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Publicado em 7 de abril de 2021 às 02:00
- Atualizado há 5 anos
Conhecido por sua inteligência, senso crítico e por seu amor às artes, especialmente a música e a literatura, Carlos Lindenberg Filho, o Cariê, sempre mostrou franqueza, humanidade e paixão em cada entrevista concedida, livro escrito ou crônica publicada. Atributos de quem, com a sabedoria do passar dos anos, descobriu que a simplicidade é a melhor forma de viver a vida. >
Morto nesta terça-feira (6), aos 85 anos, por conta de problemas relacionados a uma pneumonia, o presidente do Conselho de Administração da Rede Gazeta nos deixou algumas frases de impacto, sejam relacionados à política, à cultura ou mesmo ao jornalismo, sua grande paixão. >
Cariê Lindenberg
falando sobre o seu "caso de amor" com o jornalismo, em entrevista publicada por A Gazeta, em 06/09/2008Boêmio e apaixonado pela música, Cariê falou sobre o seu "caso de amor" com a Bossa Nova na crônica "Ou Para Desmistificar", publicada no livro "Vitória de Todos os Ritmos" (2000), que reúne textos de diversos artistas e pensadores sobre a música e a Capital capixaba.>
"Talvez o fato de ter participado ativamente como ouvinte assíduo e atento observador do movimento da Bossa Nova, e me tornado conhecido de seus papas e papisas, tenha também concorrido para essa história", ressaltou, com a intimidade que lhe era permitida.>
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No mesmo texto, o escritor, sempre usando de muita franqueza (uma de suas características mais marcantes), expressou uma polêmica opinião sobre "uns certos rapazes" de Liverpool.>
Cariê Lindenberg
falando sobre os Beatles no livro "Vitória de Todos os Ritmos", publicado em 2000Carlos Fernando Monteiro Lindenberg Filho era autor de obras que versavam sobre o cotidiano. Sua literatura expressava alguns sentimentos muito particulares. Demonstrou, por exemplo, todo o amor pelo Rio de Janeiro - onde tinha uma relação íntima com vários artistas -, em obras como "Memórias Cariocas ou Outras Memórias".>
O lado crítico, que revelava um arguto observador da sociedade (e da democracia) brasileira, também foi um dos traços marcantes de sua personalidade. Na crônica "Liberdade, Imprensa e Censura", publicada no livro "Eu e a Sorte" (2001), Cariê traçou um painel reflexivo sobre o "poder" do jornalismo como instrumento social. >
Cariê Lindenberg
na crônica "Liberdade, Imprensa e Censura", publicada no livro "Eu e a Sorte" (2001)
Na mesma obra, também expressou preocupação sobre a ética da profissão. >
Cariê Lindenberg
na crônica "Liberdade, Imprensa e Censura", publicada no livro "Eu e a Sorte" (2001)O presidente do Conselho de Administração da Rede Gazeta também ficou conhecido por textos analíticos - principalmente sobre as áreas de política e de economia - escritos para a coluna "Opinão", publicadas pelo jornal "A Gazeta". >
Cariê Lindenberg
sobre o legado do jornal A Gazeta, em entrevista publicada em 11/09/2018Na crônica "Não se pode Praticar o Mal, sem Fazer o Bem", publicada em 23 de outubro de 2015, época em que o Brasil se preparava para o processo de impeachment de Dilma Rousseff, Cariê expressava sua preocupação com a falta de novas lideranças políticas no país. >
"O Brasil ainda não conseguiu estimular e criar lideranças de peso, tipo candidatos a futuros estadistas parar enovar os raros existentes já com validade vencida." >
Sobre a (sempre) frágil democracia tupiniquim, o autor escreveu a crônica "Restabelecer Limites da Democracia Brasileira", publicada em A Gazeta, em 9 de junho de 2014. >
Cariê Lindenberg
na crônica "Restabelecer Limites da Democracia Brasileira", de 2014
Com "Quem nasceu primeiro?", crônica publicada em A Gazeta, em 19 de novembro de 2014, Carlos trazia um texto que evocava questões éticas e morais relacionadas à propina. Em foco, os escândalos da Petrobrás na década passada, fatos que levaram à construção da operação Laja Jato. >
"Tenho convicção de que não devo mais arriscar qualquer opinião que possa comprometer o meu passado. Contudo, estou certo de que posso reivindicar, plenamente, o consagrado direito de levantar a dúvida", dizia, ao questionar quem iniciou a prática corrente da propina: o corruptor ou o corrupto?>
Cariê também fez questão de escrever (várias vezes) sobre como a ditadura militar influenciou no processo de construção da notícia no país. "Tinha o quadro cheio das censuras que nos mandavam. Então, o pessoal ia lá olhar o que estava censurado. E assim ficou claro para todo mundo que nós estávamos sendo censurados. Até o dom Hélder Câmara entrou na parte dos censurados", confessou, em entrevista publicada para o jornal A Gazeta, em 01 de setembro de 2013. >
Cariê Lindenberg
sobre a ética e a independência política de A Gazeta, em entrevista publicada pelo periódico em 11/9/2018
Viciado (no bom sentido, é claro!) pela profissão de jornalista, Carlos sempre entendeu as mudanças necessárias no processo de transformação da notícia. Ao ser questionado sobre o poder da internet e das redes sociais disseminados na sociedade, em entrevista publicada em A Gazeta, em 9 de setembro de 2016, foi objetivo: "Contra a inteligência e contra a modernidade da ciência, é impossível você lutar", enfatizou. >
Sobre deixar um legado em relação à profissão de jornalista, em entrevista publicada em "A Gazeta", em 9 de setembro de 2016, Cariê, como sempre, foi discreto.>
Cariê Lindenberg
em entrevista ao jornal A Gazeta, em 2016Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
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