Uma das atrações do 28º Encontro Nacional das Bandas de Congo - que serviu para celebrar a festa centenária de Caboclo Bernardo, em Regência, Linhares -, a Banda Casaca acusa a organização do evento de calote. De acordo com o empresário do grupo, Hudson Cribari Lyra, o Casaca não recebeu o cachê de R$ 16 mil prometido por sua apresentação no evento, em junho de 2019.
A solicitação do show foi feita pela Associação dos Moradores de Regência (Amor) por meio do seu então representante, Fábio Gama. De acordo com Fábio, os recursos para a festa seriam fornecidos pela Fundação Renova, informa o empresário. A Renova foi criada pela Samarco para desenvolver o turismo e a cultura das regiões afetadas pela tragédia da lama de Mariana (MG).
De acordo com Hudson, três reclamações foram protocoladas na auditoria da Renova, nos dias 20/09/2019, 25/09/2019 e 03/12/2019. Todas elas cobram o pagamento da dívida.
A organização da festa alega que ainda não foi feito o aporte financeiro. Em contrapartida, a Renova diz que já pagou uma parcela do patrocínio. Está um jogo de empurra que não chega a lugar nenhum. O Casaca é só um dos prejudicados com essa incerteza financeira, relata Lyra. O empresário também informa que foi dado à banda um prazo de 90 dias (desde a realização do show, em 2 de junho) para que a situação fosse regularizada e este tempo venceu no dia 2 de setembro.
Em nota, Renato Casanova, vocalista do Casaca, afirma que a situação é um desrespeito com os artistas, que saíram da Barra do Jucu, em Vila Velha, para prestar serviços em Regência.
Não temos nada com os problemas entre a Fundação Renova e a Associação de Moradores. Eles devem resolver isso sem envolver os artistas. A gente não recebeu o cachê e não deram qualquer previsão. É um calote mesmo.
Procurado pela reportagem e A GAZETA, a Renova respondeu em nota oficial que o pagamento seria feito em três parcelas. A primeira já teria sido paga e as outras duas estão em aprovação.
"A Renova realizou uma parceria com a Associação de Moradores de Regência (Amor) para a realização da Festa do Caboclo Bernardo. O termo estabeleceu que o aporte de recursos deverá ser realizado em três parcelas após a validação das prestações de contas entregues pela Associação de Moradores. Atualmente, a Fundação Renova analisa a documentação da primeira prestação de contas encaminhada e, tão logo seja aprovada, efetuará o segundo de três aportes financeiros à Amor, conforme cronograma definido", descreveu a empresa.
A Renova afirma que a seleção do serviço contratado não é de sua responsabilidade. "A Associação de Moradores organizou o evento e é a responsável pela seleção dos fornecedores que serão pagos com o recurso.
Procurado pela reportagem, Fábio Gama afirmou (pelo WhatsApp) que o responsável pela festa é o presidente da Associação de Moradores de Regência, Denir dos Santos. Fábio também adiantou que pretende processar a Banda Casaca por danos morais por ter seu nome envolvido no processo.
Hudson Lyra, por sua vez, alega que a contatação do grupo foi feita diretamente com Fábio, portanto, ele é o responsável pelo pagamento do cachê. O empresário completou dizendo que, caso não receba o pagamento (sem estipular data), pretende abrir uma ação no Ministério Público contra a Renova e a Amor.
Confusões à parte, o presidente da Amor, Denir dos Santos, confirma que o pagamento do show ainda não foi realizado. "As atrações culturais, e as bandas de congo do Estado e de Minas Gerais que participaram da festa, ainda não receberam os seus cachês. Na verdade, estamos com problemas nas prestações de conta junto à Renova. Fechamos um patrocínio de três parcelas de R$ 58.500,00. A questão é que 'apareceram' notas fiscais bem acima do gasto previsto e as contas não estão batendo. Uma assessoria terceirizada foi contratada sem o meu conhecimento e precisamos justificar isso para a empresa da Samarco", complementa.
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