Publicado em 18 de outubro de 2019 às 08:01
"A Vida Invisível", longa escolhido pelo Brasil para tentar uma vaga no Oscar e exibido no Theatro Municipal nesta sexta (18), na Mostra de Cinema de São Paulo, repete um elemento central que havia em "Central do Brasil", de Walter Salles, o último título nacional a chegar no páreo final, em 1999: Fernanda Montenegro.>
Aos 90 anos recém-completados (ela fez aniversário no último dia 16), a atriz faz troça da idade. "Parece que em mais quatro ou cinco anos, faço cem", brinca.>
Continua, no entanto, na labuta, e depois de lançar uma autobiografia pela Companhia das Letras, ainda aparecerá em longas de Cláudio Assis e do genro, Andrucha Waddington. >
Não é só no campo das artes que Fernanda segue ativa. Há duas semanas, ela arrebatou o Theatro Municipal paulista num evento do Festival Mário de Andrade ao dizer que "sistema nenhum vai nos calar", em resposta a sucessivos episódios de censura recentes.>
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Prestes a celebrar 90 anos, Fernanda Montenegro comenta pela primeira vez seu livro de memórias 'Prólogo, Ato, Epílogo' (editora Companhia das Letras), em conversa com a jornalista Marta Góes, no Theatro Municipal Bruno Santos/Folhapress Prestes a celebrar 90 anos, Fernanda Montenegro comenta pela primeira vez seu livro de memórias 'Prólogo, Ato, Epílogo' (editora Companhia das Letras), em conversa com a jornalista Marta Góes, no Theatro Municipal A atriz diz que não é de hoje que a cultura se fortalece quando está "debaixo do pau". "Apesar do camburão, da cavalaria, do gás lacrimogêneo, veja o que nós conseguimos", diz.>
Mas vê um componente diferente na censura praticada hoje em comparação com aquela que viveu na ditadura.>
"Na época dos militares, tínhamos a ideologia, a política. Agora, ainda temos a moral, vista por um lado esquemático, fechado, medieval. E aí acho que é grave. Se não lutarmos, acabaremos nas fogueiras da Inquisição Espanhola.">
No Municipal, Fernanda passou ao largo da comoção que havia protagonizado dias antes, quando fora atacada nas redes sociais pelo diretor teatral da Funarte, Roberto Alvim.>
Bolsonarista, ele tinha criticado um ensaio da revista Quatro Cinco Um em que a atriz posava de bruxa diante de uma fogueira de livros, chamando-a de "sórdida" e "mentirosa".>
Fernanda justifica que, se não respondeu as ofensas, foi porque não é o mesmo tipo de pessoa que Alvim, "um ser humano que agride".>
Um pouco mais velha que a personagem que interpreta em "A Vida Invisível", a atriz diz que, apesar de seus pais a princípio não aceitarem sua profissão, sua trajetória foi diferente da de Eurídice. Mas que o longa não deixa de ser "uma visão e uma denúncia de como já avançamos hoje". "Há uma outra luz em cima do ser mulher, esposa, mãe, filha.">
Dizendo-se grande admiradora do diretor Karim Aïnouz, conta que também adorou "Bacurau", rival na primeira etapa da indicação ao Oscar. "Graças a Deus produzimos essa multiplicidade. Tudo serve à sobrevivência de uma arte no Brasil sempre tão sofrida.">
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