Publicado em 10 de março de 2020 às 17:20
O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, excluiu sete órgãos colegiados em portaria publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira (10). No texto, foram revogados ainda os atos de nomeação dos integrantes dos comitês e comissões. >
Foram extintos por Camargo o Comitê Gestor do Parque Memorial Quilombo dos Palmares; a Comissão Permanente de Tomada de Contas Especial; o Comitê de Governança; o Comitê de Dados Abertos; a Comissão Gestora do Plano de Gestão de Logística Sustentável; a Comissão Especial de Inventário e de Desfazimento de Bens e o Comitê de Segurança da Informação.>
Com a mudança, o presidente da Fundação passa a concentrar o poder de decisões que antes eram tomadas de forma conjunta. >
Desde que assumiu o governo, o presidente Jair Bolsonaro promoveu uma série de revogações de conselhos e órgãos colegiados criados em gestões anteriores, sobretudo em governos do PT.>
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Camargo é jornalista e foi escolhido por Bolsonaro para assumir a Fundação Palmares ainda na gestão de Roberto Alvim à frente da Secretaria da Cultura, demitido após imitar um ministro da Alemanha nazista, e teve sua nomeação inicialmente suspensa por decisão judicial.>
Entre os motivos para o impedimento estão declarações dadas por ele sobre escravidão e racismo no Brasil. >
Ele já afirmou nas redes sociais que o Brasil tem "racismo nutella" e que "o racismo real existe nos EUA". Ele também escreveu que a escravidão foi terrível "mas benéfica para os descendentes" e que "negros do Brasil vivem melhor que os negros da África". >
Em seu perfil no Twitter, Camargo se define como "negro de direita, antivitimista". Ele é filho de Oswaldo de Camargo, é especialista em literatura negra e militante do movimento.>
Criada em 1988, a Fundação Palmares tem como objetivo promover e preservar os valores culturais, históricos, sociais e econômicos da influência negra na formação da sociedade brasileira. O órgão é vinculado à Secretaria Especial da Cultura, comandada pela atriz Regina Duarte.>
Camargo vem ironizando declarações da secretária desde que ela afirmou, em entrevista ao Fantástico neste domingo (8), que há uma "facção" que quer ocupar o seu lugar.>
"Bom dia a todos, exceto a quem chama apoiadores de Bolsonaro de facção e o negro que não se submete aos seus amigos da esquerda de 'problema que vai resolver'", escreveu Camargo.>
A atriz enfrenta críticas da ala ideológica que apoia o governo Bolsonaro. >
Durante a mesma entrevista, Regina reconheceu divergências com o presidente da Fundação e disse que ele era "um ativista, mais do que gestor público".>
"Estou adiando esse problema porque essa é uma situação muito aquecida", disse Regina, sobre a posse de Camargo.>
Um dia antes de a secretária assumir, Camargo replicou uma mensagem de Bolsonaro no Twitter em que ele aparece ao lado do presidente. Na sequência, escreveu que estava garantido no posto.>
"Informo para que não restem dúvidas. Estou confirmadíssimo na presidência da Fundação Cultural Palmares, com respaldo do presidente Jair Bolsonaro e do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antonio. Obrigado pelo apoio. TMJ!", escreveu.>
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