Publicado em 29 de julho de 2020 às 15:57
Luciano Pereyra tem 20 anos de seus 38 de idade dedicados à música. Pela primeira vez, durante a pandemia da Covid-19, se viu sozinho para gravar um clipe - e, ainda por cima, à distância. O pianista que o acompanhou em "Me Enamoré de Ti" foi ninguém menos que Lang Lang, que estava em Paris, na França, enquanto o cantor permanecia em casa, na Argentina. >
"Foi uma experiência diferente, porque durante todas as gravações da minha vida tinha uma equipe comigo. E, do nada, me vi sozinho, com um estúdio dentro da minha casa, e eu fazendo tudo. Mas foi ótimo, muito legal", diz, em entrevista ao Divirta-se. >
Durante o bate-papo - feito por videochamada com o repórter na Redação A Gazeta/CBN, no Espírito Santo, e o músico em Buenos Aires, capital argentina -, algo inédito na carreira de Luciano também aconteceu. O pet do cantor quis participar da conversa e acabou pedindo carinho ao tutor, mas nada que atrapalhasse o andar da carruagem. >
Enquanto se mantém isolado pelo surto do coronavírus no mundo, o músico confidencia que trabalha em um novo disco. "A tecnologia ajuda bastante no sentido de nos possibilitar fazer um material assim. Espero que não vire rotina, porque eu preciso viajar, se aprende muito viajando. Nunca dormi muitas noites seguidas em casa!", brinca. >
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Ele, que é conhecido por alguns ouvintes como "o Julio Iglesias da nova geração", não imaginava que 20 anos depois de dar o pontapé na profissão artística se projetaria com mais de 1,6 milhão de ouvintes mensais só no Spotify, por exemplo. Também não conseguiria pensar em ter 14 discos editados, tendo vendido mais de 1 milhão de cópias. "Acho que tudo foi construído de forma harmônica", justifica. >
Luciano Pereyra
Cantor
Por ter essa crença na paixão é que o artista acredita que a sociedade vai sair mais evoluída da experiência que a pandemia mundial do novo coronavírus trouxe. "Sou muito otimista e espero que sim. Espero que possamos sair melhores de tudo isso. Acho que precisávamos dessa pausa, desse silêncio. E acho que a música também constrói esse silêncio", afirma. >
Durante a entrevista, Luciano Pereyra também tratou de novos projetos, detalhou atividades que anda desenvolvendo durante a quarentena e adiantou o que os fãs podem esperar dos próximos meses. >
Conseguir gravar com o melhor pianista do mundo é insonhável. Ter essa oportunidade foi maravilhoso e, nesta época de pandemia, foi uma experiência diferente porque durante toda a vida, em 20 anos de carreira, sempre nos estúdios de gravação tinha um engenheiro de gravação. Do nada, estava com um estúdio dentro da minha casa e eu fazendo tudo. Muito louco, muito estranho (risos). Mas foi uma boa experiência. Gravamos o piano de Lang Lang (pianista que acompanhou a canção), ele me mandou o áudio, gravei a voz... Foi algo mais artesanal, mais caseiro. E o resultado saiu muito bom.
A princípio, não. No início, estava com os fones escutando o piano, mas não podia cantar ou fazer qualquer som. Só podia escutar e pensar como iria cantar. Até brincamos que seria a música só com Lang Lang ao piano (risos). Mas agradeci a Deus pela oportunidade. Depois de cinco anos que compus a música, consegui fazer minha própria versão dela e gravar com o Lang Lang.
Sim, acredito. As mudanças são parte da aprendizagem. Acho que temos que aprender a tomar toda experiência como aprendizado. Boas ou ruins. Mas seja qual for o resultado, sempre te ensinará algo. E me considero romântico, também. Gosto muito de poesia, de cantar o amor, a era do romantismo...
Que honra que me compare a ele! Um ícone da música romântica hispana, com quem também me criei ouvindo. Mas me considero parte de uma nova geração de artistas que acreditam no amor. Em parte, na poesia, em conquistar uma mulher dizendo coisas bonitas. Não sei se estaria antiquado, mas sigo crescendo nesse ponto de vista.
Sempre estou ouvindo gente antiga, gente atual. Na casa dos meus pais, a playlist de vinil do meu pai passava por Juan Gabriel, Julio Iglesias, Frank Sinatra, Beatles... Era bem variada, e gosto muito que seja assim até hoje, pois temos a possibilidade de escutar muita coisa. As plataformas digitais ajudaram muito nesse sentido.
Há 20 anos, eu tinha meu primeiro disco lançado. Então, o primeiro sonho foi cumprido. E perguntei: 'O que faço agora?'. Eu tinha diferentes sonhos e acho que Deus foi generoso comigo, porque vieram coisas que eu nunca imaginei. Andei por muitos países, conheci muitos povos, muitas culturas. Tive a possibilidade de cantar para um papa [já participou de evento e cantou durante o papado do Papa João Paulo II, no Vaticano, representando a América Latina em Jubileu da Juventude, em 2000]... Sonhava com shows e concertos. Hoje tenho a possibilidade disso tudo. Para mim, tudo é uma benção.
Só fui uma vez. Como convidado de um artista para participar do clipe de uma canção. Mas nunca voltei.
Sou muito otimista e espero que sim. Espero que possamos sair melhores de tudo isso. Acho que precisávamos dessa pausa, desse silêncio e acho que a música também constrói esse silêncio. Quem sabe a gente não se torne uma canção mais fraternal, de compromisso, depois que sairmos de tudo isso. De pensarmos mais no outro, de desfrutar da benção de ter a vida... Que a gente possa se abraçar como antes, o abraço é tão simples, mas é tão poderoso...
Trabalhando no novo disco. A tecnologia ajuda bastante no sentido de possibilitar que a gente faça um material à distância com as ferramentas que temos disponíveis. Espero que não vire rotina, porque preciso viajar. Se aprende muito viajando e eu nunca dormi tantas noites seguidas em casa (risos).
Estive participando de alguns festivais. Mas é estranho. Acabou o concerto, você apaga o notebook e pronto, está na sala de casa. Mas acho que é uma forma de estar perto de quem mais precisa, de estar perto do público, de completar o tempo ocioso. Mas quero que isso passe logo para que não vire rotina e a gente possa desfrutar da energia que podemos receber do público nas apresentações.
Acho que tudo foi construído de forma harmônica. Gosto muito de compartilhar o amor que eu sinto pela música. Tem uma frase que diz: 'Uma tristeza compartilhada é metade de uma tristeza. Uma alegria compartilhada é o dobro de alegria'. Não creio na sorte, creio no esforço, no sacrifício. E, para mim, é fundamental que isso aconteça para cumprirmos objetivos. Esses sonhos, no meu caso, se chamam canções, e eu gosto de compartilhá-las.
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