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Temer diz que 'Democracia em Vertigem' é mais ficção que documentário

Temer diz que 'Democracia em Vertigem' é mais ficção que documentário

"As imagens são reais, [o documentário é] muito bem fotografado, muito bem produzido, entretanto, há uma postura político-partidária e pessoal que retira a credibilidade do filme", disse o líder do MDB em comunicado enviado pela assessoria

Publicado em 10 de fevereiro de 2020 às 20:28

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Michel Temer, ex-presidente da República. (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Michel Temer viu "Democracia em Vertigem" e não gostou. O ex-presidente da República afirmou à reportagem que o documentário brasileiro, que o pinta como vilão e foi derrotado neste domingo (9) na disputa pelo Oscar, está mais para ficção do que para realidade.

"As imagens são reais, [o documentário é] muito bem fotografado, muito bem produzido, entretanto, há uma postura político-partidária e pessoal que retira a credibilidade do filme", disse o líder do MDB em comunicado enviado pela assessoria.

Temer, que assumiu o Planalto após o impeachment de Dilma Rousseff (PT) - fato político central do documentário dirigido pela cineasta Petra Costa– preferiu não dar entrevista, mas se manifestou sobre a produção via nota.

Para o ex-presidente, que também é especialista em direito constitucional, "ela [Petra] trabalha com uma visão equivocada do Estado de Direito e não com uma visão jurídico-constitucional. Aproxima-se mais de ficção do que documentário".

O publicitário Elsinho Mouco, marqueteiro do emedebista, prepara um documentário sobre o impeachment para se contrapor à narrativa da produção brasileira, que perdeu a estatueta do Oscar para o favorito "Indústria Americana".

Segundo Mouco, Temer considera que "quem venceu na categoria documentário é um verdadeiro documentário".

O filme campeão mostra a chegada de uma fábrica chinesa aos Estados Unidos e os choques entre as culturas de trabalho dos dois países. Foi o primeiro lançamento da Higher Ground, produtora criada por Barack e Michelle Obama no ano passado.

A crítica de que impôs um olhar enviesado à trama do impeachment foi uma das principais que recaíram sobre Petra desde o lançamento de seu longa. A família da diretora tem um elo antigo com a do ex-presidente Lula (PT).

O argumento de que o filme se assemelha a uma ficção e se distancia do real já foi usado por outros detratores, como o ex-secretário nacional de Cultura Roberto Alvim, demitido após usar falas de Joseph Goebbles, ministro de Hitler, em pronunciamento oficial.

"Democracia em Vertigem" recapitula os conturbados últimos anos da política brasileira, da eleição de Lula à ascensão de Jair Bolsonaro, passando pelo impeachment de Dilma. Tudo isso a partir da perspectiva de Petra, cuja voz guia a narração em primeira pessoa.

O então vice-presidente é retratado como um dos artífices da derrubada da petista. Pela leitura da diretora, ele se aliou a líderes como o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (MDB), para dar um golpe em Dilma.

Procurado pela coluna Mônica Bergamo logo após o anúncio da indicação do filme brasileiro ao Oscar, em janeiro, Temer disse que ainda não tinha visto a obra, disponível na Netflix.

De acordo com Mouco, o ex-presidente assistiu à produção no penúltimo fim de semana, depois de voltar de uma viagem com a família.

O documentário que o publicitário prepara para rebater a narrativa de Petra sobre o impeachment se chamará "Trama contra a Democracia". O Painel informou que, segundo aliados do ex-presidente, a obra vai lembrar momentos em que o próprio PT contribuiu para a queda de Dilma.

Mouco diz que o novo filme ainda está em fase inicial e que detalhes de roteiro e produção serão definidos nas próximas semanas. A data de estreia não foi anunciada.

Temer foi preso pela Lava Jato em março do ano passado. Ele é réu em nove processos e nega todas as acusações. Em outubro, a Justiça absolveu o ex-presidente em ação na qual era acusado de tentar obstruir investigações do MPF (Ministério Público Federal).

A denúncia contra o emedebista se baseou numa gravação em que, supostamente, incitava o empresário Joesley Batista, da JBS, a manter pagamentos ao corretor Lúcio Bolonha Funaro e, com isso, evitar que ele fizesse um acordo de delação premiada.

Em entrevista à Folha de S.Paulo em abril, dias após deixar a prisão, Temer disse ser alvo de um núcleo punitivista do Ministério Público. "Não vejo prova concreta, não vejo nada, vejo ilações e mais ilações, suposições. Para fazer acusação, tem que ter prova, substância", afirmou na ocasião.

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