonstra sua anomalia moral, mais é aplaudido. É um culto, um hospício. É um horror.
Na pandemia, escrevi um disco, agora “só” tenho que dar um jeito de gravar, e uns projetos de série, que agora é “só” vender, ou seja, só falta a parte mais difícil, como sempre. Mas já estamos com o longa-metragem do "Falha de Cobertura" escrito e financiado, assim que o "apocalipse" der uma trégua, rodaremos. Chama “Projeto Passaporte para a Ucrânia” ou algo assim. Tem também um novo projeto de programa já em desenvolvimento, é segredo, mas sem saber você fez uma pergunta que tem muito a ver.
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