Publicado em 29 de setembro de 2020 às 13:25
Apelidado pelos fãs de "poeta do samba", Jorge Aragão completou 70 anos em 2019. Antes da pandemia da Covid-19, o intérprete lançou-se em turnê para comemorar a data. O resultado pode ser conferido no projeto Jorge 70: Ao Vivo em São Paulo, uma série de EPs que traz Aragão soltando o gogó em um show gravado na capital paulista, em fevereiro daquele ano. A primeira parte do álbum já está disponível nas plataformas digitais. >
É um EP com quatro faixas, trazendo algumas das composições que se tornaram símbolo da carreira do artista: o mix "Papel de Pão/Loucuras de uma Paixão", "Eu e Você, Sempre", "Lucidez" e "Identidade", o destaque do álbum. Afinal, quem nunca se emocionou com o refrão "Quem cede a vez não quer vitória/ Somos herança da memória/ Temos a cor da noite/ Filhos de todo açoite/ Fato real de nossa história"? Pura poesia que reflete a discriminação ainda sofrida pelos afrodescendentes.>
"É um projeto muito pessoal, que ressalta o legado autoral que conquistei em quase 45 anos de carreira", respondeu um emocionado Jorge Aragão, em coletiva virtual, que contou com a participação do "Divirta-se", para o lançamento do projeto. >
"Escolher o repertório dos EPs foi um momento muito especial. São mais de 70 músicas gravadas, com vários convidados", explica, dizendo que a iniciativa foi se ajustando com o passar dos dias. >
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"Inicialmente, tinha a ideia de fazer uma releitura em estúdio. Porém, constatamos que nada substitui a força da voz gravada ao vivo. Nesse trabalho, temos 90% das músicas autorais. Esses dados deram um norte para o andamento do projeto.">
As datas com os próximos lançamentos de Jorge 70: Ao Vivo em São Paulo ainda não foram divulgadas, mas os seguidores de Aragão esperam "hinos" como Enredo do Meu Samba, Falsa Consideração, Coisa de Pele, Do Fundo do Nosso Quintal e Vou Festejar, esse, sucesso na voz da inesquecível Beth Carvalho.>
Com 20 álbuns lançados, Jorge Aragão começou na música em meados dos anos 1970, como integrante do grupo Fundo de Quintal um dos mais emblemáticos do mundo do samba. O artista também é um dos compositores preferidos de cantores como Elza Soares, Alcione, Leci Brandão e Ney Matogrosso. >
"Não posso negar que chegar aos 70 anos e ainda atuante no mercado fonográfico é emblemático. Sei do meu lugar no mundo da música e me sinto um artista 'consumível'. É isso que sempre me faz ter vontade de seguir", brinca, mantendo a reflexão sobre sua trajetória. >
"Como falei anteriormente, tenho o meu legado autoral, o que me deixa bem resguardado em relação ao futuro", completa, dizendo que não pensa em se aposentar tão cedo. >
"Ainda tenho que trabalhar para viver dignamente (risos). A vontade de escrever continua intacta. Às vezes, me vejo no início de carreira, tocando violão no bloco Cacique de Ramos (um dos mais tradicionais do carnaval carioca). Naquela época, expressávamos o nosso estado de espírito dessa forma. Me sinto essencialmente compositor, gosto de criar.">
Filosofias à parte, Jorge Aragão apoia a decisão das escolas de samba do Rio de Janeiro e de São Paulo de adiarem os desfiles de 2021. "Precisamos entender o que é a pandemia. É preciso pensar primeiro na saúde das pessoas. Prefiro esperar uma vacina e que as condições sanitárias melhorem", complementa. >
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