Publicado em 12 de fevereiro de 2020 às 17:08
Apesar de ter nascido na Ucrânia, poucas escritoras foram mais brasileiras que Clarice Lispector, que completaria 100 anos em dezembro. Não à toa, a escritora é sempre lembrada por fãs e têm sua força renovada constantemente, inclusive na internet mesmo que sofra com as falsas atribuições. Em Vila Velha, a autora será homenageada no sábado (15) com o evento "Tarde para Clarice", a partir das 15h. >
Introspectiva, Clarice sabia como ninguém usar a literatura para retratar a luta das mulheres em busca de aceitação em uma sociedade marcada pelo sexismo. Nas décadas de 1950 e 1960, época em que foi mais atuante, seu posicionamento político foi essencial para as conquistas sociais femininas.>
Sua obra é marcada por personagens reflexivos e que buscam um significado para a existência. Como esquecer a mulher que decide fazer uma faxina no quarto de serviço e acaba questionando a própria identidade, vista em "A Paixão Segundo G.H"? O livro, lançado em 1964, ganhará uma versão para o cinema em 2020, em filme protagonizado por Maria Fernanda Cândido. >
É o Sebo Ponto de Cultura que promove o "Tarde para Clarice". O encontro que celebra o centenário da escritora terá contações de histórias e um bate-papo sobre a vida e a obra da autora, em clima de café literário. "Vamos louvar a imagem de Clarice como uma mulher que movimentou o cenário cultural e literário das décadas 1940 a 1970. Será um encontro bem intimista", adianta Henrique Pariz, um dos organizadores do evento promovido pela Muqueca Editorial. >
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Fã da autora, Pariz destaca "A Hora da Estrela", lançado em 1977, como o seu livro de cabeceira. "Foi seu último trabalho e vejo como obra definitiva. Macabea, uma mulher nordestina que precisa mostrar seu valor no sul industrializado e opressor, é o retrato do feminismo sempre defendido por Clarisse", complementa. >
O outro evento para louvar a escritora (que se considerava tímida, mas tinha o hábito de participar de diferentes grupos literários e trocava cartas politizadas com João Cabral de Melo Neto e Rubem Braga) está marcado para o dia 8 de março, no Centro Cultural Eliziário Rangel, na Serra. O Clube Leia Mulheres promove "Contos - Clarice Lispector", que promete discutir algumas obras cruciais da autora. >
Além do longa-metragem "A Paixão Segundo G. H.", dirigido por Luiz Fernando Carvalho, o ano para celebrar Clarice contará com o relançamento de 18 de suas obras até dezembro. Os primeiros três volumes já estão nas livrarias: sua estreia, "Perto do Coração Selvagem" (1943), "O Lustre" (1946) e "A Cidade Sitiada" (1949). Os exemplares usam na capa ilustrações concebidas pela autora, que também dedicou boa parte da vida às artes plásticas. >
Nos palcos, "Perto do Coração Selvagem" ganhou uma montagem em Nova York no início de fevereiro, com o título de "Near to The Wild Heart". O projeto, em cartaz no circuito off-Broadway, é assinado pela dramaturga húngara Ildiko Nemeth, em peça da companhia The New Stage Theatre Company. Mesmo com pouco tempo de encenação, o espetáculo vem recebendo elogios da crítica americana por conta do tom introspectivo e feminista de Lispector, morta de câncer em 1977, aos 56 anos.>
Por sua vez, Eu Sou uma Pergunta, biografia da escritora lançada em 1999 por Teresa Montero, volta ao mercado com uma nova roupagem, recheada de materiais inéditos. >
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