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Maria da Paz da vida real: quem é a capixaba que inspirou autor da Globo

Maria da Paz da vida real: quem é a capixaba que inspirou autor da Globo

Autor de "A Dona do Pedaço", Walcyr Carrasco se interessou pela história da empresária Maria Gorete Frontino, de Afonso Cláudio

Publicado em 11 de novembro de 2019 às 13:27

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A personagem Maria da Paz foi inspirada na capixaba Maria Gorete Frontino. (Arquivo Pessoal/ Maria Gorete Frontino)

Espírito Santo não serviu só como pano de fundo para a primeira fase de "A Dona do Pedaço", novela da Globo com altos índices de audiência. Walcyr Carrasco, autor da trama, também se inspirou em uma capixaba para construir a protagonista Maria da Paz: uma empresária de Afonso Cláudio, que moveu mundos e fundos para levar paz para duas famílias, inclusive a dela, que viviam em pé de guerra.

Assim como a personagem de Juliana Paes tentou fazer um pacto para acabar com as mortes entre os Ramirez e os Matheus, na vida real, a capixaba Maria Gorete Frontino foi a responsável por selar a paz entre a sua família e uma outra da região e por fim a uma briga de décadas que provocou mortes e sofrimento para os dois lados.

O autor da Globo conheceu a capixaba por meio de um amigo em comum. Em novembro de 2018, seis meses antes da estreia de "A Dona do Pedaço", Walcyr, Juliana Paes e a diretora Amora Mautner visitaram o Espírito Santo e passaram três dias com a empresária. Juntos, visitaram importantes pontos turísticos do Estado, como os Três Pontões e a Igreja São Sebastião, em Afonso Cláudio, e Pedra Azul, em Domingos Martins. Os três também jantaram na casa da capixaba, que atualmente reside na Praia da Costa, em Vila Velha. A atriz da Globo veio conhecer a capixaba, a história e o jeito dela de falar e se vestir. 

Maria Gorete hospedou Walcyr Carrasco e Juliana Paes no Espírito Santo. (Arquivo Pessoal/ Maria Gorete Frontino)

A história da primeira fase de "A Dona do Pedaço" foi inspirada na vida de Maria Gorete, que é muito apegada à fé. Cansada de ver as brigas entre as duas famílias de Afonso Cláudio, em um ato de coragem, a capixaba reuniu, no início dos anos 2000, pessoas dos dois lados e propôs que parassem com aquela guerra. "O que chamou a atenção do Walcyr é que, apesar de eu ter vivido tudo isso, tomei um outro rumo, um rumo de fé e de paz entre as famílias", comenta a empresária.

Mas, infelizmente, a rotina de guerra não parou ali, porque o pai da capixaba acabou rompendo esse pacto. As brigas voltaram e Maria Gorete chegou a ser ameaçada de morte porque acharam que ela estava por trás do rompimento. Mas a capixaba não desistiu: ela conseguiu novamente juntar membros das duas famílias na casa de amigo e selou um novo acordo. "Estávamos em quatro e do outro lado em quatro e propus o pacto que eu fiz, com o aval do meu primo e do meu tio. Propus que cada um pagasse pelos seus atos na Justiça e que não brigássemos mais, que cada um seguisse sua vida. Desde então, há 16 anos, a paz foi selada. Acredito que os dois lados ficaram em paz, porque viver em guerra não dá. Muitos me cumprimentam, me abraçam", conta.

Na segunda fase da novela, quando Maria da Paz foge para São Paulo, a personagem de Juliana Paes segue um caminho distinto da vida da capixaba. Embora ameaçada de morte, Maria Gorete permaneceu no Espírito Santo. A capixaba também não tem uma filha mal caráter, como a Josiane (Agatha Moreira). Pelo contrário, tem muito orgulho dos dois filhos: um advogado e uma jovem recém-formada em Medicina pela Universidade Federal do Espírito Santo. "Depois de tudo, eu só tenho que agradecer (Gorete pausa a entrevista e chora). Às vezes eu me pergunto como consegui chegar até aqui", se emociona a empresária, que atua no ramo da educação.

Mesmo assim, a protagonista de "A Dona do Pedaço" guarda algumas semelhanças com a capixaba nesta segunda etapa, como o estilo de roupas e acessórios e sua garra para enfrentar a vida. Assim como Maria da Paz enfrenta a prisão da filha Josiane na novela, Maria Gorete também viu o próprio pai e primos pagarem na Justiça e não esmoreceu.  Membros da outra família também tiveram que enfrentar  a Justiça. "Eu sofri muito, porque amava muito meu pai (que já faleceu), mas ele precisou pagar pelo que fez. Foi muito doído. É duro, dói, é uma dor que você carrega por mais que você tenha fé. É muito difícil você saber que ama seu pai, mas saber que ele errou e o pacto que ele quebrou trouxe sequelas e lágrimas. Mas eu não perdi minha fé, como a Maria da Paz também não perdeu", lembra Maria Gorete.

AUDIÊNCIA

O Espírito Santo "trouxe sorte" para a trama de Walcyr Carrasco, uma das mais bem-sucedidas em audiência desta última década. A novela registrou, em vários capítulos, mais de 40 pontos no Ibope. Quem sabe isso não motiva Walcyr e os demais autores da Globo a contarem outras histórias capixabas?

OUTRAS SEMELHANÇAS

  • 01

    APEGO À FÉ

    A personagem de Juliana Paes e a capixaba são muito apegadas à fé. Nos primeiros capítulos, quando Maria da Paz deixa a cidade fictícia de Rio Vermelho, ela reza o salmo 121, o mesmo que a capixaba se apegou nos momentos de conflitos.

  • 02

    PADRE AMIGO

    Assim como Maria da Paz contou com a ajuda de um padre, a capixaba também teve como conselheiro um sacerdote de Afonso Cláudio para acabar com os conflitos

  • 03

    SONHOS

    Em uma das primeiras cenas da novela, Maria da Paz (ainda criança) cola pétalas nas unhas, mostra para a avó, interpretada por Fernanda Montenegro, e diz: "um dia eu vou ser bonita igual as meninas da cidade". A capixaba se viu naquela cena: "Naquela noite, eu não dormi de tão emocionada que eu fiquei", recorda a empresária que também dizia essa frase.

  • 04

    LOCALIZAÇÃO

    Maria da Paz é da cidade fictícia de Rio Vermelho. Já a capixaba é de Rio da Cobra, comunidade de Afonso Cláudio.

Walcyr Carrasco ao lado da capixaba Maria Gorete Frontino, em Afonso Cláudio. (Arquivo Pessoal / Maria Gorete Frontino)

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Walcyr Carrasco e Juliana Paes visitaram Afonso Cláudio. (Arquivo Pessoal / Maria Gorete Frontino)

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